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Análise Shadow of the Tomb Raider (Xbox One)

Nos tempos que correm dificilmente encontramos alguém que não conheça o nome de Lara Croft. Este é o legado de mais de 20 anos de Tomb Raider, tanto no cinema, como nos livros e também nos videojogos.

Ao longo dos últimos anos a família Croft tem ultrapassado barreiras e obstáculos não se vislumbrando no horizonte qualquer abrandamento. Recentemente foi lançado mais um videojogo da série.

E o Pplware não se fez rogado. Já nos aventurámos em Shadow of the Tomb Raider.


A aventureira mais conhecida do planeta está de regresso com Shadow of the Tomb Raider, um jogo que gerou fortes expetativas ao longo do último ano e que prometia vir a revelar-se como um dos melhores títulos da série.

Para quem tem acompanhado evolução recente dos jogos/filmes, estará a par dos esforços da Warner Bros em construir gradualmente uma personagem de Lara Croft diferente. Lara vai-se aos poucos apresentando mais madura, mais sóbria e também mais dura.

Shadow of the Tomb Raider segue precisamente nesse sentido e acompanhamos Lara Croft e o seu fiel cozinheiro e amigo, Jonah Maiava numa aventura rumo às selvas sul-americanas numa luta contra o tempo para evitar que a Trinity despolete um cataclismo que poderá destruir a Humanidade.

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Tal como nos jogos anteriores, Shadow of the Tomb Raider (aventura singleplayer) atribui claramente uma maior ênfase à exploração. Os cenários (abertos à exploração) são diversificados qb e apresentam inúmeras configurações o que se traduz em bastantes localizações para explorar. Mesmo não se estando em nenhuma missão é recompensador apenas passear pela floresta luxuriante, pelas tumbas extremamente vem desenhadas ou pelas belas ruínas Maias que abundam na selva peruana. E há tantos colecionáveis e pontos de interesse que facilmente as horas passam por nós sem darmos por isso.

Sendo o jogo passado em cenários abertos à exploração, cada qual com inúmeras quests, colecionáveis e NPCs importantes, é de esperar que o jogador passe grande parte do tempo a aventurar-se pela selva e ruínas dispersas. Esse é, sem dúvida, o ponto alto do jogo, pelos pormenores que invadem o nosso ecrã quando o fazemos.

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E não estaríamos a falar de Tomb Raider se não houvessem enigmas para resolver. Há e muitos mas mais importante que isso é o facto de haver uma grande diversidade na forma como eles se nos apresentam e ainda mais na forma como os resolvemos. É raro depararmo-nos com um novo quebra-cabeças e pensar “Eu já vi isto“. E isso faz com que os jogadores tenham de puxar pela cabeça cada vez que se depararem com um novo quebra-cabeças.

E engane-se quem pensar que a dificuldade desses quebra-cabeças é reduzida. Nada disso! Obriga-nos, não só a saber olhar para o meio envolvente como também a puxar pela cabeça. Mesmo assim, para os casos mais complicados a Crystal Dynamics implementou um sistema de ajudas (que podem ser desligadas) que dá uma mãozinha (como o uso dos Survival Instincts).

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Tudo isto não quer dizer que não haja ação e combate. Pelo contrário, mas o equilíbrio entre ação e exploração (e tumbas e desafios) é bastante sensato. E, aliás, Lara já não é tão inofensiva quanto isso e ao longo dos últimos jogos temos vindo a conhecer uma Lara Croft mais rija e com uma personalidade mais matura. Lara é agora mais dura e letal e como tal também não vira costas ao combate.

Sendo uma aventureira atlética desde bem cedo (desde criança, atrevo-me a dizer… e mais não digo!), Lara é também uma lutadora poderosa e que consegue usar o meio ambiente em seu favor. Isso vê-se principalmente em situações de emboscada, arte na qual Lara é particularmente mortífera. Graças a uma perfeita combinação entre ambiente circundante e movimentos de Lara, a Crystal Dynamics permite ao jogador usar todo o tipo de obstáculo ou objeto para se esconder e lançar ataques fulminantes sobre os seus inimigos (cimo de uma árvore, de um muro, de debaixo de um carro,…).

Um dos exemplos mais bem conseguidos corresponde ao uso da lama para nos camuflarmos, ou quando nos encostamos a muros repletos de heras para passar despercebidos e apanhar inimigos desprevenidos, dando origem a killings fantásticos.

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Mas, Lara não se fica por aí e quando tem de agarrar nas armas, também as maneja com mestria. A sua arma favorita é o seu fiel companheiro arco e flechas, mas tão depressa o usa como pega numa caçadeira e varre os inimigos a chumbo. No entanto, o arsenal à disposição de Lara não é muito vasto podendo aqui ter-se perdido uma oportunidade de introdução de novas armas no jogo, como zarabatanas ou outras armas nativas. Seja como for, as armas que há são importantes em dados momentos do jogo mas mais importante ainda é o que fato de cada uma pode ser aperfeiçoada, bastando para isso ter as matérias primas adequadas.

Essas matérias-primas que vamos recolhendo ao longo do jogo (plantas, peles, pedras, minerais,…) têm particular importância, não só porque podem ser vendidas como também permitem a construção ou melhoria de utensílios, munições, remédios… por exemplo, existem plantas com poderes diversificados que permitem à Lara melhorar temporariamente alguns atributos como concentração, pontaria ou velocidade após a sua ingestão.

Existe ainda uma generosa árvore de evolução de Lara e suas habilidades (caçadora, guerreira ou coletora), na qual desbloqueamos perks novos e melhoramos as suas habilidades através de pontos de XP que vamos ganhando. Lara é uma sobrevivente e como tal a maior parte das perks disponíveis faz dela uma melhor sobrevivente (respirar mais tempo debaixo de água, perceção do coração dos animais de grande porte, …)

Outra forma de adquirir novos itens ou armas surge quando avançamos por diversas localizações onde existem comerciantes peruanos. Aí podemos comprar e vender um pouco de tudo mesmo sendo por vezes estranho como por exemplo ver uma indígena velhota a vender caçadeiras.

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Tenho de confessar que durante o jogo fiquei um pouco desiludido com a IA, que revela inimigos pouco astutos. Mesmo havendo variados níveis de dificuldade há pormenores estranhos, como por exemplo, quando eliminamos um inimigo com outro por perto e ele nem nota. Mas de forma geral, os inimigos (humanos e animais) comportam-se bem e com credibilidade.

Mas foquemos a nossa atenção agora para outras habilidades de Lara, igualmente ou mais importantes para a sua sobrevivência nesta selva. Uma das coisas que desde cedo se nota em Shadow of the Tomb Raider é que a menina Croft é uma atleta poderosíssima. Desde cedo verificamos que ela domina habilidades diversas como o rappel, slide ou escalada. Isto é importante pois em inúmeras situações é a única forma de progredir ou ultrapassar um obstáculo.

Esta vertente atlética de Lara poderia ter sido melhor explorada quando em combate. Como seria fixe andarmos numa liana e atirarmos-mos em pleno ar e fazer um kill vindo do ar.

O uso do arco e flecha ganha também uma importância redobrada no jogo quando usada com uma corda atada. Isto faz uma seta pode transformar-se numa ponte entre duas zonas distantes, extremamente útil em múltiplas situações. Mas não só. O uso da seta com corda funciona também em inúmeras ocasiões como gatilho para engenhos e armadilhas. De uma forma simples, clara e lógica.

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A maior parte desses momentos encontra-se bastante bom e fluído no decorrer da ação. Existem alguns momentos que exigem grande destreza com os dedos e analógicos. Por exemplo, quando temos de usar o arpão para balançar de apoio em apoio numa escarpa exige pontaria mas timing no momento de lançar o arpão (X). Outro exemplo, surge no combate com os animais da selva, em que temos de nos soltar das suas mandíbulas para lhes dar a estocada final.

Um dos problemas mais recorrentes do jogo prende-se com algumas quebras de framerate que ocorrem em especial nos momentos de transição de animações para a ação. Não é nada de desastroso mas cria um momento de disrupção temporário. Muitos desses casos referem-se a interações com personagens do jogo. E tratam-se de personagens com conteúdo o que ajuda a manter a história colada com a ação. Um pormenor, que não sendo novo não deixa de ser interessante, que é o fato dos NPCs poderem falar na sua língua natal (com legendas).

E esses diálogos são em si, um sinónimo de vida mas também da diversidade que Shadow of the Tomb Raider tem para nos apresentar. Isto porque muitos desses nativos nos fornecem missões, que não sendo muito exigentes, transmitem algo de novo à aventura.

No entanto, não podemos nunca esquecer-nos que o meio ambiente peruano não está do nosso lado e a todo o momento pode matar-nos. Armadilhas, falésias, animais selvagens, …ao virar de cada esquina podemos ter uma destas surpresas à nossa espera.

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Também o conteúdo histórico que o jogo disponibiliza é de louvar. Ao longo da aventura vamos encontrando estátuas, totens e outros objetos que nos vão criando uma espécie de enciclopédia sobre a cultura Maia e que é simplesmente impressionante… e rica. Muitas vezes, diversos jogos são criticados por apresentarem pouco conteúdo de interesse e, neste capítulo, Shadow of the Tomb Raider é uma tremenda exceção à regra. E ainda bem… quantidade e qualidade de conteúdo histórico e arqueológico é impressionante.

Por fim, no capítulo sonoro, o jogo encontra-se extremamente interessante. Os efeitos sonoros estão impressionantes assim como a maior parte das vozes também se adequa ao que se vê. Talvez algumas interpretações não estejam assim tão inspiradas mas na sua generalidade as vozes e entoação ajudam a criar o tal carisma das personagens principais.

Veredito

Shadow of the Tomb Raider é o tão esperado regresso de Lara Croft. Uma aventura rica onde há muito por fazer e explorar, nunca esquecendo as origens da nossa aventureira. Quem gosta de jogos de aventura, tem aqui um título que deverá possuir perto da sua consola.

Numa altura em que todo o mercado gaming foca as suas atenções no online e multiplayer, é caso para dizer “Felizmente que ainda se produzem bons jogos singleplayer

Shadow of the Tomb Raider

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