em relação à cibercensura chinesa. Em declarações ao “New York Times”, Bill Gates – que agora dedica a sua vida à filantropia mas que continua a ser o maior accionista da Microsoft – declarou ter ficado pouco impressionado e até um pouco perplexo com a recente ameaça da Google de sair da China, caso Pequim insista na cibercensura. Quase todos os países têm leis e políticas controversas, estimou Gates.
“Eles [a Google] não fizeram nada e estão a receber créditos”, disse Gates a propósito do anúncio da Google declarando a intenção de sair da China sob protesto contra a censura imposta pelas autoridades e após os ataques informáticos com o alegado objectivo de espiar contas de Gmail de activistas dos direitos humanos. “Qual é a intenção deles [da Google]?”, questionou-se Gates, recordando que todos os países têm algumas leis polémicas. “Se a Google alguma vez quiser sair dos Estados Unidos, então aí eu dou-lhes crédito”, declarou Gates.
Também ontem, numa entrevista ao programa “Good Morning America”, da ABC, Gates indicou: “É preciso decidir. Querem obedecer às leis dos países em que se encontram, ou não? Se não, então é provável que não cheguem a fazer negócios lá”, indicou Gates, sem mencionar a Google nessa ocasião.
Na entrevista à ABC, Gates disse ainda que os esforços chineses na manutenção da cibercensura têm sido muito limitados. “É muito fácil contorná-la, e é por isso que manter a Internet a prosperar por lá é muito importante”, disse.
Os EUA estão desde a semana passada a pedir explicações pelos ataques a e-mails de activistas de direitos humanos que levaram a Google a fazer a ameaça de abandonar o mercado chinês. A empresa de buscas online nunca relacionou directamente os ataques às autoridades de Pequim, mas anunciou que foram a gota de água que a levou a decidir que só continuaria a operar no país se a versão chinesa do motor de busca não fosse censurada, como agora acontece. A empresa – que fez questão de comunicar o caso à administração americana mesmo antes de o tornar público – ainda não tomou uma decisão final, apesar de a China já ter dito que não mudaria qualquer política de cibercensura.
Questionado ainda pelo “New York Times” acerca da posição da Google no mercado poder ser actualmente considerada monopolista, Gates respondeu que “não chamaria a ninguém monopolista”, um epíteto, aliás, que se “colou” à Microsoft. Gates aclarou, porém, que a Google se encontra actualmente num grupo restrito de empresas “hiper-bem-sucedidas” composto pela Microsoft, pela IBM e pela AT&T. Público
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