Segundo um investigador em neurociência na Universidade de Toronto, em breve iremos ter uma aplicação que irá monitorizar a pressão arterial. Basta um smartphone, uma compilação de imagens do rosto e o software fará o resto. Imagine, com uma selfie saberá a sua tensão arterial.
A tecnologia, chamada de “imagem ótica transdérmica”, faz leituras rastreando padrões de fluxo sanguíneo no rosto.
Uma selfie pode dizer se tem a tensão alta, normal ou baixa
Seguramente que já ouviu alguém dizer que atualmente um smartphone sabe mais de nós que os nossos pais. Inegavelmente não estará de todo errada a afirmação, dado o nível de sensores, aplicações e serviços que compõe o computador que trazemos no bolso.
Kang Lee, professor e investigador em neurociência na Universidade de Toronto, está a desenvolver uma aplicação para smartphone. Segundo ele, este software poderá monitorizar a pressão arterial. Assim, com base na análise de um pequeno vídeo de selfie, os resultados vão surpreender-nos.
Imagem ótica transdérmica
Conforme podemos apreender do que foi explicado, a tecnologia em causa chamada de “imagem ótica transdérmica”. Esta inovação recorre a leituras feitas ao rosto. Depois são analisados os padrões do fluxo sanguíneo no rosto e o resultado será os valores da tensão arterial.
Tirando partido da tecnologia dos smartphones, o investigador refere que os sensores digitais do dispositivo pode detetar a luz vermelha que é refletida pela hemoglobina, uma proteína das células do sangue. Assim, é possível perceber, através das captações da câmara, mudanças minúsculas na circulação. Posteriormente, o software recorre à inteligência artificial para prever a pressão sanguínea.
Lee e os seus colegas da Universidade de Toronto uniram-se a investigadores da Universidade de Hangzhou e da Universidade de Zhejiang para estudar o software. As descobertas foram publicadas na passada terça-feira na revista Circulation: Cardiovascular Imaging, da American Heart Association.
Testes já feitos na população têm um sucesso incrível
Após terem desenvolvido tecnologia usável, a equipa de cientistas pediu a 1328 participantes no Canadá e na China que fizessem vídeos de dois minutos dos seus rostos num iPhone usando a aplicação. De seguida, estes resultados foram comparados com leituras num leitor de pressão arterial baseado no manguito tradicional.
Surpreendentemente, o estudo sugere que estas medidas de pressão sanguínea captadas por smartphones foram aproximadamente 95% precisas.
Quando chegará até nós essa aplicação?
Não será para já, mas há já tecnologia desenvolvida. Contudo, embora a prova de conceito pareça promissora, Lee observou que há algumas ressalvas importantes nos resultados.
Segundo os investigadores, ainda só foram recolhidos dados sobre adultos cuja pressão arterial estava dentro da faixa normal. Assim, serão ainda necessárias mais investigações para ver se a app funciona com pessoas onde o quadro médico é de hipertensão ou pressão alta.
Além disto, existe outra limitação a ser resolvida. No teste feito, mais de 90% dos participantes eram descendentes do leste asiático. Nesse sentido, Lee refere que o modelo de previsão do software poderá não refletir variações na atividade cardiovascular entre etnias. Haverá ainda lugar a testar este hipotético problema.
Assim, para derrubar as interrogações, Lee procura por todo o mundo candidatos a fazer parte do teste à escala global. Segundo o investigador “quanto mais cedo descobrirmos sobre a nossa pressão arterial, melhor”, para isso, a inovação de Lee gasta apenas 30 segundos.