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Eram uma vez… Neandertais ruivos!

ADN pré-histórico recolhido das ossadas de dois Neandertais mostra que, pelo menos alguns deles, tinham cabelo ruivo e pele clara, reportaram cientistas, na revista Science. A equipa internacional diz que a pigmentação dos Neandertais pode mesmo ter sido tão variada como a dos humanos modernos, e que pelo menos 1% dos Neandertais se pareciam com ruivos.

Os cientistas – liderados por Holger Römpler da Universidade de Harvard e da Universidade de Leipzig, Carles Lalueza-Fox da Universidade de Barcelona, e Michael Hofreiter dos Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology in Leipzig — extraíram, amplificaram e sequenciaram um gene de pigmentação chamado MC1R dos ossos de um Neandertal de 43,000 anos de idade de El Sidrón, Spain, e um de 50,000 anos de idade de Monti Lessini, Italy.

“Juntamente com outros genes, este gene MC1R determina a cor do cabelo e pele dos humanos e outros mamíferos. Os dois Neandertais que estudámos mostraram um ponto de mutação nunca visto nos humanos modernos. Quando induzimos essa mutação em células humanas, descobrimos que prejudicou a actividade do MC1R, condição que dá origem aos humanos modernos de cabelo ruivo e pele clara.”

Para ter a certeza que o ponto de mutação do MC1R não era devido a uma contaminação dos humanos modernos, os cientistas verificaram cerca de 3,700 pessoas, incluindo os que tinham sido previamente sequenciados pelo gene assim como todos os envolvidos na escavação e análise genética dos dois Neandertais. Nenhum apresentou a mutação, mostrando que os Neandertais e os Homo Sapiens seguiram diferentes caminhos na evolução que levaram à mesma aparência ruiva.

Com as pistas fornecidas por estes ossos de Neandertais, os cientistas têm procurado incansavelmente descobrir a forma humana destas hominídeos encontrados pela Eurásia à cerca de 28,000 a 400,000 anos atrás. Enquanto antropologistas puseram a hipótese de terem existido Neandertais de pele clara e cabelo ruivo, o novo projecto de Römpler e os seus colegas oferece a primeira forte evidência para esta intuição.

Encontrado nas membranas das células, o MC1R é um receptor que actua como um “trinco” entra a produção de pigmentação feomelanina vermelha e amarela e a pigmentação eumelanina preta e castanha. Os humanos modernos com mutações que causaram a perda total ou parcial do gene MC1R tendem a ser mais claros e ruivos, embora muitos outros genes de pigmentação possam resultar neste fenótipo.

Em 2006, uma equipa liderada por Römpler encontrou uma mutação em mamutes-lanoso que podem ter originado mamutes loiros. Conjuntamente aos seus colegas, Hoekstra, o professor associado de L. Loeb de Ciências Naturais em Harvard e responsável pela área de mamalogia no Museum of Comparative Zoology de Harvard, mostrou que esta mesma mutação causa coloração clara em ratos. Römpler e Hoekstra estão agora a colaborar para identificar alterações genéticas responsáveis pela variação da pigmentação noutras espécies já extintas ou não extintas.

“Só foi possível decifrar recentemente os genomas das espécies que se extinguiram à milhares de anos atrás”, afirma Römpler. “Os métodos usados nestes estudos aos Neandertais e mamutes deram-nos pequenas pistas acerca da coloração de outros hominídeos, animais e plantas já extintos”.

Fonte: Harvard University Gazette Online

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