Ter uma conta a descoberto pode acontecer… principalmente em momentos de maior aperto financeiro. Mas é preciso ter consciência dos problemas que daí podem advir.
Uma conta a descoberto, também popularmente conhecida como saldo negativo, ocorre quando o banco permite que o titular da conta continue a realizar transações (como pagamentos, levantamentos ou transferências) mesmo quando não há fundos suficientes na conta para cobrir essas operações.
Em termos práticos, o banco concede um crédito ao titular da conta, permitindo que o saldo desça abaixo de zero.
Claro que nada disto é gratuito. O seu banco vai cobrar por esta “concessão” de crédito. São as comissões bancárias aplicáveis e das quais muito dificilmente se consegue fugir.
O que é uma conta a descoberto
Quando o saldo da sua conta bancária é inferior a zero diz-se que está a descoberto, ou seja, os fundos não são suficientes para as operações financeiras que deseja efetuar.
Existem dois tipos principais de descoberto:
- Descoberto autorizado: neste caso, o banco e o cliente acordaram previamente um limite de descoberto, ou seja, um valor máximo que o cliente pode “emprestar” do banco. Este limite é definido com base no perfil financeiro do cliente e na relação que mantém com o banco. Normalmente, o descoberto autorizado tem associada uma taxa de juro que o cliente terá de pagar pelo uso deste crédito.
- Descoberto não autorizado: ocorre quando o titular da conta excede o saldo disponível sem um acordo prévio com o banco ou ultrapassa o limite de descoberto autorizado. Esta situação é mais penalizadora, tanto em termos de juros, como de comissões, e pode afetar negativamente a relação do cliente com o banco.
Como se processa o descoberto?
Quando uma conta entra a descoberto, o banco cobre temporariamente as despesas, mas, como dissemos, essa assistência tem um custo. O titular da conta estará a gastar por conta o dinheiro do banco, e como qualquer empréstimo, haverá juros e, em alguns casos, comissões associadas.
Os juros cobrados sobre o saldo a descoberto são geralmente mais elevados do que os aplicados a outros tipos de crédito, como empréstimos pessoais. Além disso, se a conta permanecer a descoberto durante um período prolongado, os juros acumulados podem crescer rapidamente, agravando ainda mais a situação financeira do titular.
Além dos juros, muitos bancos cobram uma comissão de manutenção por cada dia em que a conta está a descoberto. Esta comissão pode variar de banco para banco, mas contribui para aumentar o custo total de estar com a conta a negativo.
Penalizações de ter a conta a descoberto
Estar com uma conta a descoberto pode levar a várias penalizações, dependendo da gravidade e da duração do saldo negativo, das políticas de cada banco e da relação comercial que o cliente e a instituição mantêm.
Mas, regra geral, as principais penalizações são as seguintes:
- Juros elevados: os juros sobre um saldo a descoberto são geralmente bastante altos, e quanto mais tempo a conta permanecer a negativo, maior será o montante a pagar. É importante ressaltar que os juros são cobrados sobre o saldo em dívida diariamente, o que significa que a dívida pode aumentar rapidamente se não for resolvida.
- Comissões de descoberto: além dos juros, os bancos frequentemente cobram uma comissão adicional por cada dia em que a conta permanece a descoberto. Esta comissão é uma espécie de “multa” pelo facto de o cliente ter excedido o saldo disponível na conta.
- Deterioração da relação com o banco: estar frequentemente com a conta a descoberto, especialmente de forma não autorizada, pode deteriorar a relação do cliente com o banco. O banco pode considerar o cliente um risco maior, o que pode afetar futuras negociações de crédito ou até levar a uma redução do limite de descoberto autorizado.
- Dificuldades em Obter Crédito Futuro: ter um histórico de contas a descoberto pode influenciar negativamente a avaliação de crédito do cliente. Se o banco reportar a situação a entidades de crédito, como o Banco de Portugal, isso pode dificultar a obtenção de crédito no futuro.
- Encerramento da Conta: em casos extremos, se a conta permanecer a descoberto por um longo período e o titular não regularizar a situação, o banco pode optar por encerrar a conta. Esta medida extrema pode também ter consequências negativas para o titular da conta, incluindo o risco de ser incluído na lista negra do Banco de Portugal.
Evite sempre o descoberto
Para evitar as penalizações associadas a uma conta a descoberto, é importante que os titulares de contas bancárias adotem algumas medidas preventivas:
- Monitorizar regularmente o saldo da conta: verificar frequentemente o saldo da conta ajuda a evitar surpresas desagradáveis e permite ao titular agir rapidamente se o saldo estiver a diminuir.
- Estabelecer alertas de saldo: muitos bancos oferecem a possibilidade de configurar alertas de saldo por SMS ou e-mail. Estes alertas notificam o titular quando o saldo da conta atinge um valor baixo, permitindo-lhe tomar medidas antes de entrar a descoberto.
- Negociar um limite de descoberto: se o titular da conta perceber a possibilidade de precisar de recorrer a um saldo negativo, é aconselhável negociar previamente com o banco um limite de descoberto autorizado, o que permite beneficiar de condições mais favoráveis em termos de juros e comissões.
- Evitar gastos desnecessários: manter um controlo rigoroso sobre os gastos e evitar despesas desnecessárias pode ajudar a garantir que o saldo da conta se mantém positivo.
Uma conta a descoberto pode parecer uma solução conveniente em momentos de necessidade financeira, mas traz consigo um conjunto de penalizações que podem agravar a situação do titular da conta. Não facilite.