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Android já oferece o que está para vir no iOS 6

As apresentações da Apple são únicas. Como disse Tim Cook há três dias, a WWDC é um evento maduro que conta já com 23 edições, portanto mais velha que muitos espectadores lá presentes nos últimos anos.

Foi lá que foram, e continuam a ser, revelados produtos “mágicos” capazes de incutir tendências em vários sectores do mercado tecnológico mundial. A “magia” é dimensionada de tal forma que juntando novidades muito boas a novidades menos boas, tudo soa a muito bom e o sucesso é sempre garantido… pelo menos durante a última década.

A Apple anunciou oficialmente a nova versão do iOS, o iOS 6, juntamente com as “mais de 200 novas funcionalidades”… que não foram “bombásticas”, até porque praticamente tudo já pode ser feito na concorrência, nomeadamente no Android. Vamos enumerar?!

Todas as novidades apresentadas para o iOS 6 pareceram “saber a pouco”, não para toda a gente, mas essencialmente para quem está mais a par e conhece o que o mercado tem para oferecer, nomeadamente em Windows Phone ou Android. A nova versão estará disponível a todos os utilizadores daqui a cerca de 3 meses, em Setembro/Outubro.

Pegando e listando todas as principais novidades apresentadas na WWDC, apresento uma pequena comparação com o que já existe, desde pelo menos Outubro do ano passado, no Android 4.0, onde a larga maioria também é extensível às outras versões mais antigas, 2.2 e 2.3.

Apple iOS 6 Android Ice Cream Sandwich
Mapas  navegação curva-a-curva, 3D (apenas para iPhone 4S e iPad 2+)  navegação curva-a-curva, 3D, modo pedestre / trânsito / trasporte, modo offline parcial
Controlo por voz  Siri  Google Voice Actions, S-Voice no SGSIII (e não só), aplicações de terceiros
Gestor de cartões e viagem  Passbook  aplicações de terceiros
Email  assinaturas únicas em cada conta, suporte para anexos limitado, filtragem  assinaturas únicas em cada conta, suporte para anexos completo, filtragem, cliente Gmail completo
Serviço de partilha  Facebook, Email e Twitter  Todos os serviços cloud e sociais
Notificações responder com texto, não incomodar responder com texto, não incomodar (por terceiros), controlo de energia
Chamada de vídeo 3G & WiFi  FaceTime, Skype, Tang, outros  Google Talk, Skype, Tango, outros
Estabilização de vídeo  Sim  Sim

 

A tabela acima não foi construída da forma que está “só porque sim”. Passemos a algumas notas.

O iOS já estava servido com uma aplicação Maps, da Google. É claro que nunca foi do interesse da Google elevar a qualidade dessa aplicação àquela existente no Android (terá feito mal?!). Sabe-se também que o Google Maps no iOS era uma forte fonte de lucro para a Google… que agora se extingue.

A Apple investe no seu próprio software de navegação, alimentado pela TomTom, e o resultado já mostrado é bastante bom para uma primeira versão. No entanto, a funcionalidade de navegação “turn-by-turn” está restrita (sabe-se lá bem porquê) ao iPhone 4S, iPad 2 e o mais recente iPad. O Maps é um serviço Google e portanto, em todas as versões do Android, é possível usar todas as funcionalidades.

Quanto à navegação offline completa, no iOS 6 não há qualquer confirmação acerca e para Android já está confirmada a navegação completa offline, sem qualquer ligação à rede, a ser disponibilizada nas próximas semanas. Será possível pré-carregar mapas de até 100 países, no maior nível de detalhe (vectorial).

Para iOS também foram esquecidos os outros meios de transporte, mais “saudáveis”, como caminhada, bicicleta ou transportes públicos. Portanto, neste ponto está o Android em vantagem.

O Siri é agora apresentado como algo mais útil, funcional e completo… para alguns países. Pode lançar aplicações (o S-Voice fa-lo), desporto em tempo real, informação de filmes, informações e interacção com restaurantes e, a maior novidade, é o alargamento da sua presença no mercado automóvel (em 12 meses) que, a ser adoptada, é um excelente meio de expansão da tecnologia.

Muitas das funcionalidades, provavelmente a maioria, serão utilizadas apenas para ver a forma “engraçada” e por vezes perfeita como é devolvida uma resposta ou é feita determinada acção. Para o dia-a-dia parece ainda pouco útil de utilizar, tendo o seu auge apenas em 1 ou 2 semanas após o lançamento, enquanto é novidade. Depois será utilizado em tarefas pontuais e alguma “brincadeira”. É claro que tudo isto é relativo ao utilizador mas encaixa, de certeza, na maioria dos utilizadores.

Ainda assim, nenhum controlo por voz / assistente consegue ser tão completo no Android como é o Siri no iOS. Vantagem para o iOS.

O Passbook foi a adaptação do universo de aplicações já existentes para uma aplicação integrada no sistema iOS. Aplicações de terceiros como TripIt, Starbucks, Flixter e muitas outras sobrepõem-se ao que o Passbook oferece. Poderia ter funcionalidade de pagamento, do género Google Wallet (acompanhado de NFC), mas é algo fora dos planos da Apple para já. Seja como for, não existe nada idêntico presente de forma nativa no Android: vantagem para o iOS.

Funcionalidades básicas como assinaturas independentes da conta de email e anexar um ficheiro não faziam, ainda, parte da oferta do iOS. A Apple dá o que quer e quando quer e, por uma funcionalidade aparentemente básica e quase do “senso comum”, ouve-se um valente “WOW” durante a apresentação na WWDC… (“no comments”).

Caixas de entrada “VIP” é algo já dominado pela Google há muito tempo.

Seja como for a aplicação de email nativa do iOS está mais rica e, mesmo havendo uma limitação tremenda nos anexos via email (só fotos e uma de cada vez), declaro um empate.

Mais uma entrada para o painel de partilha do iOS 6: Facebook. Além dos serviços integrados (Twitter, Email e Facebook), todo o resto depende de cada aplicação onde o programador decide os meios de partilha dentro da sua própria aplicação.

No Android, a inclusão de uma aplicação nas opções de partilha é tão fácil e rápida como a sua simples instalação. Tudo fica disponível como meio de partilha acessível em qualquer ponto do sistema e em qualquer aplicação. O Android é claramente mais abrangente neste ponto e segue a respectiva vantagem.

Este é o ponto onde vejo maior crítica no iOS: inclusão de opções de energia (Wi-Fi, ecrã, GPS, Bluetooth, etc) acessível a partir do centro de notificações. Ainda não foi desta que tal foi implementado, no entanto é algo já vulgar no Android.

Resposta rápida com uma mensagem é algo que também já existe no Android, na versão 4.0 e em algumas 2.2 ou 2.3, dependendo do fabricante. Função “não incomodar” não existe nativamente, apenas recorrendo a aplicações de terceiros.

No iOS 6 há ainda atalhos rápidos para Twitter e Facebook… funcionalidades colmatadas com Widgets no Android, desde sempre.

Tudo somado, parece-me um empate.

O aparecimento do Facetime no iOS foi uma boa novidade, essencialmente devido à sua qualidade estar inerente ao único tipo de ligação possível de utilizar: Wi-Fi. Houve algum descontentamento por essa restrição e cá está: Facetime via rede de dados móvel.

O Google Talk, desde a versão 2.3.4 do Android, permite chamada de vídeo através de qualquer ligação de rede de dados e entre qualquer utilizador Gmail, quer a partir de Android quer de PC (qualquer sistema operativo).

No entanto, o Facetime é restrito a utilizadores Apple e, claro está, fica automaticamente restrito a um grupo de utilizadores. Aqui, provavelmente será o Skype a prevalecer na generalidade dos utilizadores.

Empate.

O iOS 6 disponibiliza agora a funcionalidade de estabilização de vídeo, conseguindo acompanhar o sujeito até determinado ponto, contrariando o movimento / tremer de quem está a filmar. É algo que também já existe no Android: empate.


  Outras novas funcionalidades no iOS como sincronização no browser Safari (olá browser do Android ICS e Chrome) ou Photo Stream Sharing são também funcionalidades já existentes no Android.

Para muitos programadores, pode parecer que o iOS é o melhor sistema para fazer (ou tentar fazer) alguns hacks e artimanhas no sentido de melhorar o sistema. No entanto, no Android, não é preciso um nível tão complexo para fazer algo que o seria no iOS dado que, pela forma como o sistema Android está construído, tudo pode ser alterado (desde homescreen, ecrã de bloqueio, lista de contactos, marcação/chamadas, etc) sem sequer serem necessárias permissões de acesso root. No iOS, para qualquer alteração que referi, é necessário permissões root (jailbreak) e de seguida recorrer ao repositório Cydia.

Note-se que a próxima versão do Android, conhecida como Jelly Bean, será anunciada no final deste mês no evento Google I/O 2012 e poderá ser lançada na mesma altura que o iOS 6. Se isso acontecer, dependendo das novidades a serem apresentadas pela Google, o Android Jelly Bean poderá ficar uns passos à frente do que será o iOS 6, que já é conhecido. [via]

Qual a sua opinião acerca desta major release do iOS?

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