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Análise Star Wars: Jedi Survivor (Xbox Series X)

4 anos após o lançamento de Star Wars: Jedi Fallen Order, o jogo que nos apresentou Cal Kestis e uma nova forma de vivenciar o universo Star Wars, eis que é lançado Survivor. Trata-se do regresso do jovem Jedi que continua na luta contra o Império pela restauração da Paz e Ordem galáctica. Já vestimos as vestes do Jedi Cal Kestis. Venham ver…


É novamente pelas mãos da Respawn Entertainment que nos chega o segundo episódio de Cal Kestis e da série Star Wars: Jedi.

Seguindo as pisadas que Cal Kestis deu inicialmente em Star Wars: Jedi Fallen Order, em Survivor a ação decorre alguns anos após os eventos do primeiro jogo e a aventura agora é diferente e com novos perigos.

Após os eventos de Fallen Order, Cal e a sua tripulação seguiram caminhos separados e rapidamente Cal se tornou num dos homens mais procurados pelo Império. Continuando a sua luta e com uma nova equipa de mercenários, Cal é assinalado como terrorista e na sequência inicial do jogo, é capturado pelas forças do Lado Negro.

No entanto, Cal Kestis consegue fugir com uma ajuda inesperada e acaba por aterrar de emergência no planeta Koboh, local onde vai descobrir que a luta continua na clandestinidade e que não está sozinho.

Koboh localiza-se nos Outer Rim Territories, e é um planeta vasto que o jogador tem para explorar. Esta é, aliás, uma das principais características de Survivor: liberdade de exploração, apesar de não se aplicar de forma tão extensa nos restantes planetas que podemos visitar, como Coruscant, Jedha, Tanalorr, Shattered Moon, ou Nova Garon.

A partir do momento em que aterramos em Koboh que nos começamos a aperceber da dimensão deste planeta e da imensidão que temos por explorar e descobrir. É claro que não é imperativo que assim seja. Os jogadores podem se limitar a seguir a missão principal do jogo mas, se assim o fizerem, perderão muita da magia que Survivor tem para oferecer.

Koboh, de tão vasto que é, apresenta vários tipos de ambiente e cada qual com os seus próprios desafios, que envolvem a topologia dos terrenos ou mesmo a fauna local. Além disso, o planeta é um local extremamente importante pois é aí que encontra muita informação e “sente” muitos ecos do passado, sobre a Antiga Republica e a antiga Ordem Jedi. É um planeta que dá gozo explorar e apreciar.

Nesse processo de exploração reside um outro problema que já vem desde Fallen Order: mapa. O mapa que nos ajuda a interpretar onde estamos e para onde devemos ir surge-nos novamente como um holograma e, apesar da ideia ser fantástica, há algo que não está a ser devidamente implementado. Ainda existe alguma confusão visual na forma como o mapa nos é mostrado e torna-se complicado decidir o caminho a seguir, em particular quando existem vários planos horizontais.

Tal como referi, em Koboh (e noutros locais), Cal irá descobrir uma tremenda capacidade de informação muito sobre o passado dos Jedi e, no seguimento, descobrimos ainda que existe um local escondido do Império, no qual poderá haver mais informação e dados sobre a Ordem Jedi. Trata-se de Tanalorr e toda a aventura de Survivor, corresponde á incessante procura por esse planeta, que pode ser o último bastião dos Jedis.

Uma nota de destaque para a tremenda base de dados de conhecimento que Survivor apresenta, que é simplesmente massiva.

A narrativa de Survivor encontra-se coerente com aquilo que Fallen Order nos introduziu. Para muitos, não será uma história muito aliciante e empolgante. É verdade mas, também é verdade que representa a continuidade do primeiro jogo e isso faz muito bem.

E não só nos fornece continuidade em relação a Fallen Order como também nos presenteia com muito conteúdo novo acerca do universo Star Wars, seja do presente, seja do passado. Para os fãs Star Wars e curiosos acerca deste rico e interminável universo, há aqui muitos motivos de interesse.

Bem, mas voltando a Koboh e, tal como referi anteriormente, trata-se do planeta central de toda a trama de Survivor, funcionando como eixo central da ação e ponto de partida para as missões em que Cal e amigos participam. O que é pena, pois a mecânica principal do jogo começa em Koboh e, regressa quase sempre ao planeta, após visitarmos outros locais. Torna-se um pouco limitativo…

E trata-se de um planeta que se encontra deliciosamente criado, apresentando uma beleza e criatividade bem dentro dos padrões daquilo que se pode esperar dum jogo Star Wars. Os habitantes, os lugarejos, as ruínas. Até mesmo a fauna local (que podemos usar como montadas), está perfeitamente embebida da mística Star Wars que só os apreciadores sabem identificar.

É um planeta relativamente árido e que apresenta muitas zonas montanhosas, repletas de trilhos com inúmeros obstáculos, vida selvagem hostil e inimigos, muitos inimigos. Por exemplo, os Raiders encontram-se por todo o lado e à medida que avançamos na história, vamos também libertando a população de Koboh, libertando-os quer dos Raiders, quer das forças do Império (Stormtroopers, Drois, entre muitos outros inimigos).


Cal Kestis cresceu bastante desde Fallen Order e em Survivor apercebemo-nos que se tornou num Jedi mais completo e mais sóbrio. Mas, mais afoito também o que lhe traz mais peripécias e desafios, claro!

Tal como no jogo original, Cal utiliza a meditação (em determinados pontos de meditação espalhados equilibradamente pelos mapas) para se aperfeiçoar. Existem 4 categorias principais para as quais podemos gastar pontos de Skill e melhorar habilidades de Cal: manuseio do Sabre de Luz, Skills de Sobrevivência, uso da Força e Pistola Laser.

Cada uma dessas categorias, apresenta várias ramificações de habilidades (passivas ou ativas) que poderemos melhorar e que vão tornando Cal mais forte e mais resiliente, quer em combate, quer na exploração dos mapas.

Por outro lado, também temos de regresso as Stances, ou Posturas para empunhar o Sabre de Luz. Além do uso tradicional de uma Single Blade e Dual Wield, podemos agora usar dois sabres (ao estilo de Darth Maul) ou usá-lo com a pistola laser. Esta última opção é fantástica para manter alguns inimigos longe, ao mesmo tempo que tratamos dos mais perto. Cada Stance tem a sua própria árvore de skills a desbloquear o que aumenta em larga escala a capacidade tática do uso de cada uma.

Independentemente da Postura que mais for do vosso agrado, existem ocasiões (mesmo nos modos mais fáceis) em que mudar de Postura pode ter um impacto significativo em combate. É extremamente intuitiva e simples a forma como mudamos de Postura (com as teclas direcionais esquerda ou direita) e ainda mais empolgante experimentá-las nos pobre soldados do Império. Se a isso adicionarmos o inteligente uso da Força em combate, estaremos perante um sistema de combate francamente brilhante.

Uma novidade em Survivor que a Respawn decidiu implementar foi o sistema de Talentos. Na realidade tratam-se de novos perks que podemos “instalar” em Cal e que funcionam como boosts específicos para determinados aspetos do jogo (aumento da capacidade de bloqueio, poder de fogo,…).

Sim! Com efeito, o sistema de combate de Survivor encontra-se fantástico e é um dos pontos fortes do jogo. Mesmo descontando alguma estupidez nativa de alguns inimigos. A forma como a Respawn conseguiu integrar o uso da Força, com o uso do Sabre de Luz, com a pistola laser e com a mobilidade de Cal encontra-se deliciosa e fluí com a ação, sendo que a história de cada combate escreve-se a cada pressionar dos botões.

Não posso afirmar que o combate seja demasiado exigente. Existem bosses e algumas alturas em que parece ser avassalador e esmagador mas, no computo geral, é equilibrado qb para os jogadores poderem apreciá-lo na sua totalidade sem correrem o risco de entrarem em depressão.

E isso é importantíssimo, pois o jogo consegue manter-se exigente e empolgante ao longo da sua duração, o que é impressionante. Geralmente, os jogos tendem a facilitar à medida que vamos avançando na história e evoluindo o personagem mas, em Survivor, esse grau de exigência mantém-se ao longo do jogo todo.

E atenção! O jogo apresenta também uma certa dose de violência. Existem tremendos finishes, com as suas doses de brutalidade mas que, encaixa perfeitamente no universo do jogo. Existem desmembramentos, decapitações,… e muito mais que, fazendo sentido no jogo, acabam por ser mais delicados quando vistos por público mais jovem.


Survivor apresenta vários desafios usando o meio ambiente e elementos do cenário. Apreciei bastante da forma diversificada e inteligente como alguns desses desafios foram criados e dispostos no nosso caminho. Mas mais… nenhum desses obstáculos é demasiado difícil de ultrapassar, bastando na maior parte dos casos, pensar um pouco no desafio e nas habilidades e ferramentas que Kestis tem ao seu dispor (incluindo o seu robot, BD-1).

Uma das mais imaginativas refere-se ao uso da Koboh Matter, uma substância que é destruída por vários dos feixes que existem nas instalações de Survivor e que, de forma bastante inteligente e criativa, poderá ser usado para criar trajetos pelas paredes e chão para desobstruir bloqueios.

São desafios que dão realmente prazer em ultrapassar pelo que o jogo nos incentiva constantemente a tentar vencê-los, não só para atingir os objetivos principais, como para descobrir zonas secretas e tesouros escondidos.

Existem alguns obstáculos que exigem a combinação de várias habilidades de Cal. Saltos, invocação da Força, agarrar ao teto… essa sucessão de ações, que por vezes não é perceptível da primeira vez, encontra-se perfeitamente encadeada e de uma forma extremamente lógica e clara. Sem dúvida que Survivor é um jogo que apresenta aos jogadores um vasto leque de desafios diversificados, empolgantes e que se tornam viciantes de ultrapassar.

Há ainda, uma forte necessidade de voltar a locais já visitados para resolver quests mais complicadas o que aumenta um certo sensação de repetitividade mas que no final flui de forma tranquila.

Algo que desde cedo o jogador se apercebe é que Kestis, além de usar a Força e de ser um tremendo espadachim, também é um atleta fantástico. Dessa forma, consegue ultrapassar barreiras, precipícios e outros obstáculos correndo, escalando, saltando, correndo pelas paredes (o que desafia de forma absurda as Leis da Física), andar pendurado nos tetos,… Este é um dos pontos mais forçados do jogo, dando a Cal uma imagem de praticante sobrenatural de parkour.

De qualquer forma, e como se tem vindo a tornar natural em jogos desta dimensão, existem ainda alguns problemas por resolver que patches e fixes futuros resolverão. Alguns com impacto na jogabilidade, como o desaparecimento de interação com objetos essenciais para ultrapassar determinados desafios, ou situações em combate em que os inimigos estupidificam abruptamente,…

Outro aspeto que fica um pouco aquém, corresponde aos nossos companheiros de aventura. Em determinadas secções do jogo, somos acompanhados por Merrin ou Bode naquela que considero uma oportunidade perdida pela Respawn. Apesar deles nos acompanharem e em breves momentos nos ajudarem a lutar contra os maus da fita, durante a maior parte do tempo, passam despercebidos e alheios ao nosso trabalho, aparecendo apenas perto do final da secção. Poderia ter-se ganho tanto em termos de emotividade e estratégia, se pudéssemos ser acompanhados em largas seções por estes aliados e se lhes pudéssemos dar mais ordens e instruções.


Como seria de esperar, ao longo da nossa demanda para encontrar Tanalorr, Cal Kestis vai encontrando inúmeros NPC amistosos. Geralmente, dão informações úteis mas existem alguns que nos encarregam de missões. Missões secundárias como as que Caij Vanda nos solicita que a troco de derrotar Bounty Hunters nos enche a Mantis de itens valiosos. Trata-se de um pequeno exemplo do muito que existe para explorar e fazer em Survivor, o que faz o jogo ser, massivo.

E por falar em Mantis. Lembram-se das estranhas sementes alienígenas que, em Fallen Order, íamos colhendo pelos diversos planetas e que plantávamos na Mantis? Pois bem! Estão de regresso e em dose dupla (são mais de 100)! No entanto, em vez de serem plantadas na nossa fiel companheira Mantis, agora são carinhosamente cultivadas em Koboh, num Rooftop que temos ao nosso dispor por cima do bar de Greez (chamado de Pyloon’s Saloon).

Os planetas que visitamos encontram-se abundantemente recheados com esconderijos e arcas onde encontramos inúmeros colecionáveis (data discs, memórias da Força, scrolls,…) e itens que podemos usar para personalizar Cal, as suas roupas, BD-1, a Mantis ou mesmo a sua pistola laser. A capacidade e personalização de Survivor é tremenda e deliciosamente completa e não vai apenas ao nível das cores. Por exemplo, o Sabre de Luz pode ser personalizado ao nível do material de que é feito e ao nível da forma de cada componente individual.


Star Wars Jedi: Survivor será talvez, o jogo mais interessante, empolgante e mais bem desenhado do Universo Star Wars, que tive a oportunidade de experimentar nos últimos anos. Tem alguns problemas e faltas de ambição, é verdade, mas no computo geral, é um jogo que se encontra embebido do espirito Star Wars, num universo massivo para explorar, e que se faz acompanhar por um sistema de evolução de Cal robusto e equilibrado. Ah, e não esquecer… com um sistema de combate simplesmente fantástico.

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