Pplware

Inês Borges: Entrevista Pplware a uma das vencedoras de Playstation@First

Para quem não conhece, a Playstation@First é uma iniciativa relativamente recente (desde 2016 em terras lusas) da Sony Playstation que tem como principal objetivo o de estimular o desenvolvimento de videojogos para a sua consola, junto da comunidade académica.

Recentemente numa dessas iniciativas, uma portuguesa de nome Inês Borges, conseguiu ficar nos 50 vencedores num evento relacionado com o jogo Shadow of Colossus e o Pplware teve a oportunidade de fazer uma pequena entrevista à Inês.


 

PPLWARE: Antes de mais, parabéns pelo facto de teres sido uma das vencedoras da iniciativa Shadow of Colossus, no âmbito do Projeto Playstation@First.

INÊS: Sinto-me honrada por poder fazer parte deste projeto que foi o #ColossusArt. Shadow of the Colossus é um jogo com um conceito simples, mas tão complexo que qualquer um pode ter uma interpretação diferente. Adorei como as 50 ilustrações selecionadas abrangem diferentes técnicas, estilos e as suas diferentes interpretações do jogo.

PPLWARE: Encontras-te atualmente a estudar na ETIC, certo? Qual o curso que andas a tirar?

INÊS: Atualmente estou a estudar no primeiro ano do HND: Animação e Videojogos, onde estou a desenvolver com o meu colega, Carlos Pinto, o meu primeiro jogo Tin-Heart (um jogo de plataformas 2.5D inspirado em clássicos como Ristar).

PPLWARE: O que queres ser quando “fores grande”?

INÊS: Quando era pequena queria ser inventora. Cresci a ver muitos filmes de ficção científica e gostava de criar alguma coisa a partir de ideias. Arte e design não são muito diferentes disso. Anos mais tarde, na altura de escolher o curso que tinha as disciplinas que mais queria aprender e explorar: Design de Comunicação. E finalmente vim estudar videojogos na ETIC. Bem, na verdade, sempre gostei um pouco de tudo. Escrevo músicas desde os 13, faço capas para histórias desde 2013 e encaderno livros no meu tempo livre. Atualmente estou a desenvolver o User Interface do jogo Elifoot 18 de André Elias. No futuro, ambiciono ser artista 2D e 3D.

Inês Borges

PPLWARE: E Videojogos! São uma paixão ou apenas um hobby na tua vida?

INÊS: Sou uma jogadora mais descontraída. Gosto de jogar de vez em quando, enquanto não tenho de trabalhar para a escola ou outros projetos.

PPLWARE: És jogadora assídua? Quais os teus jogos preferidos?

INÊS: Adoro jogos “artísticos” – aqueles com uma arte e estilo muito próprio – cujo conceito e narrativa sejam interessantes, aliados a uma boa banda sonora. Shadow of the Colossus é um deles, mas claro há outros. Sonic e Metroid são os clássicos que sempre cresceram comigo, juntamente com Vibbribon, Tomb Raider, Persona (3, 4, 5), Danganronpa (todos), Zero Escape (999, Virtue’s Last Reward), Phantasy Star Online, Phoenix Wright (todos), Spyro (trilogia principal) e Fire Emblem são outros dos meus favoritos. Entre os jogos indie, ou mais alternativos, adoro o Defunct, Doki Doki Literature Club, Ori and the Blind Forest, Owlboy e Abi: a Robot’s Tale.

PPLWARE: Existe algum jogo que tenha ganho um cantinho especial na tua caixinha de memórias pessoal? Podemos perguntar qual?

INÊS: Há um jogo, melhor dizendo, franchise que me agarrou a esta indústria, Sonic the Hedgehog, mais concretamente os dois que saíram para a Dreamcast – Sonic Adventure (1999) e Sonic Adventure 2 (2001). Tem uma variedade de personagens com a sua própria jogabilidade, banda sonora espetacular e uma narrativa com personagens memoráveis. Adoro como após se conhecer cada nível de cor, podemos-nos desafiar a ver o quão mais rápido podemos acaba-lo. Esse é verdadeiro encanto dos jogos deste franchise (dica aos leitores: usem o botão B ou círculo para descer mais rápido com Tails, saltem e ataquem com a Amy para andarem mais rápido no primeiro Adventure)

Trabalho de Inês Borges

PPLWARE: E onde costumas jogar (em que plataformas)?

INÊS: Até ao momento, Dreamcast, PlayStation (todas até ao momento, incluindo a PlayStation 4, mais a PSP), Gamecube e se tivesse uma Switch andava com ela, mas não tenho, por isso jogo na minha Nintendo New 3DS.

PPLWARE: E agora virando o disco mais concretamente para Shadow of Colossus? Tens o jogo?

INÊS: Tenho um demo da versão da PS2 que tinha saído com a revista Playstation 2 n. º42 – na altura comprada pelo meu pai. Depois o meu irmão comprou a versão da PS3 que vinha com o ICO e na data de lançamento, comprei a versão da PS4. É deveras interessante ver a evolução de versão para versão, e como o próprio mundo ganha uma outra dimensão, parecendo mais avassalador e magnífico.

PPLWARE: E como te surgiu a ideia de participares nesta iniciativa?

INÊS: O concurso foi divulgado numa das aulas no HND: Animação e Videojogos. Como tinha visto e jogado o jogo desde a sua estreia na PlayStation 2 e sempre gostei do seu conceito minimalista assim como, da complexidade narrativa, pensei “bom porque não participar neste concurso de um dos meus jogos favoritos?”. E assim o fiz.

PPLWARE: O teu trabalho está fantástico. Onde foste recolher inspiração?

INÊS: No jogo Shadow of the Colossus, jogamos como Wander, um rapaz que deseja trazer de volta à vida a sua amiga Mono. Mas para tal, Wander tem de andar pela vasta Terra Proibida à procura destas criaturas chamadas Colossi e matá-las. A meu ver, estas criaturas são habitantes inocentes desta Terra Proibida. Cada vez que se mata uma delas a sombra dentro de Wander cresce e cresce até que no final ergue-se dentro dele. Esta sombra para mim simboliza a solidão, frieza e o peso das ações de, não Wander, mas do jogador que o obrigou a matar vidas inocentes para salvar uma única só. A minha intenção foi representar essa sombra como algo pesado e esmagador. Algo assombrante. Inicialmente, até tinha feito esta ideia muito à base de silhuetas, mas não estava bem como pretendia. Após uma breve troca de ideias com o meu colega Aquiles Dias, criei o que vocês vêem nesta versão final.

PPLWARE: E a partir de agora?

INÊS: Continuo a trabalhar. Busco inspirações a partir de um pouco de tudo – ideias/memórias que tenho anotando ao longo dos anos, seja de livros, filmes, animes, jogos, música e trabalhos de outros artistas, ou até mesmo, tudo o que me rodeia. Ilustrar cada um deles pode até ajudar com bloqueios de artista!

Shadow of the Colossus

PPLWARE: Tens algumas palavras que gostasses de deixar para outros colegas teus que estejam a estudar e que ambicionem vir a fazer parte do ecossistema gigantesco dedicado aos videojogos?

INÊS: Sejam curiosos e proativos. Pegar num dos vossos jogos preferidos e vejam como é que ensina ao jogador como funciona, como está estruturado, porque é que fizeram o jogo desta maneira e porque falharam noutros aspetos. Se fossem vocês como é que fariam para melhorar essas falhas? Se forem programadores começem com pequenos projetos – até pode ser um quadrado com olhos a mexer-se – e exploram as suas possíveis mecânicas. Caso optem pelo ramo artístico, desenhem muito – podem fazer fan art, ilustrar a vossa canção favorita ou desenhar o que vos rodeia. Nem que façam círculos e quadrados numa folha, estes pequenos exercícios irão ajudar-vos a treinar o vosso traço, e eventualmente, descobrirem o vosso estilo. Se preferirem o 3D, explorem, ou experimentem modelar objectos simples (é aconselhável começar por ambientes) até que finalmente dominem os básicos. Sobretudo, procurem por feedback, experimentem, falhem, percebam porque falharam e voltem a tentar. Pratiquem o que mais gostam de fazer e melhor se tornaram a fazê-lo.

PPLWARE: Alguma palavra aos leitores do Pplware?

INÊS: Caso têm alguma questão, ou gostavam de ver mais do meu trabalho podem me contactar e seguir nas redes sociais: Instagram, Facebook e Twitter. E se puderem, também podem dar uma vista de olhos ao meu novo projeto Tin-Heart e estejam atentos a novidades.

Resta ao Pplware desejar felicidades à Inês Borges e dar-lhe novamente os parabéns pelo prémio obtido. Após esta breve conversa com a Inês, ficamos plenamente convictos que a que iremos voltar a encontrar “por aí” e se calhar mais cedo do que pensamos…

O Pplware gostaria de agradecer tanto à Inês Borges como à Sony Playstation pelas suas disponibilidades que permitiram levar a cabo esta entrevista.

Exit mobile version