A comunidade tecnológica está assistir a um “boom” generalizado do Linux. Não significa isto que este será o ano do sistema do pinguim, o processo de ascensão tem sido gradual ao longo dos últimos anos. Um facto importante é o interesse cada vez mais generalizado de multinacionais de peso no ramo tecnológico na plataforma baseada em Unix.
É ainda mais interessante quando uma empresa como a Intel, tradicional aliada da Microsoft, se torna actualmente a segunda empresa que mais contribui no desenvolvimento e actualizações / correcções de bugs para o Kernel de Linux.
Esta mudança repentina é confirmada pela tabela de maiores contribuições com linhas de código de Linux lançada pelo site lwn.net e que apresentamos de seguida:
Como observamos, tirando o primeiro lugar que não é atribuído a ninguém, sinal de que serão contribuições de várias pessoas directamente ligadas ao kernel sem qualquer apoio de empresas, a Red Hat, mantém a sua posição dominante com 12,3% de contribuições para o kernel de Linux.
De seguida e excluindo contribuições anónimas, a Intel sobe no ranking com 6.9%, destronando a Novell e a IBM que como tradicionais aliados e grandes contribuidores, têm “disputado” ao longo dos últimos anos sucessivamente entre si o segundo lugar do ranking.
Contudo, a se manter o ritmo avassalador de crescimento relativamente à submissão de patches, prevê-se que a empresa norte americana de semi condutores, possa subir ao primeiro lugar no top de contribuições. Mas qual é a razão de tanto interesse por parte da Intel?
Segundo Dirk Hohndel, responsável da secção de Linux e especialista em Open Source da Intel, isto significa que o Linux começa a ganhar uma importância crítica para uma comunidade mais generalizada.
Contudo, a resposta segundo especialistas, pode estar na Intel começar a libertar-se da sua tradicional aliança com a Microsoft (que alguns designam por “duopólio” Wintel).
Esta estratégia pretende garantir que os seus processadores continuem a ter a vantagem no mercado de servidores (que muitas receitas lhe tem dado), bem como apostar em novos mercados como o Desktop, telefones móveis e outras plataformas que possam correr Linux.
Há quem refira ainda que a clássica parceria Microsoft / Intel, tem sido mais benéfica para a empresa de Redmond. Isto porque a Intel está dispostas a ter mais lucros no hardware e não o irá conseguir enquanto tiver que partilhar uma boa fatia dos mesmos em soluções de software como o Windows.
Resumindo a estratégia para o Linux na Intel passa pelo pormenor do sistema do Pinguim não ser pago e a Intel obter maior lucro por parte dos vários OEM. Esse lucro segundo Dirk Riehle da SAP, poderá ser usado pela Intel para que possa investir no processo de investigação e desenvolvimento dos seus processadores.
De qualquer forma é um aliado de peso que o sistema do Pinguim precisava para se tornar ainda mais uma alternativa como sistema operativo. Isto traz benefícios claros mesmo aos utilizadores finais que terão a garantia de que com Linux poderão tirar partido de todo o poder de processamento da sua máquina.
Aliás este investimento directo no kernel de Linux por parte da empresa de semi condutores, poderá levar até que os seus processadores tenham uma melhor performance em máquinas Linux, abrindo uma porta para novas aplicações de grande processamento.
Talvez neste campo um dia possamos assistir a aplicações no ramo de alto processamento que apenas até agora existem em Windows, que são os casos de por exemplo o AutoCAD ou Photoshop. Bem, só o tempo o dirá, até lá não custa nada sonhar. CNET – The Open Road