A descoberta foi surpreendente, já que os astrónomos costumam defender a teoria de que as galáxias se formam com a aproximação gradual de estrelas, com as grandes galáxias antecedidas por galáxias menores.
Mas as estrelas dessa “criança” cósmica — com menos de 1 bilhão de anos — possuem uma massa oito vezes maior que a da Via Láctea, que tem 13 biliões de anos e na qual se encontra a Terra.
A jovem galáxia foi encontrada por pesquisadores que usaram os telescópios espaciais Hubble e Spitzer, da Nasa (agência espacial norte-americana), para olhar no passado, num ponto situado a cerca de 800 milhões de anos depois do Big Bang, a grande explosão que, segundo muitos cientistas, teria dado origem ao universo.
A descoberta dessa enorme e bem desenvolvida galáxia nesse momento inicial da linha do tempo significa que os astrónomos terão de mudar as suas ideias a respeito da formação de galáxias e de outros objectos cósmicos, disse Massimo Stiavelli, do Instituto Científico do Telescópio Espacial, que analisa as imagens obtidas pelo Hubble.
“Isso significa que o processo de formação das galáxias começou realmente cedo”, afirmou Stiavelli. “Isso leva para o passado coisas como o surgimento da luz, algo de que estamos todos atrás”.
Antes do aparecimento da primeira fonte de luz, o universo seria trespassado por um brilho difuso, provocado pela radiação de microondas vinda do Big Bang.
A galáxia, conhecida como HUDF-JD2, estava escondida num pequeno pedaço do céu — com cerca de um décimo do tamanho da Lua — conhecido como Campo Hubble Ultra-Profundo, porque o telescópio fez um reconhecimento detalhado dessa área. O telescópio Sptizer, sensível à luz vinda de estrelas antigas, e portanto mais vermelhas, detectou um brilho infravermelho inesperadamente intenso vindo da galáxia bebé, sugerindo que se tratava de um objecto com uma massa grande. As descobertas devem ser relatadas em Novembro e Dezembro na revista Astrophysical Journal.