De acordo com dados disponíveis, oito em cada 100 homens e uma em cada 200 mulheres sofrem de deficiência visual das cores vermelho-verde. Assim, em todo o mundo, contam-se cerca de 350 milhões de pessoas afetadas por esta patologia.
Uma equipa de investigadores estudou o impacto que os filtros espectrais poderiam ter na perceção das cores de alguém com deficiência visual cromática.
Deficiência visual das cores vermelho-verde quase corrigida
Enquanto as pessoas com visão cromática normal veem mais de um milhão de tonalidades e sombras, as pessoas com deficiência visual das cores vermelho-verde ou daltonismo veem um leque muito mais pequeno de cores. Além disso, as cores são, para elas, mais apagadas, havendo algumas que causam até confusão e são difíceis de distinguir.
O estudo, realizado pela Universidade da Califórnia, avaliou o impacto dos filtros espectrais na resposta cromática dos observadores com deficiência visual das cores vermelho-verde, durante duas semanas. Os filtros, com lentes EnChroma, são concebidos para aumentar a separação entre os canais das cores, de modo a ajudar as pessoas com daltonismo e deficiência visual a verem as cores de forma mais clara e vibrante.
Estudo entregou resultados animadores
Os participantes deste estudo, publicado na Current Biology, usaram óculos especiais com filtro ou óculos de efeito placebo. Durante duas semanas, atualizaram um diário e foram submetidos a testes no segundo, quarto e 11º dia. No caso, estas avaliações intermédias foram realizadas sem os óculos.
Assim, os investigadores descobriram que, de facto, os óculos com filtro aumentavam a resposta ao contraste cromático em indivíduos com deficiência visual das cores vermelho-verde. Apesar de não ser claro quanto tempo dura a melhoria, as evidências mostram que os resultados prevalecem durante algum tempo, mesmo sem os óculos.
O uso prolongado destes óculos aumenta a resposta cromática naqueles com tricromacia anómala [deficiência visual das cores vermelho-verde].
Disse John S. Werner, professor de oftalmologia da Universidade da Califórnia.
O professor observa que este efeito, conseguido através destes estudos recentes, não pode ser alcançado com filtros normalmente vendidos como auxiliares para daltónicos. Além disso, a equipa acredita que os resultados sugerem que as alterações dos sinais fotorrecetores ativam um substrato no cérebro, que poderia ser explorado, a fim de reabilitar as capacidades visuais.
Não fazia ideia de como o mundo é colorido e sinto que estes óculos podem ajudar as pessoas daltónicas a navegar nas cores e a apreciar o mundo.
Revelou Alex Zbylut, um dos participantes do estudo.