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Memória RAM está 300% mais cara… E a culpa é da inteligência artificial

A crescente procura por componentes para servidores de inteligência artificial (IA) está a desviar a produção das memórias para o consumidor final. O resultado é uma subida de preços vertiginosa que já se faz sentir no mercado de componentes para computador, com aumentos de até 300%.


O aumento astronómico nos preços da memória

Os sinais já eram visíveis, mas a realidade superou as piores previsões. O custo da memória DRAM, essencial para qualquer computador, telemóvel ou tablet, disparou de forma alarmante nos últimos meses. Segundo a consultora TrendForce, especializada em análises de mercado, o preço dos módulos DDR5 sofreu um incremento de até 307% desde setembro.

A memória DDR4, embora mais antiga, não escapou à tendência, com aumentos que chegam aos 158%.

Dados de plataformas como a PCPartPicker, que monitoriza a evolução dos preços de hardware, confirmam este cenário. Gráficos que antes eram estáveis e previsíveis transformaram-se em curvas acentuadamente ascendentes.

Por exemplo, um kit de dois módulos de 16 GB de memória DDR5-4800, que em setembro custava cerca de 100 dólares, aproxima-se agora da marca dos 250 dólares. O mesmo se aplica a kits mais modestos de DDR4, que registam subidas semanais consecutivas.

A tempestade criada pela IA

A principal responsável por esta escalada de preços é a explosão da IA. As gigantes tecnológicas estão a investir massivamente na construção e expansão de centros de dados para treinar os seus modelos de IA. Estes sistemas requerem uma quantidade colossal de hardware especializado, nomeadamente GPUs de alta performance, que, por sua vez, dependem de um tipo específico de memória de alta largura de banda, a HBM (High Bandwidth Memory).

Confrontados com uma procura ilimitada por memória HBM, os principais fabricantes, como a Samsung e a SK Hynix, estão a realocar as suas linhas de produção. A consequência direta é a diminuição da capacidade de fabrico de memórias convencionais, como a DDR5 e a DDR4, destinadas ao mercado de consumo. A oferta diminui, a procura mantém-se, e os preços, inevitavelmente, disparam.

O problema não se limita à memória RAM. As memórias NAND, que servem de base para os discos SSD, enfrentam uma pressão semelhante. A procura por parte dos centros de dados está a esgotar o stock disponível, levando as fabricantes a aumentar os preços de forma agressiva.

Khein Seng Pua, CEO da Phison, um dos maiores nomes na indústria de controladores para SSD, alertou recentemente que os produtores de chips NAND aumentaram os seus preços entre 50% e 75%, prevendo que a oferta será “extremamente limitada durante muitos, muitos anos”. Isto significa que a subida de preços nos SSDs não será temporária, mas sim uma nova realidade a médio e longo prazo.

Atualizar o PC: uma má ideia… ou talvez não?

Este cenário cria um dilema para quem planeava montar um novo computador ou atualizar o seu atual. Comprar agora significa pagar um preço inflacionado, mas adiar a compra pode resultar em custos ainda mais elevados no futuro.

Vivemos, portanto, “o melhor dos piores momentos” para investir em hardware. A tendência de subida não dá sinais de abrandar, pelo menos durante o próximo trimestre, o que torna qualquer decisão de compra um verdadeiro ato de risco.

O impacto desta crise de componentes estender-se-á para além do mercado de computadores desktop. Os custos de fabrico de telemóveis, portáteis, tablets e outros dispositivos eletrónicos serão diretamente afetados. Como tal, não será surpreendente assistir a um aumento generalizado dos preços de venda ao público nos próximos lançamentos.

 

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