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Análise WRC 10 (Playstation 5)

Em ano de celebração (quase 50 anos de WRC), a Nacon Racing lançou a edição deste ano de WRC, WRC 10. Um número redondo, para uma celebração também ela com um número redondo.

A KT Racing foi novamente a equipa por detrás do desenvolvimento de WRC 10 e sendo este o primeiro jogo desenvolvido já com as consolas Última Geração bem implementadas no mercado, será que o jogo está à altura deste momento festivo para os amantes do Rally?

Nós já experimentámos WRC 10 e vamos mostrar-vos um pouco do que vimos.


Ainda não é já, mas para lá caminha, a celebração dos 50 anos de World Rally Championship. Contudo, a Nacon parece querer antecipar a festa e o lançamento de WRC 10 para as consolas de Última Geração, será um bom motivo festejar.

Com as capacidades das novas consolas, a KT Racing teve muito por onde melhorar em WRC 10. Mas será que conseguiu? Vamos ver…


50 Anos de WRC … ou quase

Em ano de celebração, nada como um modo exclusivo para tal. Efetivamente, existe em WRC 10 um modo próprio do 50º aniversário do WRC, apresentado num menu lateral especifico, chamado Anniversary Mode. É um modo simples que apresenta bastante conteúdo histórico para os fãs mais interessados (textos explicativos do evento).

Na prática, este modo corresponde a uma sucessão de algumas das mais emblemáticas corridas (e pistas) de sempre do WRC e segue uma linha temporal direta.

É um modo retrospetivo que oferece aos jogadores a hipótese de reviver 19 eventos que moldaram a história do Campeonato e que, apresenta os seus próprios desafios. Em especial a condução dos carros dessas diferentes alturas. Tratam-se de veículos mais duros e mais crus na condução, e isso sente-se perfeitamente, e tendo de haver uma readaptação dos jogadores.

Começamos no Rally da Acrópole em 1972, passando pelo Rally Sanremo (Itália) e por aí adiante, até aos dias de hoje. A particularidade é que se tem de completar a corrida anterior antes de desbloquearmos a imediatamente seguinte.


Vamos criar uma Carreira no WRC

De regresso em WRC 10, está o Modo Carreira. E nesta edição, está mais robusto e mais imersivo ainda.

Como é normal, começa-se no WRC Junior ou WRC 3 e consoante os resultados obtidos, seremos contratados por uma equipa do WRC. E aí é que a nossa carreira começa a aquecer.

Apesar de manter uma estrutura semelhante à do ano passado, o modo Carreira de WRC 10 parece mais sóbrio e com mais conteúdo.

Existem mais profissionais que podemos contratar para a nossa equipa e o R&D encontra-se com mais opções, em todas as categorias. É uma aproximação a um sistema RPG que já vem do ano passado e a evolução da nossa árvore de R&D tem de ser bem gerida. Algumas melhorias têm impacto na performance do carro, mas outras são mais ao nível da própria equipa. Tudo isso tem de ser bem avaliado, na altura de gastar os pontos de Experiência.

Também os eventos nos quais podemos entrar entre Rallies, são mais diversificados e mais abrangentes são uma boa forma de quebrar a monotonia entre as principais etapas do campeonato.

O cansaço dos elementos da nossa equipa continua a ser um ponto a ter em conta com o decorrer da época, mas de uma forma que considero um pouco controversa. Um meteorologista que esteja cansado terá uma tendência a falhar mais nas previsões do tempo?

Dê por onde der, seja com uma boa equipa ou não, com uma árvore de R&D bem desenvolvida ou não, o que importa em última instância é a nossa performance nas etapas. Tal como na vida real, se não atingirmos os objetivos da equipa (alguns são um pouco estranhos), arriscamo-nos a ser afastados.

Além da possibilidade de se criar a nossa própria equipa e tudo o que isso implica, o jogador pode, através de um editor ingame, aplicar as suas cores aos seus carros a usar no decorrer do campeonato.

Arrisco-me a afirmar que, apesar de não apresentar grandes novidades de peso, o modo Carreira encontra-se mais robusto, apelativo e estável em relação ao ano passado.


Condução no limite

Seja como for, é ao volante que WRC 10 tem de mostrar o seu valor e neste aspeto não desilude. Muito pelo contrário… é uma experiência fantástica.

WRC 10 apresenta, em parte graças à capacidade de processamento da Playstation 5, uma condução extremamente entusiasmante. com particular destaque na perspetiva do piloto (dentro do cockpit), a sensação de conduzir os diferentes carros do jogo, é algo de superior e que, se torna numa experiência altamente imersiva.

Na grande maioria das situações, “sente-se” uma condução dos carros francamente sólida e credivel. Existe uma real sensação de inércia nas curvas, de aceleração nas retas, no derrapar do travão de mão… sente-se o trabalho da KT Racing na simulação do controlo das forças aerodinâmicas, do turbo, do sistema de travagem e por adiante.

E mais… todos esses aspetos foram moldados para ser reativos em todas as superfícies, criando experiencias diferenciadas e realistas conforme o tipo de terreno.

O elo mais fraco de tudo isto são, no entanto, as colisões. Continuam a haver algumas situações em que o comportamento dos carros em saídas de pista, não parece obedecer muito bem às Leis da Física.

Um aspeto de crucial imprtância no decorrer duma etapa de Rally, é a altura do dia em que ocorre (de dia ou de noite), e as condições atmosféricas no momento (que podem alternar durante uma etapa). Isto pois nessas condições, a falta de visibilidade tem um grande impacto na forma como se conduz.

Conduzir com sol e boa visibilidade é completamente diferente de conduzir com neblina, de noite ou num dia de chuva. E não só no que aos aspetos gráficos se refere. As pistas secas, são completamente diferentes das molhadas ou empapadas em água e lama e isso reflete-se no comportamento dos carros o que, por sua vez, faz com que os jogadores tenham de se adaptar também.

O impacto das condições atmosféricas no terreno e na forma como influencia o comportamento dos carros está bastante satisfatório, levando mesmo a uma adaptação constante do jogador e da forma como conduz. WRC é sobre conduzir no limite, mas, atenção. A condução nos limites tem as suas recompensas mas também tem os seus castigos. E WRC 10 aplica-os bem.

Por outro lado, o capítulo sonoro é também extremamente importante para criar uma simulação mais realista de uma prova de Rally. E, com efeito, WRC 10 apresenta no decorrer das provas, uma sonoridade exemplar. Desde o barulho dos motores, ao chiar dos pneus no asfalto, ao som da gravilha a ser esmagada, os próprios ruídos parasitas do carro (quando já sofreu um toque)… simplesmente fantástico.

No entanto, algo que deixou um pouco a desejar foi a sonoridade nas repetições. A KT Racing decidiu manter apenas o som do motor do carro nos replays e isso faz com que o som pareça ter sido gravados num fundo duma garagem fechada.

De regresso e com a natural importância, está o nosso co-piloto que vai debitando a um ritmo correto (pelas colunas do DualSense), as indicações sobre a pista.

Outra situação que é mais recorrente que o que se poderia esperar, é a colocação das câmaras nas repetições. Em várias ocasiões, a repetição fica ofuscada por uma árvore ou arbusto e quase não conseguimos ver o carro a passar no trecho de estrada que está a ser visualizado.

Continuo, no entanto, a achar que poderia “haver mais vida além do carro”. Sim, continua a ver-se que, apesar de existir algum movimento de algumas pessoas a acenar ou tirar fotos, tudo o resto (excetuando os efeitos de poeira, neve e gravilha) é estático o que retira um pouco de autenticidade à envolvência da etapa.

Já acontecia nas consolas de geração anterior e tenho de confessar que não esperaria ver aqui.


DualSense: ao serviço dos Rallies

Devo confessar que usando o DualSense a experiência de WRC 10 é francamente positiva. Apesar de, naturalmente perder face a um volante, não desilude e é competente em vários aspetos.

Pode-se mesmo dizer que WRC 10 tira bastante proveito do novo controlador da Playstation e das suas capacidades.

As sensações que o DualSense nos transmite consoante os diferentes tipos de terreno por onde passamos, estão francamente boas e condizentes com o que se vê no ecrã. A trepidação no cascalho, a derrapagem no asfalto, os saltos em zonas de piso irregular.

Por outro lado, os gatilhos, também se apresentam prontos para o Rally. Com a pressão variavel que o DualSense permite, temos um maior e mais fino controlo sobre a capacidade de aceleração e travagem de cada carro.

Ao nível do som, como referi mais acima, os altifalantes incorporados transmitem-nos as cruciais indicações do co-piloto (que pode ser batizado no início do jogo).


Como já referi atrás, o jogo está muito bom no capítulo gráfico, especialmente no que toca aos carros. A atenção ao pormenor foi minuciosa e cada carro está simplesmente impecável.

As pistas, por seu lado, poderia ter recebido um pouco mais de atenção. Especialmente no que respeita à falta de vida e de movimento que se nota. É tudo muito demasiadamente estático e sem vida.

Quanto às várias perspetivas de condução, as diferentes câmaras funcionam bastante bem. No entanto, e em particular nos replays que é quando temos mais tempo para reparar nestes pormenores, nota-se algo um pouco inquietante. Alguns objetos (árvores, arbustos, casas, …) surgem gradualmente no ecrã, e de uma forma muito artificial. Com as potencialidades que o sistema e hardware da Playstation 5 apresenta, esperava que este tipo de situações fosse mínimo ou praticamente inexistente.

E quase esquecia-me de mencionar, mas, o Rally Portugal de Portugal está devidamente representado com todo o pormenor que se deve exigir e WRC 10, inclui 4 novos Rallys de 2021: Bélgica, Espanha, Croácia e Estónia.

Veredicto:

WRC 10 é o melhor WRC lançado até à data. Apesar de ainda não usufruir de todas as potencialidades de processamento que a Playstation 5 disponibiliza, apresenta uma experiência de Rally extremamente sólida e emocionante. Para os fãs de Rally é um jogo que tem de estar na consola.

WRC 10

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