Um português, residente em Lisboa, foi detido no âmbito da Operação Tourniquet. Esta operação, coordenada a nível internacional pelo European Cybercrime Centre da EUROPOL, foi o culminar de um ano de investigação meticulosa que envolveu a intervenção de autoridades policiais de vários países e que permitiu identificar um suspeito português.
O português detido é um dos principais administradores do “RaidForums”, um dos maiores fóruns de hackers do mundo.
Na sequência da divulgação efetuada pelas autoridades norte-americanas e pela Europol, referente à Operação TOURNIQUET, a Polícia Judiciária confirma que, através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), participou na investigação, que culminou com as detenções de vários suspeitos, as quais ocorreram na Europa e nos Estados Unidos da América, refere a PJ num comunicado publicado no seu site oficial.
Com efeito, desde o início da investigação que foram recolhidos e partilhados elementos que relacionam os administradores do mercado ilegal “RaidForums”, considerado o maior fórum de hackers do Mundo, cuja comunidade congregará mais de meio milhão de utilizadores, com uma atividade ilícita que consistia na comercialização de credenciais para acesso a dados confidenciais exfiltrados ilicitamente, casos, entre outros, dos registos de eleitores dos EUA.
.@TheJusticeDept announced the seizure of the Raidforums website—a marketplace for #cybercriminals to buy and sell hacked data—and unsealed criminal charges against its founder and administrator, Diogo Santos Coelho of Portugal. #CyberIsATeamSport @FBIWFO https://t.co/rrzGlUWpWc pic.twitter.com/BtzsnnP9lZ
— FBI (@FBI) April 12, 2022
Segundo revela a PJ, parte da operação que foi desenvolvida em território nacional, com intervenção do MP através do DCIAP, contou com a colaboração da EUROPOL e de alguns serviços dos Estados Unidos: casos dos US Secret Service (USSS), Federal Bureau of Investigation (FBI) e US Internal Revenue Service (USIRS), tendo sido realizadas várias buscas domiciliárias que conduziram à apreensão de bens materiais de elevado valor monetário e de um acervo de bases de dados que permitirão determinar a total abrangência dos factos, recolha de prova, eventual recuperação da informação exfiltrada e cabal incriminação dos autores.
Através desta plataforma, que foi criada em 2015, eram comercializados cartões de crédito, acessos a contas bancárias assim como dados de utilizadores e as passwords necessárias para o acesso a essas contas. Estas informações, segundo a Europol, foram obtidas ao longo dos últimos anos em “violações de dados pessoais” realizadas em ataques online.
Segundo Edvadas Sileris, chefe do Centro de Cibercrime Europeu da Europol “A disrupção sempre foi uma técnica chave na acção contra ameaças online. Por isso, atacar fóruns que armazenam enormes quantidades de dados roubados deixa os criminosos com problemas. A Europol vai continuar a operar com os seus parceiros internacionais para tornar o cibercrime mais complicado”.