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Análise Syndrome (Playstation 4)

O que fariam se acordassem completamente sozinhos numa nave espacial à deriva e sem saberem o que aconteceu ao resto da tripulação? Para onde iriam? E se, de repente, alguém falasse convosco pelo intercomunicador da nave, pedindo ajuda? Confiariam?

É este o mote de Syndrome, um jogo de survival-horror desenvolvido em Portugal pela Camel 101 e pela Bigmoon Entertainment. É posto à prova o sangue-frio dos jogadores, que vagueiam pela nave espacial Valkenburg à procura de respostas para os macabros acontecimentos que tiveram lugar a bordo. Vamos tentar perceber um pouco mais deste jogo e descobrir se a Valkenburg chegará a bom porto ou se ficará, para sempre, à deriva no espaço.


Galen, um dos responsáveis técnicos da nave, acaba de acordar na sua câmara criogénica. Desorientado e só, não demora muito a perceber que algo bastante anormal se passou na Valkenburg. O resto da tripulação desapareceu e Galen tem de percorrer a nave sozinho à procura de respostas. O ambiente é sombrio e a tensão sente-se no ar, sobretudo se o jogo for jogado à noite. É impossível não ficarmos relutantes antes de darmos um passo, qualquer que seja, pois nunca sabemos o que vamos encontrar ao virar de cada esquina ou atrás de cada porta.

No fundo, isto é exactamente o que se pretende em qualquer jogo do género: o receio de seguir em frente, o coração a palpitar um pouco mais depressa sempre que entramos em terreno desconhecido ou sempre que ouvimos um ruído inesperado a ecoar pelos corredores de uma nave onde, aparentemente, não está ninguém. Neste aspecto, Syndrome cumpre e surpreende. O ambiente sombrio do jogo lembra-nos uma qualquer nave abandonada da série Alien e condiciona – desde o início – a capacidade de o jogador enfrentar a aventura de ânimo leve. Também os efeitos sonoros estão bastante bem conseguidos, transmitindo para quem joga a sensação de que, a qualquer momento, pode ser atacado por algo saído das sombras.

Um outro aspecto que acaba por contribuir para o aumento do ritmo cardíaco é também a pouca abundância de armas e munições, que nos força a ser o mais furtivos possível para evitar a deteção.

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Apesar de os aspectos acima descritos estarem bem conseguidos, existem alguns pormenores que – vendo mais de perto – não se justificam em consolas de última geração. Um exemplo ilustrativo são os gráficos: se, como descrevemos, contribuem de forma decisiva para o ambiente sombrio e opressivo da nave, basta aproximarmo-nos um pouco mais para perceber a total ausência de texturas ou relevos. Os cenários estão bem idealizados mas a sua concretização acaba por deixar muito a desejar, o que estraga bastante a experiência.

Um outro aspecto bastante negativo do jogo é o tempo relativamente longo de carregamento sempre que o jogador transita de uma área para outra. Não havia necessidade de o jogo demorar cerca de um minuto a carregar – ou mais, em alguns casos – apenas porque entrámos numa nova zona da nave. Isto acaba por quebrar a dinâmica que se quis imprimir ao jogo.

Quanto à história, embora bem imaginada, acaba por ser um cliché, não dando um contributo muito significativo ao jogo. Relativamente ao gameplay, detectámos alguns problemas – para além de uns quantos bugs gráficos – relacionados com o progresso do jogo. São demasiadas as vezes que é necessário andar para trás e para a frente (ou porque é necessário ir buscar um cartão de acesso a uma determinada zona ou porque precisamos de voltar atrás para desempenhar uma determinada tarefa), o que em certos momentos deixa a sensação de que o jogo entrou em modo loop.

Veredicto

Syndrome cumpre bem o seu papel de survival-horror graças ao ambiente tenebroso e aos efeitos sonoros que nos fazem dar saltos no sofá. Mas, infelizmente, quando começamos a ir um pouco mais ao pormenor, acabamos por detectar algumas falhas que desiludem, principalmente no que diz respeito aos gráficos. Tempos de carregamento muito longos e alguma repetição dos cenários são um golpe duro na dinâmica do jogo, o que corta bastante a emoção que o jogo nos transmite. O enredo base está bem imaginado mas é um pouco cliché, já havendo alguns jogos com temática semelhante.

No geral ficamos com a nítida convicção de que Syndrome, mesmo sendo um jogo bastante razoável, merecia mais e melhor.

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