Pplware

Talento português à solta na LGW 2017

Para se desenvolver um bom videojogo é necessário, acima de tudo, gostar-se do que se está a fazer. É preciso talento, mas esse talento tem de ser alimentado, desenvolvido, incentivado e, acima de tudo, aproveitado e valorizado. Videojogos? Desenvolvidos em Portugal? A sério?

Sim, a sério. Desenhados, pensados e desenvolvidos inteiramente em Portugal por um grupo de rapazes com uma dose gigantesca de casmurrice, amor aos jogos e talento para dar e vender que, graças ao programa Playstation Talents, têm a oportunidade de ver todo o seu potencial aproveitado e de o mostrar a quem quiser ver.

 


Se há montra onde os jogos independentes se podem mostrar é na Lisboa Games Week e este ano não foi excepção. Através do programa Playstation Talents – um programa que tem como principal objectivo o apoio ao desenvolvimento nacional de videojogos e que culmina com a atribuição dos prémios Playstation – é possível que jovens, ainda a atravessar o seu percurso académico, com ambições e sonhos de um dia virem a poder desenvolver os seus próprios jogos se mostrem à comunidade gamer e, ao mesmo tempo, tenham um primeiro contacto com o mercado.

Esta fantástica iniciativa da Playstation esteve presente na LGW 2017, que decorreu entre os dias 16 e 19 de Novembro. Tivemos a oportunidade de entrar em contacto com alguns destes jovens do GameNest, um verdadeiro “ninho” de talentos composto por alunos do I. P. Leiria, ETIC e ETIC_Algarve. Experimentámos os seus jogos e foi, sem dúvida, uma agradável surpresa!!!

Out of Line

Começámos por experimentar Out of Line, um jogo onde o personagem principal, San, acorda numas estranhas instalações industriais. Tentando perceber o porquê de ali estar, foge e -munido de uma lança que é muito mais que um mero utensílio -, parte à descoberta. Com um ambiente melancólico e um visual que nos faz lembrar um filme de animação, Out of Line agarra-nos e não temos vontade de parar de jogar. O que mais salta à vista é o artwork simplesmente sublime a lembrar um desenho animado colorido a aguarela. Fabuloso! Mais fabuloso ainda é a integração deste jogo com o novíssimo Playstation PlayLink, integração essa que nos permite interagir com o jogo de uma maneira nova e diferente.

Out of Line é um projecto que conta com aproximadamente um ano de desenvolvimento e que nos oferece uma fantástica experiência singleplayer. Este é, decerto, um jogo bastante interessante e que ainda vai dar que falar. O desenvolvimento de Out of Line está a cargo do estúdio independente Duckling Studios.





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Bifrost Spire

Após termos experimentado Out of Line, as expectativas eram elevadas quando passámos para a estação de jogo seguinte.

Mas essas expectativas não saíram defraudadas quando começámos a jogar Bifrost Spire, jogo onde um grupo de Vikings tenta a todo o custo subir a uma torre mágica e conquistar o direito a serem deuses de Valhalla. Este jogo pode ser jogado por até 4 jogadores. Obviamente que podem sempre jogar sozinhos mas, acreditem, pelo que vimos e experimentámos é bem mais divertido jogar com amigos.

Nesta aventura, cada jogador encarna a pele de um Viking. Passando por inúmeras masmorras – que são geradas aleatoriamente e que se encontram repletas de elementos baseados na mitologia nórdica – e enfrentando bastantes inimigos, os jogadores terão de competir uns contra os outros e, simultaneamente, ajudar-se mutuamente para conseguir terminar a aventura incólumes – ou, pelo menos, com poucos danos. Durante o percurso, há a possibilidade de adquirir novas armas e novos acessórios que irão ser muito úteis ao longo da aventura.

Este projecto conta com cerca de cinco meses de desenvolvimento e é da autoria do estúdio Pink Dogs.





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Nameko

Da autoria do estúdio Green Kiwi Studios, e contando já com sete meses de desenvolvimento, temos Nameko, videojogo que conta a história de Ko, um humano que acorda numa estranha nave espacial após ter sido raptado por uma raça de seres alienígenas. Apesar de confuso, Ko vai ter de usar de toda a sua perícia para conseguir escapar e, ao mesmo tempo, tentar entender o que está a acontecer à sua volta.

Nameko oferece-nos uma experiência singleplayer que, apesar de parecer relativamente simples de ultrapassar ao início, se vem a revelar bastante desafiante. A tarefa complica-se assim que damos de caras com o boss de cada nível e as hipóteses de conseguirmos completá-lo sem sairmos um bocado amachucados são bastante diminutas. Estes confrontos são exigentes e requerem a utilização de diferentes estratégias para serem ultrapassados. No final, e com o nosso adversário caído por terra, temos a possibilidade de ficar com as suas armas ou habilidades especiais.

Há que referir que Nameko tem interacção com o sistema Playstation PlayLink e que permite a um segundo jogador controlar uma espécie de “animal de estimação” robótico que terá acesso a áreas inacessíveis à personagem principal. Os vários objectos encontrados nestas áreas ocultas irão ajudar-nos a entender melhor toda a envolvência do jogo.




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Obscuria

Desenvolvido pelo estúdio Insiduos Games e quando falta cerca de um ano para o seu lançamento, tivemos também a oportunidade de experimentar Obscuria. É um jogo diferente, algo melancólico, onde encarnamos um personagem (muito semelhante ao Pac-Man) que navega por estranhos mundos, quase saídos de sonhos.

Mas estes sonhos são, na realidade, pesadelos: este mundo fantástico encontra-se povoado por uma força negra e maléfica que teremos de eliminar. Mas não é fácil, mesmo nada fácil. Os nossos adversários são enormes e extremamente poderosos, com alguns a atingirem cerca de dez vezes o tamanho do nosso personagem.

Trata-se de um jogo muito complexo, que nos oferece bastantes modos de jogo. Há mesmo muito para explorar, sendo possível jogar o jogo em modo História, modo Infinito e em diversos modos co-op local.

Um enorme atractivo neste jogo é não haver apenas um caminho para percorrer. Apesar de não ser um jogo open world, podemos tomar vários caminhos diferentes que acabarão, inevitavelmente, por nos levar ao boss de cada um dos níveis. E se até aí as coisas já eram complicadas, os boss mostram-nos que o pior ainda está para vir.

Ainda assim contamos com inúmeras ajudas na forma de power-ups que vão sendo desbloqueados à medida que avançamos, podendo ser usados de várias formas diferentes. Contamos ainda com um sistema de boosts que dão a possibilidade ao jogador de ver as características do personagem principal melhoradas, aumentando – por exemplo – a cadência e a rapidez dos disparos ou a velocidade a que este navega. Atenção, contudo, à velocidade da navegação: qualquer contacto, ainda que leve, com os rebordos das paredes dos caminhos onde nos movemos provocam danos graves muito rapidamente.





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In Light

Por fim, experimentámos um jogo baseado na mitologia chinesa que tem como principais personagens Yin e Yang, que – juntos – vivem uma incrível aventura para restaurar o equilíbrio ao mundo e voltar ao Ovo Cósmico.

In Light é produzido pelo estúdio Sunscreen e é um jogo diferente daquilo a que estamos habituados, quer no aspecto gráfico quer no conceito de jogabilidade do próprio jogo. Estamos perante um título que pode ser jogado apenas por uma pessoa mas que, idealmente, deverá ser jogado por duas. Yin e Yang estão ligados por um elo inquebrável que os ajuda a deslocar-se mas que, ao mesmo tempo, os condiciona, tornando-os dependentes e indissociáveis um do outro. Isto faz com que seja extremamente difícil para uma única pessoa manipular ambos os personagens em simultâneo.

Em In Light não existem armas e apenas poderemos vencer os nossos adversários evitando-os ou resolvendo puzzles que requerem uma enorme destreza manual (caso se jogue a solo) ou uma boa dose de coordenação (caso se jogue acompanhado). E é aqui que reside a diferença deste jogo: ao contrário da maioria da oferta actual do mercado, este jogo é completamente anti-violência, exigindo apenas muita perícia, coordenação e, em algumas situações, uma boa dose de paciência. Mas garanto-vos: é extremamente divertido de se jogar e é bastante desafiante.





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E por aqui nos ficámos no que diz respeito ao contacto com os alunos que fazem parte do GameNest. Aquilo que vimos, experimentámos e jogámos deu-nos a certeza de que existe vontade, por parte destes jovens, de fazerem jogos que ofereçam experiências únicas e singulares. E se com poucos meios atingiram esta qualidade, o que conseguirão fazer se lhes for dada a oportunidade de desenvolverem o seu trabalho num contexto mais profissional?

Queremos deixar um agradecimento ao Luís Monteiro (Bifrost Spire/ Pink Dogs), ao Alexandre Rodrigues (In Light/ Sunscreen), ao Pedro Paixão (Nameko/ Green Kiwi Studios), ao Edgar Ferreira e ao Hugo Moreira (Obscuria/ Insiduos Games) e ao Francisco Santos (Out of Line/ Duckling Studios) pelo tempo que dedicaram a apresentar os seus jogos ao Pplware.

Queremos ainda agradecer ao Ivan Barroso (GameNest Project Manager) pelo facto de nos ter apresentado a este grupo de alunos e pelos contactos e actualizações que nos tem dado sobre o percurso de cada um deles.

Importa também referir que todos estes jogos se encontram no lote de dez finalistas dos prémios Playstation.

Depois de tudo o que vimos é mesmo caso para dizer que houve talento à solta na Lisboa Games Week 2017.

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