CeBIT 2010 Global Conferences: Microsoft
Pela terceira vez desde o aparecimento da CeBIT, a maior e mais importante feira do mundo das TIC, as Global Conferences seguem este ano o tema “The challenges of a changing world – ICT for better lives and better business” – Os desafios de mudar o mundo – TIC para uma vida melhor e um negócio melhor.
A primeira keynote que tive oportunidade de presenciar foi feita por B. Kevin Turner, Chief Operating Officer da gigante Microsoft, com o título “Connecting the Digital Lifestyle & Digital Work style” – conectando o estilo de vida digital e o estilo de trabalho digital.
Estas conferências decorrem durante a CeBIT e são constituídas por uma série de keynotes, roundtables e talks com oradores de luxo, tais como inovadores das tecnologias de informação e comunicação (TIC), empreendedores, enfim, indivíduos que se propõem a partilhar as suas visões e os seus planos para o futuro dentro das suas empresas.
É já sabido que quando vou a este ou aquele evento, é natural para mim escrever o meu relato de uma forma que se aproxima bastante de um diário. E este não é excepção. O objectivo principal dos meus relatos é aproximar o vosso sentimento de participação, consciência e informação à realidade que tive a oportunidade de vivenciar.
No dia 4 de Março, a primeira conferência foi às 10h00 da manhã e por isso, era tempo de fazer a minha primeira entrada na CeBIT e receber o kit de informação das conferências, uma mala bastante colorida e bem pesada, com o que eu mais tarde descobri serem revistas de informática alemãs.
Mesmo em cima da hora, dirijo-me à Sala 2 do Centro de Conferências (CC), onde está nesse momento a dar-se início à primeira keynote do dia.
10h00 – 10h30
Connecting the Digital Lifestyle & Digital Work style
B. Kevin Turner, Chief Operating Officer Microsoft Corporation
Motivação: Na sociedade dos dias de hoje, os consumidores procuram cada vez mais fazer a ponte entre o seu trabalho e o seu lar, tanto em produtividade como em entretenimento. Para que se atinjam estas experiências usando as TIC, as organizações já se sentem pressionadas a fornecer tecnologias equivalentes aos seus empregados para que estes as possam usar em ambiente doméstico. Estas tendências estão a redefinir a forma como a sociedade vê a produtividade, principalmente neste ambiente economicamente incerto. O próximo objectivo será interligar o estilo de vida digital e de trabalho através de novos paradigmas de utilizador e do e do Cloud Computing (computação em nuvem).
E foi mesmo este o tema central da keynote: cloud computing. E porque é que a Microsoft vê nesta tecnologia uma excelente oportunidade de negócio? É simples. Com a quantidade cada vez maior de dispositivos com capacidade de se ligar à Internet, tais como os netbooks e os smartphones, existe uma forte necessidade de interligar todos estes dispositivos de alguma forma transparente para o utilizador.
A computação em nuvem traz inúmeras vantagens tais como a não necessidade de qualquer tipo de fonte de energia ou de data centers por parte do developer. Hoje em dia produz-se uma aplicação, envia-se para a cloud e já está.
“A Cloud”, como Kevin Turner se referia é constituída pela Internet em conjunto com a programação que assenta sobre ela. Este par permite que os clientes, distribuídos pelo PC, Mobile e TV/Home, possam interagir com ela de uma forma simples e transparente.
Na verdade, os serviços cloud surgiram há já mais de 10 anos atrás, não sendo nada de novo para um a empresa como a Microsoft. Serviços como o Hotmail, MSN ou o Windows Live ID são aplicações que sempre estiveram na cloud. Mais recentemente, a tentativa de criar uma plataforma social sobre a rede Windows Live ID é também um exemplo desta tecnologia.
Lembremo-nos do serviço X-Box Live, que conta já com mais de 20 milhões de utilizadores únicos espalhados por 80 países, ou mesmo do Bing ou até do Skydrive, um concorrente ao Dropbox. Segundo Kevin, o Skydrive tem obtido muito sucesso principalmente entre os estudantes, já que estes passam a não precisar de utilizar uma flash drive para transportar os seus trabalhos.
Anunciado em Barcelona, o Windows Phone 7 Series integrará uma série de serviços da cloud. Falo-vos de serviços como o Windows Live, Zune, Bing ou X-Box Live, em que é possível aceder a um portal de jogos, à semelhança de uma loja de aplicações.
Falou ainda do novo Office 2010, o primeiro Office a integrar serviços da cloud. O slogan é Productivity Anywhere, ou seja, produtividade em qualquer lado. É com essa premissa que a Microsoft lançará aplicações para clientes móveis tal como os smartphones. Para isso são investidos cerca de 9.5 milhões de dólares que, segundo Kevin, são justificados pela necessidade de investir num mercado com imenso potencial, mesmo considerando os tempos difíceis em que nos encontramos.
Outra novidade é o lançamento da nova app store da Microsoft ainda este ano. Estará à altura da App Store da Apple ou do Android?
Interrogado por um membro da audiência, perguntando “Será que a Microsoft já vem tarde com estes produtos, não terá já ficado para trás?”, Kevin afirma que o objectivo principal é mudar o jogo, fazer uma reviravolta ao mesmo. É apresentar soluções fortes e inovadoras, que tragam uma mais valia para os seus utilizadores, e portanto esse receio de se ficar para trás nem se coloca.
Outro membro da audiência perguntou ainda se a cloud iria desvalorizar o mercado dos PCs. Kevin desvalorizou esta preocupação afirmando que existe um vasto leque de oportunidades por exemplo nos tablet PCs e nos netbooks, e por isso não se trata de competição ou concorrência, mas sim de um complemento à produtividade e lazer do utilizador.
Por fim, a última pergunta feita pela audiência foi, na minha opinião, bastante interessante. Perguntou-se “Considerando a interface de utilizador do Windows Phone 7, será que estamos a vivenciar uma aproximação da interface do Windows a esta? Será que no futuro a interface do Windows seguirá esta linha?”. Kevin respondeu que são bastante diferentes, mas não deixa de haver sinergias, tal como os serviços da cloud que contribuem para que estas duas diferentes plataformas se aproximem cada vez mais.
E ficou assim concluída a primeira keynote do dia. Na próxima falaremos do Skype.