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Análise: Tropico 6 (Xbox One)

Quando em 2001 a PopTop Software lançou o primeiro Tropico, não imaginaria o tremendo sucesso que o jogo iria ter. Passados quase 20 anos sobre o lançamento do seu primogénito, a série Tropico continua a dar cartas. Assim, este é o ano de eleições na ilha mais conhecida do Mundo dos Videojogos. Por esse motivo, foi lançado Tropico 6.

O Pplware já teve ocasião de experimentar Tropico 6 para Xbox One.


O regresso de El Presidente!

Tal como o primeiro Tropico (e em abono da verdade, todos os seguintes) Tropico 6 coloca nas mãos do jogador a vida (e a morte) dos habitantes de uma ilha paradisíaca algures num mar tropical.

Nesse sentido, a nova versão traz como principal novidade o facto de Tropico deixar de ser a tradicional ilha isolada. Agora a ação desenvolve-se num arquipélago composto por variadas ilhas.

Esta é uma mudança bastante importante no jogo. Dessa forma, a novidade altera substancialmente a forma como o jogador (ou melhor, El Presidente), terá de gerir a nação e os recursos da mesma.

A complexidade de gerir infraestruturas, população, industria, comércio e entretenimento nas diferentes ilhas pode tornar-se numa valente dor de cabeça. Felizmente a opção de Pause continua presente.

Por falar no famoso político de Tropico, neste jogo a Limbic Entertainment implementou um sistema de personalização bastante divertido para a personagem do líder que poderá dar azo a El Presidentes hilariantes. Imaginem Hitler, vestido à Faraó e com um corte de cabelo à moicano!!!

 

Tropico é um jogo completo e complexo

Na sua essência tal como nos jogos anteriores, Tropico 6 é um jogo de gestão com alguma complexidade. Assim sendo, existem aspetos aos quais o jogador terá de dar particular atenção. Por exemplo, as matérias-primas e respetivos produtos produzidos a partir delas. Trata-se de um fluxo extremamente importante para saber manter e gerir. Se quisermos vender tábuas, teremos de produzir madeira (nos campos de madeireiros), por exemplo.

Foi tudo implementado de uma forma bastante lógica e a gestão destes processos ter de ser bem gerida. No entanto, este padece de um problema que ultrapassa o jogador deixando-o um pouco descalço.

Dado que produzimos matérias-primas e bens de consumo, desde o início do jogo que podemos exportá-los. A Coroa é tipicamente o destino preferencial. Contudo, as flutuações de interesse nos nossos bens apresentam-se bastante aleatórias.

E reparem que esse é um aspeto importante em Tropico 6: as Exportações. Apesar de existir consumo interno, este é diminuto obrigando o jogador a virar-se sistematicamente para o estrangeiro.

E isso traz muitas outras oportunidades que tanto têm de interessante como de hilariante. Por exemplo, o Cocouro. Não conhecem este fruto?

Pois bem, sendo Tropico uma ilha paradisíaca é normal que produza cocos. E, como tal, a sua exportação pode ser bastante rentável. No entanto, os cocos podem-se tornar ainda mais valiosos: por via do contrabando. Isto pois El Presidente tem a possibilidade de mandar produzir Cocouros, ou seja, cocos com ouro no interior.

Tropico sempre teve destas coisas e é precisamente um dos aspetos que mais contribuiu para o sucesso do jogo ao longo dos anos: gestão, estratégia e humor.

 

Gestão, estratégia e humor misturam-se em Tropico 6

Está também de regresso uma das funcionalidades que tem acompanhado a série e que se revela um auxílio bastante importante ao jogador, a possibilidade de centrar a câmara nos cidadãos individualmente. Entre outras coisas permite medir o pulso da popularidade d’El Presidente e das necessidades da comunidade.

E por falar em câmara, o zoom que nos é permitido é bastante generoso.

Por um lado podemos fazer Zoom In ao pormenor de poder ver em detalhe as atividades dos cidadãos, mas, por outro lado, conseguimos fazer um zoom out o suficiente para ter uma perspetiva mais abrangente do arquipélago inteiro.

Tropico 6 apresenta ainda inúmeras situações que, apesar de serem divertidas têm por base algo de concreto e podem inclusive ser usadas de forma criativa em nosso favor (como aumentar a nossa conta na Suíça, por exemplo).

Se decretarmos uma Lei Seca, será de prever que aumente o número de prisioneiros nas prisões, certo? Pois bem… e se os colocarmos a fazer trabalho público? Ou melhor, trabalho a favor da nossa conta?

 

Manter a população (e respetivas fações) feliz é difícil

O equilíbrio entre uso da autoridade, a liberdade, a diversão e o conforto é extremamente difícil e requer, não só muito dinheiro como muitas tomadas de decisão, por vezes controversas.

Por exemplo, as variadas fações (Comunistas, Religiosos…) existentes em Tropico são extremamente exigentes.

Regularmente lançam-nos pedidos (construir um edifício, produção de um bem,…) e não raras vezes lançam-nos ultimatos. É claro que isto pode ser minimizado, por exemplo, se algum líder desaparecer misteriosamente.

 

Alguns ultimatos dados pelas fações parecem descabidos e pouco lógicos

Neste capitulo a inteligência artificial revela-se pouco astuta. Isto, pois existem pedidos que nos são feitos que fazem pouco sentido. Por exemplo, se em determinado momento a cobertura de assistência médica nas ilhas for insuficiente, seria de esperar que nos surgisse um ultimato para construir uma Clínica, no entanto, surge uma exigência de mais uma quinta de milho.

Sendo o objetivo principal o de nos mantermos durante o máximo tempo possível no “poleiro”, o caminho por vezes turva-se. As boas práticas de liderar nem sempre se revelam como o caminho mais eficaz ou mais fácil para gerir a nação e os cidadãos. Tropico 6 dá total liberdade aos jogadores para decidir os seus meios para obter os seus fins.

E esses meios podem passar por tomadas de decisão … digamos… mais obscuras… (assassinatos, corrupção ativa, etc…). No entanto, há sempre a possibilidade de fazer uma gestão democrática da ilha “by the book” e tendo em atenção alguns bons princípios. Pode é dar mau resultado!

E pode dar mau resultado por muitas razões. Seja pelo dinheiro escoar a um ritmo louco, seja pela insatisfação que se vai gerindo nas diferentes fações existentes… o líder cai!

 

A história é uma parte importante na gestão das ilhas

À medida que vamos avançamos no tempo, vamos também passando por várias épocas marcantes da História. Estas diferentes Épocas, que vão sendo desbloqueadas com o decorrer do jogo, são baseadas em Eras reais e trazem um pouco de sensação de novidade ao jogo.

Cada momento da história traz os seus próprios desafios, como novas infraestruturas (edifícios, por exemplo) e decisões a serem tomadas. A Época Colonial ou a Guerra Fria são alguns exemplos.

No que respeita aos modos de jogo temos o modo Campanha que na realidade se trata de uma sucessão de objetivos, e o modo Sandbox que, não tendo objetivos específicos a concluir, se pode definir como uma experiência de entretenimento para ser levada com carácter descontraído e relaxado.

O Modo Sandbox permite inclusive a definição de diversos parâmetros de dificuldade. Por outras palavras, permite a criação da ilha dos nossos sonhos.

Tal como acontece noutros jogos do género, a quantidade de informação disponibilizada para cada edifício é, na maior parte das vezes, suficiente para ajudar na sua gestão. Contudo, em Tropico 6 viemos a dar conta que, por vezes se torna complicado ter uma noção exata das necessidades de alguns edifícios para poder laborar devidamente.

 

Uma interface que funciona e prende a atenção do jogador

No que respeita à interface, a opção escolhida pela Limbic passou pela criação de um Menu de opções sob a forma de uma roda dentada. Algo já usual nos jogos de estratégia (e não só) para consolas: funcional e eficaz.

Contudo, apesar de simples de usar, uma vez que as opções e subopções são tão diversas, torna-se por vezes difícil encontrar um determinado edifício. Ainda neste capitulo, notámos (na nossa Xbox One), um frequente Freeze (2 a 3 segundos) na escolha dessas opções.

Por fim, Tropico 6 tem um tutorial extremamente robusto e completo. Quer para os novatos ou para os mais esquecidos trata-se de um apoio extremamente importante, pois abrange todas as áreas importantes do jogo.

No entanto, e mesmo sendo bastante completo, o tutorial não explica tudo pelo que há muito para o jogador descobrir ao longo do jogo.

Veredicto:

Tropico 6 é uma extensão bastante interessante para a série. Apresenta melhorias e novidades (de onde sobressai o facto de se ter tornado num arquipélago) que aumentam a vertente estratégica do jogo, mantendo em simultâneo toda a complexidade de gestão que o jogo nos tem habituado.

Em resumo, quem gosta de títulos de gestão (City Building) e com um pouco de humor à mistura, Tropico 6 é um jogo a ter debaixo de olho.

Tropico 6

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