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Análise Sony Xperia S

Ano novo, vida nova – é a melhor expressão para descrever a diferença de um Android da Sony de 2011 com este Xperia S que saiu há um mês. É o primeiro dispositivo com a marca “Sony” em vez da habitual “Sony Ericcson” e também o primeiro Xperia a sair com um dual core e uma resolução HD de ecrã.

Conforme foi apresentado na preview a expectativa em torno deste aparelho era grande. Como será que se portou?

Este foi um dos dispositivos que esteve em mais destaque na última MWC 2012. Confesso que quando o vi pela primeira vez o que mais me chamou à atenção foi o seu visual completamente diferente do habitual e muito atrevido, algo que se confirmou durante o tempo que o tive para testes.

O aspecto físico do Xperia S é ao mesmo tempo um ponto a favor como um ponto negativo de todo o seu conjunto. É realmente uma peça com algum design com a traseira curva a fazer lembrar o Galaxy Nexus revestida com um material generoso ao toque por ser muito suave, e onde mais se destaca é na sua zona inferior pois parece que foi cortado com uma faca e que foi colado com uma tira de plastico transparente. A imagem abaixo é ilustrativa:

No entanto também tem alguns problemas a nível de ergonomia. É demasiado grande e demasiado grosso tendo em conta o tamanho do ecrã, que nem é muito grande tendo em contra o de outros telemóveis que mesmo assim conseguem ser mais finos. Eu tenho mãos grandes e mesmo assim tive alguma dificuldade em manusear o Xperia S. O material utilizado para a capa traseira é suave e agradável mas se tiverem maõs secas como as minhas vão deixa-lo cair com muita facilidade pois escorrega muito. Neste momento a TMN (que gentilmente nos forneceu este terminal para testes) deve estar a pensar quantas vezes é que o deixei cair, mas felizmente isso não aconteceu 🙂

Também tem outro problema que para mim é uma falha tremenda da Sony: o botão do power está terrivelmente mal colocado no topo superior esquerdo. Não consigo lá chegar com a mão que está a segurar o telemóvel, mesmo que estique os dedos. Só me resta usar a outra mão (no meu caso a esquerda) ou então conseguir deslocar o dispositivo para baixo na mão que o segura… Nem quero imaginar as dores de cabeça que isto pode provocar a quem tem umas mãos mais pequenas. Nota negativa para a Sony.

Ainda no campo da ergonomia a Sony decidiu colocar 3 botões capacitivos sensíveis ao toque por para servirem de “Home”, “Back” e “Settings”. Não sei se é erro de software ou de hardware mas muitas vezes tive de carregar mais que uma vez no botão para este receber o touch input. Algo inaceitável pois sem estes botões a interacção entre menus do Android torna-se impossível.

Mudando de categoria, uma das melhores características deste Xperia S é o ecrã. Quem conhece o Retina display do iPhone sabe que não se vê um único pixel…algo que também acontece neste dispositivo. Com uma generosa resolução de 720p juntamente com 4’3 polegadas a Sony conseguiu que densidade de pixéis fosse tão alta que a definição de tudo o que nos aparece no ecrã é perfeita. Mas nem tudo é um mar de rosas. Apesar da definição este ecrã tem alguns problemas de cor a fazer lembrar os AMOLEDs. Brancos demasiado amarelados e cores muito esbatidas tiram muita da graciosidade deste painel que infelizmente não consegue ser 100% perfeito. Não sei se será possível corrigir com actualização do Kernel ou se é mesmo um problema do painel, mas a Sony podia ter tido um controlo de qualidade um bocadinho melhor pois esta é uma situação um pouco desagradável. Apesar de tudo é de realçar a definição perfeita sem um único pixel visível.

Outra característica que impressionou tendo em conta que ainda não há nenhum Android com a mesma, é a camera com 12 mega pixéis. Todos nós sabemos que mais mega pixéis não significa melhor qualidade, mais importante é o sensor. Pois bem esta camera de 12mpx tira fotografias com óptima qualidade mas a Sony cometeu o erro de introduzir uma taxa de compressão do jpeg enorme que retira muita da qualidade real da fotografia daí parecerem esbatidas e pouco definidas tendo em conta o que se espera de 12mpx. Em termos de gravação de vídeo esta grava a Full HD sem quebras de fluídez e com uma qualidade bastante aceitável.

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Há dois pontos que estão inter ligados neste terminal: a performance e a versão do Android. Qual foi a ideia da Sony em lançar um telemóvel de topo com o Gingerbread quando o Ice Cream Sandwich está disponível desde Novembro? Um equipamento que vem equipado com um Snapdragon dual-core a 1,5ghz quem vem com o 2.3.7 é um crime e nota-se a falta de aproveitamento desde poderoso SoC. A custom interface da Sony também não ajuda e nota-se por vezes um lag ocasional ao trocar de menus. Isto seria facilmente atenuado com root e aumentando a frequência mínima do processador, mas não é solução. Devido a esse tal lag que por vezes ocorre tive mesmo que mudar de launcher para o LauncherPro pois o que vem com a Timescape UI torna tudo ainda mais lento.

Com isto não digo que o telemóvel seja lento por exemplo a jogar ou a navegar na internet, mas em uso normal entre menus do sistema podia ser muito melhor e era aqui que a versão 4.0 ia brilhar. Esperamos que a Sony trate da actualização o mais depressa possível.

O facto deste terminal vir com NFC é também uma mais valia. A embalagem vem com uma tag que pode ser programada e funciona muito bem. Esperemos que comecem a aparecer locais pelo país em que se possa utilizar NFC para fazer pagamentos com o Google Wallet

Bateria é sempre um assunto um bocado subjectivo e muda substancialmente conforme a utilização de cada um. De facto segundo os meus testes teve uma duração relativamente boa a durar me um dia inteiro sempre com o brightness no máximo. Com Wi-Fi ligado e sem ligar o ecrã, dos 100% aos 0% durou quase 5 dias. Claro que se o estivesse a usar provavelmente não me chegaria a 24 horas, mas é um bom indicador. Segundo a Sony está para sair uma actualização OTA (over the air) que corrige alguns bugs e melhora a duração da bateria. É bom sinal vermos a empresa empenhada em melhorar o seu flagship.

A qualidade de som é bastante aceitável e está ao nível de todos os outros Androids de topo,

Em termos de qualidade de chamada nota muito positiva para a Sony pois a qualidade de som quando se faz uma chamada é óptima tanto para nós como para a pessoa que ouve a nossa voz.

Conclusões

É sem dúvida o melhor Android da Sony. Ganha em todos os aspectos ao Arc S, que tem sido vendido muito bem. Infelizmente tem alguns problemas de fundo que lhe retiram algum mérito. Vem com o mesmo hardware que o HTC Rezound que saiu em Novembro de 2011, ou seja dá a ideia que este é um telemóvel que a Sony já devia ter lançado há 3 meses não agora. Muito pior se pensarmos que ainda vem com o Gingerbread que para além de ser velho não tira partido do hardware generoso deste aparelho.

Não é um mau telemóvel, mas também não é dos melhores e tendo em consideração o marketing e todo o investimento comercial feito pela Sony esperava-se um dispositivo de topo que viesse abanar o mercado. É “mais um”, mas neste caso é um “mais um” com um aspecto físico diferente, arrojado e interessante. Pode ser que chame à atenção dos consumidores pela estética pois é claramente uma forte componente neste terminal.

Fica um pouco aquém das minhas expectativas relatadas na Preview, mas também me surpreendeu em alguns pontos como a qualidade das chamadas, no suporte para NFC e uma bateria aceitável. Enquanto programador de kernels espero que a Sony tenha o cuidado de lançar as suas actualizações correctamente para não infringir a licença GPL e para a comunidade ter hipótese de melhorar onde a empresa falhou. Não espero menos da Sony especialmente tendo em conta o trabalho que têm vindo a ter com a CyanogenMod nos seus terminais de 2011.

Aspectos positivos:

Aspectos negativos:

Em nome da equipa do Pplware quero deixar um agradecimento à TMN por nos ter fornecido o terminal para testes

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