A tecnologia ao serviço da saúde das pessoas contrasta com aquela tecnologia invasiva que muitos criticam como exploração gratuita da condição humana. Bem aplicadas, as descobertas tecnológicas trazem um mundo novo a áreas tão complexas como a recuperação de danos cerebrais.
Ao longo dos anos têm vindo a ser levantadas questões éticas sobre o facto da “máquina” poder substituir o homem, mas o foco é muito mais o trazer uma nova esperança a quem a natureza atraiçoou, por exemplo, como poderá a tecnologia ajudar todos os paraplégicos do mundo?
O cérebro e o algoritmo computacional
Investigadores da Universidade da Califórnia, desenvolveram uma tecnologia que liga o cérebro dos pacientes a um computador de modo a traduzir os seus pensamentos em movimentos dos seus membros inferiores, ou seja, poderem mexer as pernas.
A primeira experiência realizou-se esta quarta-feira com um paciente de 28 anos, paralisado da cintura para baixo devido a uma grave lesão na medula espinhal, tornando-o mesmo no primeiro paraplégico a andar sem o uso de componentes robóticos.
Para a experiência, estes investigadores utilizaram um sistema que permite ao cérebro ignorar a lesão na medula e enviar mensagens através de um algoritmo computacional para um conjunto de eléctrodos colocados em volta dos joelhos do paciente, permitindo-o accionar de movimentos musculares.
Para ajudar a suportar o seu peso, foi também utilizado um arnês de suspensão e um andarilho, pois o paciente, e segundo estes investigadores, não conseguia sentir nem as suas pernas nem os seus pés.
Antes da experiência ser realizada no terreno, o paciente praticou primeiro numa espécie de jogo de realidade virtual e passou por uma reabilitação física, de forma a fortalecer os seus músculos mas, a verdade é que tudo isto foi um sucesso, pois o paciente conseguiu andar cerca de 3,6 metros, o que faz desta experiência um tremendo passo e faz, sem dúvida, com que muitos paraplégicos comecem a ter uma grande esperança quanto ao futuro.
Ainda falando no futuro, os investigadores pretendem refinar esta tecnologia, de forma a tentar minimizar a componente EEG (sistema que permitiu ao cérebro enviar os dados) de modo a que o mesmo possa ser implantando no interior do crânio dos pacientes. Esta passa a ser uma esperança que os pacientes podem contar até, quem sabe, voltem a receber os impulsos naturais dos membros.