Foi no dia 23 de Novembro que decorreu o Encontro Tablets: uma nova Era de Comunicação, organizado pelo semanário Expresso no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.
Esta conferência teve como objectivo analisar a forma como o mercado emergente dos tablets constitui um factor de oportunidade e inovação na imprensa, face à cada vez maior mobilidade de conteúdos, seja através de portáteis, smartphones e agora recentemente, tablets.
Esta 2ª parte e última parte foca-se no segundo conjuntos de oradores nacionais e internacionais provenientes de empresas como o jornal espanhol El País, Vodafone Internet Services, BDDO Portugal e Grupo Leya. Veja aqui o relato da 1ª parte.
O novo modelo de negócio. Como gerar novas receitas. Melhores práticas.
11h30 – José Luís Peinó, Director de Negócio Digital do El País.com
José Luís Peinó veio falar-nos de que forma os modelos de negócio actuais se têm de adaptar à nova realidade dos tablets. Dando o El País como exemplo, contando com cerca de 2 milhões de leitores por dia e 5.409.000 utilizadores únicos no seu site, este é o líder dos jornais diários de Espanha.
Peinó fala assim de algumas “best practices” nesta área:
- Oferecer ao leitor conteúdo adaptado ao mesmo.
- Migrar modelos de negócio para os novos dispositivos: incluir os modelos free, free-mium e premium. Free-mium trata-se de conteúdo grátis mas com publicidade.
- Incorporar/reciclar profissionais para esta nova realidade.
- Oferecer novas possibilidades aos anunciantes, agências e leitores pagos.
- Este modelo de negócio inclui também novos dispositivos: Internet, Smartphones, Tablets e WebTV.
Aplicações e serviços na óptica do cliente
11h45 – Henrique Fonseca, Director de Negócio Digital da Vodafone Internet Services
Henrique Fonseca começa por referir as grandes vantagens dos tablets: a sua interface mais intuitiva, a possibilidade de colocar ícones de acesso rápido às aplicações em vez de abrir o browser, a sua interface gráfica é mais atraente, cativante, e uma segunda utilização muitas vezes provoca sentimento de dependência no utilizador.
O facto de possuir um ecrã tão grande, faz com que o tablet seja o meio de divulgação por excelência de de jornais, revistas, livros e filmes, ao contrário da música, pois os clientes continuam a preferir usar o smartphone ou leitor mp3.
Existe um “valor percebido” – o valor que os clientes consideram ser justo para um conteúdo. No caso das apps para tablets, estas são 20% mais caras que para os smartphones e isso não é por acaso: há uma tendência para a valorização dos conteúdos tablet.
Segundo Henrique Fonseca, os clientes actuais estão dispostos a pagar mais devido a várias razões:
- Alteração do conceito de mobilidade em períodos mais alargados.
- Formato adapta-se melhor – livros, jornais e revistas.
- Mais possibilidade de partilha com a amigos e família do que um computador.
- Enriquecimento com mais tecnologia.
- Agregação de vários conteúdos físicos.
- Vários cenários de pagamento: one-off, subscrição e freemium.
Verifica-se, segundo Henrique Fonseca, uma perda de vergonha em comprar conteúdos, e pelo contrário, nasce um sentimento de orgulho pela sua possessão.
A publicidade e as novas plataformas
12h00 – João Wengorovius, CEO da BBDO Portugal
João Wengorovius introduz um novo conceito para a plateia: o Padvertising.
Sem dúvida a apresentação menos formal da manhã, Wengorovius começa por contar a sua experiência com a revista Gourmet, uma revista de culinária fundada em 1941 e a qual Wengorovius subscrevia desde há muitos anos. Em 2009 a revista estava com graves problemas financeiros e anuncia o fim das suas publicações, para grande desespero de Wengorovius, amante da cozinha. “Orgulho-me de ter a última edição da revista aqui, já a posso vender no eBay!”, brinca.
Ora, em Junho de 2010 é anunciada a ressuscitação da revista sob a forma de uma aplicação para iPad, para grande alegria sua. Este formato permite reduzir custos, uma das suas grandes vantagens.
Wengorovius fala acerca da sua experiência de utilizador de iPad;
“Só experimentando é que se sabe! É como o sexo!”
E toda a plateia ri-se, como é óbvio, perante tal afirmação.
Afirma ainda que as marcas, comerciantes e anunciantes têm um grande oportunidade à sua frente. Hoje em dia temos ecrãs em todo o lado: TVs, PC, portáteis, painéis publicitários, tablets, leitores DVD portáteis, frigoríficos, microoondas, e muitos mais. Wengorovius conclui: “O ecrã é o futuro da publicidade!”.
É aqui que os tablets entram. Entre as diversas qualidades dos tablets, destaca:
- Capacidade sensorial.
- Processamento 3D.
- Noção de orientação.
- Zoom in/zoom out – tanto em termos de tamanho como de detalhe de informação.
- Localização.
- Social Media – fortemente presente nestas plataformas.´
- Áudio/vídeo.
- Interactividade.
Afirma ainda: “Já não há media de massas” dando exemplos como a telenovela de 1987, “Palavras Cruzadas“, que chegava a atingir 60% de audiência e, hoje em dia, a telenovela mais vista (horário nobre) é a “Meu Amor“, que não consegue mais de 17.9% de audiência. Claramente, devido a esta dispersão da audiência, a publicidade precisa também de seguir essa linha.
Wengorovius cita Marshall McLuhan: “The medium is the message”. Mas discorda, revertendo a frase para:
“A mensagem é o meio”, ou seja, não é o meio que influencia a percepção da mensagem, mas sim o contrário. Mais uma vez, a “bater na tecla” daquilo que foi proferido pelos oradores anteriores: é o conteúdo que deve influenciar, que se deve distinguir e não apenas a simples inovação do meio, do tablet.
“Isto aparentemente tem muito a ver com tecnologia, mas também não tem nada a ver com tecnologia!”, afirma, provocando mais um risinho na plateia.
De seguida mostra à plateia o site Google Trends com a pesquisa por “financial crisis” e comparou-a com “Cristiano Ronaldo”. Surpreendidos?
Agora “Cristiano Ronaldo” e “Oprah”:
Agora comparamos “iPad” com tudo o resto. E esta?
Wengorovius refere que o hype iPad esmaga completamente os media, é uma grande oportunidade para a publicidade. E assim se despede, mais uma vez com a sua frase mítica:
“Melhor que os tablets, só se for sexo!”
E retirou-se do palco, recebendo a ovação do público.
Que novas oportunidades para as editoras
12h15 – Pedro Sobral, Director de Marketing do Grupo Leya
Pedro Sobral começa por referir as boas perspectivas do mercado das editoras, apesar da crise financeira que assola o nosso país: 1 a 3% de crescimento.
Por dia são editados cerca de 44 novos livros em Portugal, sabia? Acontece que o mercado não consegue escoar tudo isto, imagine a capacidade necessária a cada armazém para alojar todas as cópias de 44 livros por dia.
É aqui que entram os tablets, pois assumem-se como uma alternativa muito viável e prática para distribuição de livros. O público em geral, segundo estatísticas divulgadas pela empresa, está disposto a comprar livros no formato e-book. Se tomarmos como medida o preço de um e-book para o Kindle, $9.99, Sobral acredita que os portugueses estão até dispostos a pagar mais, mas claro, é necessário incluir conteúdo rico nas obras: imagens, vídeos e som.
Nota: Todas as fotos são propriedade do site aeiou.expresso.pt.