Há vários distúrbios intestinais que estão associados à produção de certos gases, provocam obstipação dolorosa, síndroma do intestino irritável e até mesmo o cancro do intestino. Por mais estudos e investigações que se façam neste âmbito, há ainda pouca informação que ajude a perceber o fenómeno. É necessário recorrer à tecnologia para criar dispositivos não invasivos para ajudar a compreender estes factores.
Investigadores da Universidade RMIT em Melbourne, na Austrália, projectaram uma cápsula convencional altamente evoluída que pode fazer um estudo interno do intestino através de apurados sensores microscópicos.
Os investigadores criaram uma cápsula digerível que pode medir a concentração de gases durante a digestão no intestino de animais e seres humanos, a primeira cápsula com estas capacidades no mundo, afirmam.
As cápsulas satisfazem os requisitos necessários para uma acção que visa detalhar o processo explicado acima, durante a digestão. Esta avaliação foi feita após vários testes realizados em ensaios com suínos. Agora, os investigadores começaram já a recrutar voluntários humanos para que possam testar a próxima versão da pílula.
Qual é a composição desta pílula tecnológica?
A cápsula electrónica é hoje possível pelos avanços da nanotecnologia que disponibiliza componentes electrónicos numa escala praticamente invisível a olho nu. Assim, este dispositivo que é ingerido é fabricado num revestimento não digerível; uma membrana permeável ao gás que abrange um sensor, para a detecção de hidrogénio, metano ou dióxido de carbono; um microcontrolador; um transmissor sem-fios a 433 MHz; e quatro baterias de óxido de prata.
A versão mais recente tem dimensões de 2,6 por 1,1 centímetros, que é praticamente o mesmo tamanho que as cápsulas que existem nos medicamentos comuns que temos por casa.
Segundo o responsável pela investigação, o Dr. Kourosh Kalantar-Zadeh, não existe nada nas cápsulas que seja muito caro. As baterias custam cerca de 5 a 6 dólares, o sensor térmico tem o mesmo preço, o microcontrolador tem um preço de 50 cêntimos e assim consegue-se uma cápsula que poderá rondar os 15 dólares, preço que será certamente mais baixo quando o produto for fabricado em grande escala.
A nova era dos biomarcadores de saúde
A cápsula, como foi referido, incorpora um transmissor sem-fios a 433 MHz. Então, os dados do sensor são transmitidos directamente do intestino para uma unidade receptora, descodificando os dados à medida que chegam. Depois, esses dados são enviados via Bluetooth para uma app num smartphone.
A investigação teve início em 2009, quando a primeira cápsula foi produzida. A cápsula mais recente, o modelo na versão 5 que será usada em voluntários humanos, vai empregar um sensor de temperatura e dois sensores de gás. Um sensor de gás irá detectar oxigénio e hidrogénio; o outro é um sensor de hidrogénio que não é sensível ao oxigénio, mas também pode detectar metano e dióxido de carbono.
Estas tecnologias, como afirmam os investigadores, proporcionam óptimos biomarcadores de saúde que nunca antes puderam ser usados e que nunca ninguém conseguiu ver pois estão escondidos dentro do nosso corpo.