As aplicações são o maior tesouro para as empresas que desenvolvem os sistemas operativos. Com as lojas, a Apple e a Google, além de trazerem programadores para desenvolver e enriquecer o ecossistema, têm um fonte de rendimento contínua. Por isso a Apple aposta nas suas lojas para apps de iOS, tvOS, watchOS e macOS. Aqui os utilizadores do iPhone levam a melhor, pois gastam sete vezes mais em aplicações do que os de Android.
Não é o dobro, nem o triplo, nem são 4 ou 5 vezes mais. Uma nova análise demonstrou que os utilizadores de iPhone gastam sete vezes mais em aplicações do que os utilizadores de Android, muito mais do que a regra geral de 4x sugerida por dados puramente anedóticos.
A métrica mais exata foi possível graças ao número muito maior de dados que as empresas têm agora de comunicar, para cumprirem os requisitos legais.
Há pelo menos 10 anos, comecei a ouvir anedotas de programadores que criaram aplicações para iOS e Android sobre a sua economia. A história é que tendiam a ter o dobro dos utilizadores que utilizavam o Android, mas que as receitas da App Store do iPhone eram aproximadamente o dobro das da Google Play Store.
A partir daí, criei uma regra geral segundo a qual um utilizador de iPhone era cerca de 4 vezes mais valioso do que um utilizador de Android. Metade dos utilizadores, pagando 4 vezes mais, significa o dobro das receitas.
Disse Horace Dediu, da Asymco, conhecido pelas suas análises minuciosas e pormenorizadas sobre a Apple.
Utilizadores do iPhone gastam mais e dão mais a ganhar
Uma década depois, há muito mais dados disponíveis. O analista diz que isso lhe permitiu chegar ao que ele acredita ser um número muito mais exato.
A Apple afirma ter 650 milhões de utilizadores ativos na App Store, enquanto a Google afirma ter 2,5 mil milhões de utilizadores activos. Isto torna o rácio global mais próximo de 4x o do Android. […]
O rácio entre as receitas manteve-se notavelmente estável, com as receitas de 2016 num rácio Apple: Google de 29:15 (1,93) e 2022 num rácio de 81:42 (1,93) […]
Assim, podemos comparar a receita da aplicação por utilizador das duas plataformas dividindo o número global de receitas pelo número global de utilizadores.
Isso equivale a uma receita mensal por utilizador de 10,40 dólares (cerca de 9,6 euros) para os utilizadores do iPhone e de 1,40 dólares (cerca de 1,3 euros) para os utilizadores do Android. E isto não inclui as subscrições dos serviços Apple!
Assim, a imagem torna-se mais clara. O cliente do iPhone é 7,4 vezes mais valioso [para os desenvolvedores] do que o cliente do Android.
Aplicações para Vision Pro vão trazer muito dinheiro
Horace Dediu também manifesta o seu otimismo em relação ao Vision Pro, sugerindo que este poderá gerar 10 vezes mais receitas.
Enquanto aguardamos com expetativa a computação espacial, a ideia de aumentar o gasto de 10 dólares por mês com um pequeno retângulo de vidro na palma da mão para talvez 100 dólares por mês com uma experiência 3D imersiva de 360 graus não me parece muito louca.
A Apple aposta substancialmente nos serviços e nas aplicações dentro do seu ecossistema. Isto porque a estratégia parece ser o de lançar produtos, equipamentos, duradouros e manter o utilizador a tirar proveito desses gadgets com as plataformas adjacentes às tecnologias. Como tal, os Vision pro poderão ser, efetivamente, uma mina de ouro para a Apple.
As outras marcas concorrentes sabem disso. Não é ao acaso que a Samsung tenta há vários anos dar visibilidade à sua loja de aplicações, onde a empresa tem um variado leque de oferta. O mesmo acontece com a Microsoft, Huawei, Amazon e vária outras empresas. Mas todas, segundo parece, estão longe, muito longe do que a empresa de Cupertino tem faturado.