Toda a filosofia e os padrões estabelecidos no mundo dos smartphones estão a mudar rapidamente. Deixámos de ter um telefone “preso” a um sistema operativo e cada vez mais ouvimos falar da possibilidade de termos equipamentos onde escolhemos o sistema operativo que queremos usar ou que queremos instalar.
A liderar esta nova frente de desenvolvimentos está a Geeksphone, a primeira fabricante a comercializar smartphones com Firefox OS. Esta empresa disponibiliza desde Fevereiro deste ano o Revolution, o seu primeiro smartphone que nos dá a possibilidade de correr Android ou o Firefox OS (mas a empresa quer também o UbuntuOS e SailfishOS).
O Pplware tem já consigo um Geeksphone Revolution e durante alguns dias esteve a experimentá-lo. A experiência não podia ter sido melhor e hoje vamos apresentar este smartphone com imenso potencial.
Antes de apresentar o Geeksphone Revolution é importante que entendam que este não é um telefone dirigido ao utilizador comum. É acima de tudo uma máquina para testes de novos sistemas operativos e para todos os que quiserem desenvolver aplicações para eles.
No entanto, não deixa de ser um equipamento extremamente capaz e com uma performance muito atractiva. A sua grande vantagem é a modularidade e a capacidade de permitir que testemos qualquer sistema operativo que a Geeksphone disponibilize ou que seja adaptado a este hardware.
Apesar de ser muitas vezes apelidado de telefone dual-boot, o Revolution não o é verdadeiramente. Este smartphone consegue correr vários sistemas operativos, mas sempre que decidirem trocar necessitam de o instalar, perdendo toda a informação guardada. É aqui que mostra a sua veia de máquina de testes.
A mudança de sistema operativo no Revolution é extremamente simples, bastando que sejam usados os mecanismos de actualização OTA que a Geeksphone disponibiliza.
É precisamente este passo que deve ser usado quando ligamos o Revolution pela primeira vez. O primeiro arranque dá-se com o Android, na versão 4.2.2, mas bastam 2 toques para que tenhamos o dispositivo a reiniciar já com o Firefox OS.
Se preferirem manter o Android, e usar esse SO como base, podem rapidamente instalar todas as aplicações Google, que o Revolution não traz instaladas. A versão Android que o acompanha é completamente limpa de aplicações adicionais, ao ponto de nem as da Google ter instaladas.
Mas quem compra o Geeksphone Revolution não tem certamente a intenção de ficar no Android e a primeira acção lógica a tomar, depois de o ligar, é instalar o Firefox OS e conhecer melhor este novo sistema operativo.
Geeksphone Revolution
Apesar de não ter especificações de topo, o Revolution não deixa de ser uma excelente máquina, mostrando grande fluidez em qualquer um dos sistemas operativos que pode usar.
O seu ecrã não acompanha as mais recentes tendências de tamanho e fica-se pelas 4.7 polegadas, sendo no entanto suficiente. Lembrem-se que não é um equipamento para a reprodução de filmes ou com uma vertente multimédia.
Os 4GB de memória que traz de origem podem ser complementados com um cartão MicroSD até 32GB, o que será extremamente útil no Firefox OS.
De salientar que o Revolution usa um processador Atom dual-core, da Intel, de 1.6GHz acompanhado por 1GB de RAM.
Curiosa, e agora a nível de design, foi a forma como os criadores do Geeksphone Revolucion lhe deram uma falsa forma curva, algo que chama muitas vezes à atenção de quem vê este equipamento pela primeira vez.
A colocação dos comandos no Revolution segue os normais padrões da industria e podemos encontrá-los onde é normal em muitos outros telefones.
Os controlos de volume do lado direito, o botão de ligar no topo, ao lado do jack de áudio, e a alimentação por micro-USB está do lado direito.
A parte traseira do telefone é removível e podemos aceder à bateria e aos slots para o cartão de memória e cartão SIM.
A embalagem onde o Revolution é entregue traz ao utilizador, para além do telefone, um cabo micro-USB, um carregador de parede e a normal documentação, que neste caso é reduzida ao essencial.
Apesar de este ser um dispositivo que quem o compra sabe bem o que retirar dele, a documentação devia e podia ser mais completa. A compensar este ponto, a Geeksphone tem disponível um excelente Fórum com informação útil e actualizada.
Especificações do Geeksphone Revolution
Ecrã- Tamanho: 4,7″
- Tecnologia: IPS LCD
- Tecnologia ecrã de toque: Multi-touch
Processador
- Dual-core Intel® Atom™ processor Z2560 até 1.6GHz
Hardware
- 4GB EMMC + 1GB LPDDR2
- Suporte MicroSD, até 32GB
- I/O: 3.5φ Audio Jack, Micro USB
- Sensores: G‐Sensor + E‐Compass + Sensor Luz/Proximidade
- Conectividade: WiFi 802.11 b/g/n, Bluetooth Class 3.0
- GPS: AGPS
Câmara
- Sensor da câmara traseira: 8 Mpx
- Tipo de flash: Flash LED
- Sensor da câmara frontal: 1.3 Mpx
- Vídeo: 1080p @ 30fps
Energia
- Bateria: 2000 mAh.
Rede dados
- HSPA/WCDMA: 2100/1900/900/850 MHz
- GSM/GPRS/EDGE: 850/900/1800/1900 MHz
- HSDPA até 21Mbps, HSUPA até 5.76Mbps
- GPRS Class 12 / EDGE Class 12
Firefox OS
O Firefox OS é uma das maiores razões que leva à compra do Revolution. Este sistema operativo ainda desconhecido por muitos tem levantado uma grande onda de interesse, não apenas por ser baseado no Firefox, mas também pelos poucos recurso que aparenta necessitar.
A experiência de utilização do Firefox OS e o tempo de adaptação a este novo sistema operativo vai ser curta por todos os que estão habituados a usar o Android. Estes dois sistemas operativos acabam por ter uma interface similar, tendo a Mozilla usado muitos elementos mais que comprovados no SO da Google.
Mas a verdade é que o Firefox OS é um sistema operativo ainda muito recente e com uma grande necessidade de amadurecer. A base está lá e tem tudo o que necessita para ser um grande sistema operativo, mas é urgente que garanta novos níveis de estabilidade.
Toda a sua interface está ainda muito desprovida de aplicações necessárias e úteis, mas as que estão presentes são bastante estáveis e bem concebidas.
Tem como pontos positivos a facilidade de configuração da maioria dos serviços que necessitamos num smartphone (email, contactos e agenda), estando garantida a ligação aos principais fornecedores deste tipo de informação (Google, Facebook, etc).
Algo que se nota, e que em certos mercados pode ser um pouco limitativo, é a constante necessidade de acesso à Internet. Lembrem-se que o Firefox OS assenta na sua maioria em WebApps, o que por um lado é positivo para quem as cria, mas acaba por ser penalizador para quem as usa.
As aplicações, que alimentam uma loja já composta, mas sem uma oferta elevada, precisam também de melhorias e de uma imagem mais cuidada, algo que com o tempo acabará por acontecer.
Apesar destas limitações próprias da sua ainda tenra idade, o Firefox OS irá com certeza crescer para se tornar um concorrente à altura e ombrear com as restantes propostas que se encontram actualmente no mercado.
Tem a seu favor a capacidade de correr em hardware de gama mais baixa, o que o coloca numa excelente posição em mercados emergentes e naturalmente menos exigentes.
Avaliação final
No seu todo o Geeksphone foi uma máquina que surpreendeu pela positiva. É excelente a correr Android, sem lags ou qualquer “soluço” fruto de hardware mediano, e também uma óptima máquina a correr Firefox OS.
No entanto, é este último que peca por falta de maturidade, deixando por isso uma ideia de que poderíamos ter mais. Para um sistema operativo prestes a ser lançado em grande escala, esperaria-se um pouco mais.
Mas o Geeksphone Revolution vale por muito mais. A capacidade de trocar de SO em poucos minutos é, para o seu publico-alvo, uma excelente característica. Este falso dual-boot tem o futuro garantido se se confirmar a chegada do Ubuntu OS e Sailfish OS.
O preço, outro factor que acaba por ser importante, acaba por ser equilibrado. São 222 Euros (mais aproximadamente 13 Euros de portes), o que acaba por não ser excessivo para o que oferece.
Se procuram uma máquina para testar vários sistemas operativos, com uma imagem actual e com hardware que cumpre o que se compromete a entregar, então o Geekspone Revolution é uma opção. A somar a estas características ficam ainda com uma aura Geek e muito bem cotados com os vossos amigos a quem mostrarem este smartphone, com um SO que ainda ninguém tem!