A fabricante informática Dell anunciou na semana passada que já tinha encaixado 2,15 milhões de euros com vendas feitas no Twitter. Através da conta @DellOutlet, a empresa vende computadores reformulados e tem mais de 600 mil seguidores. A estratégia está a ser um sucesso estrondoso, como há muito a Dell não conseguia. E qual foi a comissão dada aos donos do Twitter? Zero euros.
Tal como já aconteceu a outros sites que de repente se tornam moda, o Twitter parece ser o único que não está a lucrar com a sua própria popularidade. São às dezenas os serviços criados de propósito para esta rede de micro-blogging, onde cada texto tem um máximo de 140 caracteres. O mais recente é o Super Chirp, da empresa 83 Degrees, que permite cobrar pelos tweets. A quem interessa? Aos fãs da Britney Spears, por exemplo, que assim terão acesso exclusivo às confidências da cantora.
Mas a lista é interminável: StockTwits, TweetdDeck, Tweetizen, 140Labs, Twistori, Tweetscan, Twitterholic, Twitpic, Twitter-karma, Twittermail… Há mais de 100 serviços e empresas criados exclusivamente para servir os utilizadores do Twitter. A loucura atingiu proporções tão drásticas que já se fala numa revolução Twitter, com implicações políticas.
Mas como pode um site com 17 milhões de utilizadores ser gratuito eternamente, sem publicidade nem assinaturas, feito a partir de um apartamento na Califórnia? Não pode. Os seus criadores sabiam disso quando recusaram vender a empresa ao Google. E em Maio, o co-fundador que o i traz esta semana a Portugal, Biz Stone, admitiu finalmente ter contratado um especialista para “inventar” serviços premium.
A questão é esta: está disposto a pagar para usar o Twitter?
1. Exclusividade do nome: Experimente fazer uma busca por Madonna para ver se a rainha da pop também é adepta do Twitter. Muito bem, agora adivinhe qual das dezenas de resultados corresponde à verdadeira artista. Não consegue? Pois não. Enquanto não for possível pagar para garantir que um nome conhecido só é usado pelo verdadeiro dono, vão continuar a acontecer abusos potencialmente desastrosos no Twitter. Por exemplo, um clone de Lindsay Lohan a chamar nomes a Obama.
2. Caracteres extra: Este foi um dos serviços que um conhecido blogger enumerou numa partida monumental pregada à blogosfera em Março. Anunciou que haveria quatro contas pagas no Twitter, com os nomes de código Sparrow, Dove, Owl e Eagle. Todas dariam espaço extra para cada tweet, com preços e características diferentes. Muitos sites de notícias acreditaram e deram a novidade como verdadeira, embora fosse um embuste. No entanto, vários utilizadores do Twitter gostaram da ideia de ter mais caracteres, apesar de colidir com princípio que lhe deu origem – a capacidade de sintetizar.
3. Segmentar os tweets: A ideia do Twitter é ser uma mega sala de chat ou messenger mundial. Mas queremos mesmo que toda a gente leia os mesmos tweets? Há coisas que são para a família, outras para amigos e outras para colegas de trabalho. Não seria interessante poder criar tweets restritos? A divisão por grupos é uma possibilidade.
4. Qualidade de serviço: Assim como se paga mais por uma ligação à internet mais rápida, também poderia haver diferenciação nos níveis de serviço. É que desde que o Twitter se tornou uma loucura global, a sua capacidade tem vindo a diminuir. Falhas, lentidão, erros: é o preço a pagar pela fama.
5. Relações públicas: Esta é a parte institucional, que até agora está a passar ao lado do Twitter. Muitas empresas usam o site como forma de promoção gratuita. De certeza que um serviço dedicado a direccionar o esforço de marketing viral teria a atenção (e o pagamento) de muitas empresas. Afinal, não há almoços grátis. I