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2007 foi ano de redefinição para as TI

O ano de 2007 trouxe várias novidades ao universo das TI. Em mais um excelente artigo da Computerworld, um análise aos produtos que mudaram mercados, a concorrência pela liderança entre grandes companhias, aquisições milionárias e a consolidação das plataformas de redes sociais foram alguns dos temas mais relevantes deste ano.

Consolidação no software A globalização deu origem a fusões e aquisições no universo das TI durante vários anos; mas em 2007 a indústria de software reformulou-se a si mesma. Perante mercados saturados e concorrentes inovadores, a SAP, a IBM e a Oracle apostaram na expansão das listas de clientes e nas aquisições em áreas como a de Business Intelligence (BI) e no mercado da disponibilização de software como um serviço (SaaS). Alguns dos maiores negócios incluíram a aquisição da Business Objects pela Sap, por 47,2 mil milhões de euros, o negócio de 3,5 mil milhões de euros entre a IBM e a Cognos, e a compra da Hyperion pela Oracle por dois mil milhões de euros. A Oracle foi ainda protagonista de outra operação, entretanto frustrada, quando ofereceu 4,7 mil milhões de euros pela BEA. Iniciativas inovadoras têm continuado a trazer novas start-ups para o mercado, mas torna-se cada vez mais difícil para os fabricantes médios escaparem aos acordos com os grandes intervenientes do mercado.

Reinvenção da Dell Durante anos, a Dell foi o fabricante líder mundial no mercado de computadores, exercendo um controlo intocável sobre a logística e com um modelo de vendas directas eficaz. Mas em 2006, a HP destronou a Dell, e desde então, a multinacional tem vindo a perder quota de mercado à medida que os seus concorrentes adoptam melhores técnicas para a cadeia de distribuição. Em Janeiro, Michael Dell voltou ao lugar de CEO e, a partir daí, a empresa expandiu as suas ofertas, disponibilizou mais serviços para negócios de pequena e média dimensão, e afastou-se do seu tradicional modelo de negócio para começar a vender os seus produtos em lojas. Os primeiros resultados parecem promissores: a Dell conseguiu um recorde em crescimento de receitas no terceiro trimestre, e o preço das acções parece melhor do que nunca.

Apple redefine mercado novamente Enquanto algumas companhias se reinventam a si mesmas, a Apple muda mercados. Após redefinir as TI nos anos 70 com o Apple II e impulsionar a computação pessoal com o Mac nos anos 80, a Apple abrandou quando o seu modelo de negócio ficou reduzido a uma pequena base de utilizadores, ainda que leal. A empresa de Steve Jobs descolou novamente em 2001 com o iPod, e em 2006 injectou vitalidade ao Mac adoptando chips de arquitectura Intel. Antes de Junho de 2007, existiam muitos telemóveis multi-funções; mas após o lançamento do iPhone, a Apple provou que a sua aposta no design continua a resultar. A combinação no iPhone de um design apelativo, funcionalidades de telemóvel, ligação à Internet e funcionalidades multimédia subiu a fasquia para qualquer fabricante de dispositivos manuais.

“Botnets” ou software como um serviço… para criminosos As “botnets”, ou grupos de milhares, ou até de dezenas de milhares de computadores comprometidos e controlados remotamente por criminosos. Estes utilizam estas máquinas para várias actividades ilegais, como o ataque às páginas governamentais da Estónia, em Abril. As “botnets alcançaram um nível de sofisticação tal que começam a ser consideradas um SaaS para burlões. Foi o que aconteceu em Novembro, quando cerca de 200 milhões de mensagens de spam apoiando a candidatura presidencial de Ron Paul foram enviadas sem permissão da campanha oficial.

A era dos portáteis baratos O “grande” projecto do antigo chefe do MIT Media Lab, Nicholas Negroponte, de vender 150 milhões de computadores portáteis a 70 euros cada às crianças desfavorecidas de todo o mundo até 2009 tornou-se numa espécie de miragem. A produção dos computadores, enquadrada no projecto “Um Portátil por Criança”, foi adiada, as promessas governamentais foram quebradas, e o preço de cada computador acabou por se situar próximo dos 140 euros. As perspectivas actuais apontam para a produção de apenas 300 mil computadores neste ano; mas o “sonho” de Negroponte pode ainda ser concretizado, desde que suportado por fabricantes com vocação comercial. Estes têm enfrentado um abrandamento no crescimento em mercados maduros, ao mesmo tempo que é exercida pressão para reduzirem os preços e o consumo energético. Por exemplo, a Intel vendeu computadores portáteis Classmate por cerca de 140 euros no México, no Brasil, na Nigéria, no Paquistão e na Líbia. E em Novembro, a Everex anunciou um projecto de venda de computadores baseados em Linux com processadores x86 por menos de 210 euros.

Gphone tranforma-se em Android O Gphone da Google, anunciado em Novembro, acabou por ser em simultâneo mais e menos do que se esperava. Durante mais de um ano, circularam rumores de que a Google iria lançar um telefone; e a multinacional, juntamente com os seus parceiros, acabou por revelar não um dispositivo, mas uma plataforma de software de código livre denominada Android, sobre a qual aplicações para telemóveis podem ser produzidas. A ideia subjacente baseia-se na premissa de que uma plataforma comum permitirá aos programadores criarem aplicações capazes de correr em dispositivos de vários fabricantes e sobre várias redes, reduzindo assim a complexidade para fabricantes e utilizadores. Os mais cépticos, porém, consideraram que a Android poderá, pelo contrário, gerar complexidade, uma vez que os programadores terão de construir aplicações também para a Android. Os telefones baseados na Android deverão ser lançados em meados de 2008 e irão enfrentar concorrência de plataformas como a Symbian e o Windows Mobile.

Viacom contra YouTube O processo em tribunal colocado pela Viacom ao Youtube devido ao upload de filmes e de conteúdos televisivos para o serviço da Google revelou um problema fundamental para os conteúdos gerados por utilizadores: como podem estes serviços assegurar a legalidade, ou o respeito pelos direitos de autor, dos vídeos colocados em rede? A resposta poderá passar por sistemas como o Vídeo Identification, que a Google revelou em Outubro. Este sistema permite detectar e, se necessário, remover vídeos que estejam a infringir regulamentos de direitos de autor. Com o crescimento dos custos associados a processos judiciais e a sistemas de monitorização, parece evidente que os conteúdos gerados por utilizadores não são realmente “gratuitos”.

Controvérsia na Facebook A decisão da Facebook de vender uma parte minoritária no valor de 167 milhões de euros à Microsoft, após competição com a Google, solidificou o papel central das redes sociais no panorama tecnológico actual. As redes sociais têm constituído uma tendência crescente ao longo dos anos, e a Facebook oferece funcionalidades interactivas e uma plataforma de desenvolvimento que a Google, a MySpace e outras têm tentado alcançar. Mas o problema do valor de mercado tem sido colocado devido a questões de privacidade. A capacidade do sistema de publicidade Beacon da Facebook monitorizar acções dos utilizadores gerou uma polémica que não se dissipará rapidamente.

Barcelona: a “Waterloo” da AMD? A AMD esperava que o lançamento dos seus chips quad-core Barcelona iriam constituir uma vantagem competitiva face à Intel. Em 2003, o primeiro fabricante até ganhou quota de mercado, com o lançamento dos chips Opteron para aplicações de 64 bits. Mas a Intel baixou preços e lançou os novos processadores quad-core de 64 bits. O lançamento do Barcelona, adiado até Setembro de 2008, poderá ser uma resposta demasiado fraca e tardia. Com margens cada vez mais pequenas, e com os custos da aquisição da ATI no ano passado, a AMD anunciou em Outubro resultados negativos pelo quarto trimestre consecutivo. E em Dezembro afirmou ter adiado o Barcelona para efectuar alguns ajustes.

Sucesso do Vista em dúvida A Microsoft lançou a versão comercial do Vista em Janeiro, após torná-lo disponível às empresas em Novembro de 2006. A multinacional considerou o lançamento do novo sistema operativo como “o maior na história da Microsoft”, afirmando agora que a adopção tem sido normal para sistemas operativos novos. Em Novembro, afirmou que 88 milhões de cópias tinham já sido vendidas. Mas vários estudos de mercado mostraram que os utilizadores, sobretudo os profissionais corporativos, estão relutantes em mudar para o Vista devido a preocupações com estabilidade e compatibilidades.

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