A tecnologia não pára, não abranda e ultrapassa cada degrau que se depara à sua frente. Desta forma, a tecnologia aplicada à medicina tem evoluído de forma significativa.
Um passo inédito foi dado num estudo do Instituto Federal Suíço de Tecnologia. Investigadores criaram um implante que irradia instruções do cérebro para o corpo. O “Wi-Fi cerebral” ajudou a restaurar o movimento em primatas paralisados.
Segundo a BBC, os macacos rhesus não podiam mexer uma perna devido a uma lesão medular. A equipa do Instituto Federal Suíço de Tecnologia conseguiu “ignorar” a lesão, enviando instruções directamente do cérebro para os nervos, a fim de controlar o movimento das pernas.
Os especialistas referiram que a tecnologia pode estar pronta para testes em seres humanos dentro de uma década.
Wi-Fi Cerebral – Como funciona?
As lesões medulares bloqueiam o fluxo de sinais elétricos do cérebro para o resto do corpo, resultando em paralisia. Raramente tem cura, mas poderemos estar perante uma solução onde a tecnologia poderá contornar essa limitação.
A equipa conseguiu implantar um chip na parte do cérebro dos macacos que controla o movimento. A função deste chip é de ler os picos de actividade elétrica cerebral que enviam instruções para mover as pernas. Depois dos sinais estarem capturados o chip envia essa informação para um computador próximo.
O computador decifrou as mensagens e enviou instruções para um implante na espinha do macaco, com o objectivo de estimular electricamente os nervos apropriados. Todo este processo ocorre em tempo real.
Resultados animadores
Os resultados, publicados na revista Nature, mostraram que os macacos recuperaram algum controlo da perna paralisada num período de seis dias, conseguindo depois caminhar perfeitamente numa passadeira rolante.
Em declarações à BBC, um dos investigadores responsável pelo estudo, o Dr. Gregoire Courtine, afirmou que “esta é a primeira vez que uma neurotecnologia restaurou a locomoção em primatas. O movimento estava próximo do normal para o padrão básico de caminhada”.
Até agora, contudo, os cientistas não conseguiram testar a capacidade de virar ou tomar diferentes direcções.
O futuro
É possível, dentro de alguns anos, que esta seja uma solução para implantar nos humanos. Contudo as leituras nos humanos são mais complexas e há formas diferentes de contacto. Nós somos bípedes, o que exige formas mais sofisticadas de estimular os músculos.
A locomoção útil também requer controlo de equilíbrio, direcção e prevenção de obstáculos, que não foram abordados até ao momento.
Isso não está tão longe de acontecer, no entanto, a tecnologia para superar a paralisia é um campo em rápido desenvolvimento, com muitos avanços. Por exemplo, ondas cerebrais já foram usadas para controlar um braço robótico, a estimulação eléctrica da medula espinhal ajudou quatro pessoas paralisadas a ficar de pé novamente e um implante permitiu que um homem paralítico pudesse tocar guitarra e jogar.
Uma outra abordagem para o tratamento da paralisia envolve o transplante de células da cavidade nasal para a medula espinhal, para tentar reparar biologicamente a lesão. Após esse tratamento, Darek Fidyka, paralisado do peito para baixo em 2010, pode agora andar usando uma estrutura de apoio.
O mundo está a evoluir e a tecnologia irá ser a grande aliada da saúde humana.