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Análise Yakuza: Like a Dragon (Playstation 4)

Os Ryu Ga Gotoku Studio lançaram recentemente o mais recente jogo da série Yakuza, Yakuza: Like a Dragon.

Cortando as amarras aos restantes jogos da série, Like a Dragon apresenta algumas novidades interessantes na forma como é ser um membro desta poderosa organização. O Pplware já experimentou o jogo da SEGA.


A série Yakuza já tem alguns anos, e ao longo dos últimos tempos tem vindo a crescer com o lançamento de vários jogos que a têm tornado numa série de referência no universo dos videojogos. (ver aqui ou aqui).

Trata-se de uma série que se baseia, tal como o nome indica, na Yakuza, que dispensa apresentações e recebeu recentemente o seu mais recente jogo: Like a Dragon.

O início do jogo apresenta-nos dois dos protagonistas do jogo. Por um lado apresenta-nos Masumi Arakawa, o líder da família Arakawa, e de seguida, dá-nos a conhecer a história do herói principal: Ichiban Kasuga.

Ichiban é um membro da família Arakawa através de uma “adoção” de Masumi que supostamente o via como um segundo filho. No entanto, um desenrolar de ações leva a um desfecho trágico que leva Ichiban à cadeia por 18 anos por um crime cometido por um membro da família Arakawa.

Quando finalmente é libertado (em 2019), tudo no seu redor mudou. As pessoas, os edifícios… até já existem smartphones e tudo! Mas algo muito mais importante mudou para Ichiban: a família Arakawa e o homem em quem confiava a própria vida (Masumi) mudaram e Ichiban é traído com uma bala disparada pelo próprio Masumi.

Após ter sido baleado, Ichiban acorda numa lixeira junto a um grupo de sem-abrigo em Ijincho, bairro de Yokohama. E é precisamente aí que começa a nossa aventura.

Inicialmente contamos com a ajuda de Nanba, um sem-abrigo ex-enfermeiro, que nos salvou. Partimos assim para a descoberta de Yokohama e das suas múltiplas atividades. Sempre com o objetivo de descobrir o que realmente se passou com a família Arakawa.

No entanto, Ijincho tem os seus próprios problemas e no decorrer da aventura, vamos encontrar outros dois personagens que se vão juntar à nossa aventura: Adachi que é um ex-detetive e Saeko Mukouda, uma empresária com algumas questões pessoais a resolver.


Ichiban Kasuga

Conforme se pode ver pelo decorrer da aventura, Ichiban Kasuga é na sua essência um tipo bom, o que nem sempre se compadece com o tipo de trabalho que tem.

Ichigan é um personagem e tanto. Por um lado é duro qb, como um membro da Yakuza deve ser, mas, por outro lado, também é um bonacheirão. Mas um bonacheirão que sabe fazer o que lhe mandam fazer, apesar de algumas vezes, fazê-lo de forma… diferente. E que também ilustra o caráter mais descontraído do jogo. Vejam o seguinte exemplo logo no início do jogo, quando lhe é pedido que tire a carteira de um trabalhador com pagamentos em atraso. No entanto, ao se aperceber que o seu dinheiro será para pagar despesas hospitalares da sua mãe, Ichiban leva apenas a carteira.

São situações como esta que abundam no mundo de Yakuza: Like a Dragon e que servem para tornar a experiência do jogo, um pouco mais relaxada e descontraída, entre as missões mais sérias.

Além dos atributos tradicionais (ataque, defesa, stamina, proteção contra magia,…) Ichiban apresenta vários traços de personalidade que evoluem com o decorrer da história. Inteligência, Bondade, Confiança, Carisma,… são alguns exemplos e cada um apresenta-se como desbloqueador de situações a dadas alturas na história. A melhor forma de os fazer evoluir será a de fazer side quests e dialogar com os personagens existentes nas ruas. Aproveito para sugerir que merece a pena fazê-lo, pois algumas surpresas estarão preparadas mais à frente…


Yokohama uma cidade repleta de atividades

Ijincho passa então a ser o local onde Ichiban mora e faz a sua vida. Trata-se de um bairro que se tem mantido ao largo da influência da OMI Alliance (que Masumi Arakawa agora domina), no entanto, também tem os seus problemas. Isto, pois, além da Yakuza local (defensora dos velhos hábitos da Yakuza), existem ainda mais dois gangues que tentam dominar a região, e é pelo meio disto tudo que Ichiban vai crescer.

Aí, começando do zero, Ichiban vai ter de arranjar forma de subir na hierarquia daquele bairro enquanto não esquece a sua missão de descobrir o que se passou com os Arakawa.

Pelo meio existem várias tramas e conspirações que Ichiban vai desmascarando. Trata-se de uma teia onde a política e policia se encontram envolvidas também.

Tal como seria de esperar, existem variadas Side Stories que vão surgindo. Tratam-se de missões simples e variadas que, além de nos permitirem adquirir experiência e dinheiro, também nos oferecem muitos bons momentos de diversão e gargalhadas.

E bem divertidas são também as chamadas de Missões de Hero for Hire (Herói de Aluguer), cujo nome diz tudo…

A cidade encontra-se muito bem desenhada e com uma grande beleza. Trata-se de uma metrópole viva e repleta de atividade. Há lojas, cinemas (com um mini jogo muito divertido), mercearias, cafés, escolas para tirar cursos (muito divertido também), restaurantes, …

Neste capitulo, os restaurantes, Snack-Bars e máquinas de vending tornam-se extremamente importantes, pois permitem recuperar a nossa HP.

Ichiban poderá ainda entrar no mundo empresarial, podendo tornar-se presidente de algumas pequenas empresas. Trata-se de um mini jogo dentro do jogo que é bastante interessante e, verdade seja dita, passa a ser um grande financiador de Kasuga, pois é desses negócios que passa a chegar uma boa quantidade de receitas. Faz todo o sentido, explorar esta vertente do jogo, não só pelas receitas que gera mas também pela mudança de jogabilidade que traz a jogo.

Até há salões de jogos onde podemos jogar títulos antigos da SEGA como Virtua Fighter.


O combate… por turnos

O combate de Yakuza: Like a Dragon é por turnos e, de uma forma que me surpreendeu bastante, funciona muito bem, e de uma forma dinâmica, ao contrário de outros jogos em que o combate por turnos se caracteriza por personagens estáticos.

Uma vez que os lutadores (tanto da nossa party, como inimigos) se encontram em constante movimento (controlado pela IA) no decorrer do combate, a luta parece muito mais movimentada e os turnos acabam por ser disfarçados.

Trata-se inclusive de um sistema que confere ao combate, uma maior densidade tática, não perdendo intensidade no decorrer da luta e adicionando umas pitadas de humor aqui e ali. Por exemplo, é delicioso ver Ichiban espetar com uma bicicleta num inimigo antes de o atacar com o seu bastão.

A tática surge com as diversas habilidades especiais que cada personagem tem. Para lançar esses ataques especiais cada personagem gasta pontos MP (barra de MP) e como são finitos a sua gestão tem de ser bem feita.

Também a direção a partir da qual lançamos o ataque pode ser importante. Por exemplo, se iniciarmos o combate do passeio para a estrada, e conseguirmos derrubar um inimigo, pode ser que um carro que passe ainda lhe cause mais danos.

É claro que as habilidades de cada um dos nossos heróis também ajuda a desmistificar o facto de o combate ser por turnos. Por exemplo, a sexy Saeko pode, a meio do combate lançar todo o seu sexy appeal para cima dos inimigos e enquanto eles ficam embasbacados com as suas linhas curvilíneas, podemos ter a oportunidade de os encher de pancada com outro membro da party.

E se existe algo com abundância nas ruas de Yokohama, são rufias, ou membros da Yakuza, sempre dispostos para andar a pancada. Todos eles são matéria-prima para os punhos de Ichiban e os seus amigos.

Quanto a controlos, o combate funciona assim:

Um aparte para indicar que relativamente aos ataques especiais, existem uns que exigem o timing certo para pressionar Triângulo, por exemplo, enquanto outros exigem um pressionar frenético no Quadrado ou outros que misturam as duas mecânicas.

Existem ainda ataques especiais que envolvem vários personagens da nossa party, em simultâneo. Uma espécie de Tag-team do WWE e que têm um efeito visual fantástico.

Acho, no entanto, que poderia ser interessante ter a oportunidade de fazer ataques surpresa quando apanhamos os grupos de rufias pelas costas.

Feitas bem as contas, trata-se de um sistema que funciona bastante bem e que faz com que o combate, mesmo sendo por turnos, seja fluído.


Profissões

Cada um dos nossos personagens tem a sua classe, que no jogo, se chama de Job (Profissão). Como em tantos outros jogos, cada Profissão atribui ao personagem, um conjunto de skills e ataques especiais (sejam ativos ou passivos) e mesmo de armas.

Adicionalmente, na vertente visual, uma mudança de Profissão leva também a uma alteração de “farda” com algumas alternativas francamente hilariantes.

Com a evolução do nosso personagem, este vai ganhando pontos de experiência que o fazem evoluir e pontos de job que o fazem ser mais profícuo na sua Profissão e desbloqueando assim, mais ataques e habilidades.

À medida que avançamos na história, vamos desbloqueando novas Profissões para cada membro da nossa party o que acaba por ser porreiro, para experimentar os vários tipos de combate e as várias habilidades de cada um.

Convém referir que quando se começa numa Profissão nova, apesar de o nível da anterior se manter, vamos começar no nível ‘1’ da nova profissão, tendo de perder o tempo necessário para a evoluir até níveis mais altos.


Uma palavra final para o excelente trabalho que os atores tiveram a dar voz aos seus personagens, carregando os seus desempenhos com emoção e adrenalina. Tanto em inglês como em japonês. Pena não haver português, pois o sentido de humor do jogo, muitas vezes depende do que se ouve.

Veredicto:

Uma surpresa extremamente agradável é o que se pode dizer de Yakuza: Like a Dragon. Trata-se de um RPG cheio, com conteúdo e polvilhado com momentos de muito bom humor.

Além da história principal, interessante qb, o jogo apresenta dezenas de horas com paralelas, com atividades diversas e divertidas, na exploração de outros pontos de interesse ou no conhecimento de várias personagens de interesse.

Uma aventura que se torna extremamente viciante pela maravilhosa construção do Mundo de Ijincho pelos Ryu Ga Gotoku Studio e que qualquer jogador que aprecie RPGs tem de experimentar.

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