Pplware

Análise Need for Speed: Payback (Xbox One)

Quer se goste quer não, Need for Speed corresponde a um marco importante na História dos videojogos. Com uma idade superior a 20 anos é uma das séries de jogos dedicadas ao mundo automóvel com maior longevidade e sucesso, apesar dos últimos lançamentos terem deixado uma ligeira sensação de “esteve quase…“.

Aliás, foi em grande parte por causa dessa sensação de alguma insatisfação que o lançamento de Need for Speed: Payback adquiriu uma particular importância.

E eis o momento. Need for Speed: Payback já “estás na rua” e o Pplware já teve oportunidade de o guiar.


A série Need for Speed dispensa apresentações. Trata-se desde o primeiro momento de um tipo de jogos com uma jogabilidade muito mais virada para a diversão a grande velocidade que vocacionada para a simulação e Payback surge precisamente nessa sequência. Nota importante: Need for Speed Payback é um jogo Arcade e não uma simulação.

Utilizando o motor Frostbite (que tão bem deu conta de si em FIFA 18), Payback leva-nos até a Fortune Valley, uma zona virtualmente gémea de Las Vegas, numa história repleta de acção, intriga, traições e claro está, grandes cilindradas.

A história por detrás do jogo, pode ser considerada um pouco cliché, mas consegue o seu objectivo de atribuir uma linha de orientação que vai unir a acção no decorrer do jogo. Tyler Morgan(o nosso personagem principal), Mac, e Jessica são os membros principais do nosso grupo de jovens indomáveis e sem medo que vão enfrentar um gang local, The House. Com uma história de traição pessoal à mistura, Tyler vai, através de uma sucessão de episódios tentar derrotar The House e o Coleccionador (que está por detrás)

O facto do jogo assentar numa narrativa forte e basear-se numa mecânica episódica permite-lhe uma abordagem completamente nova à forma como o jogamos. Permite dessa forma uma base de contexto para o que se vai passando, missão após missão o que o torna numa aventura com sensação de continuidade.

O jogo encontra-se muito cinematográfico e, devo confessar que gostei particularmente desse aspecto. As varias cutscenes que são introduzidas no decorrer do jogo estão simplesmente brutais e conseguem dar um pouco mais de cor e sal a uma história algo sensaborona. Logo no arranque do jogo são-nos mostradas algumas cutscenes extremamente bem conseguidas que incluem perseguições a alta velocidade, golpes motorizados. Neste aspecto o trabalho da Ghost Games está perfeito e com um estilo muito Fast and Furious.

anterior próxima

Tal como referi esta história de vingança sobre rodas passa-se em Fortune Valley que, se apresenta como um mundo open-world gigantesco e com uma imensidão de motivos de interesse. É extremamente interessante ver como cada zona de Fortune Valley, apresenta diferenças notórias quer ao nível da geografia, quer ao nível do ambiente no geral. Por exemplo, podemos encontrar uma zona mais acidentada a Oeste (Mount Providence) com montanhas repletas de floresta, ou o desértico Silver Canyon, culminando na cidade de Silver Rock a Sul. Silver Rock trata-se de uma metrópole que poderia estar melhor conseguida mas que acaba por estar bastante interessante, especialmente nos túneis subterrâneos pelos quais também podemos correr. Pistas, corridas de rua, rampas, túneis, … existe um pouco de tudo na cidade. Apenas notei a falta de peões… mas isso poderia trazer alguns novos problemas.

Como não poderia deixar de ser, começamos a nossa “vingança” ao volante dum “boguinhas” fraquinho e que pouco tem de carro de corrida. Sendo o nosso objectivo o de destronar The House, os reis das corridas de Fortune Valley, temos de começar a pensar rapidamente em evoluir. Não só a nossa garagem (que pode levar inicialmente até 5 carros), como também o nosso personagem (e sua reputação).

E essa evolução surge principalmente de duas formas. A primeira consiste na participação em corridas e eventos que o gigantesco mundo de Fortune Valley oferece. A segunda aparece normalmente através da conclusão dos episódios do jogo.

E esta mecânica funciona e permite ao jogo ter uma maior dimensão e ao jogador uma maior imersão no mundo que habita, sem nunca perder de vista a história principal.

anterior próxima

Os eventos/corridas que mencionei mais acima e que abundam em Fortune Valley são bastante variados e encontram-se disponíveis a qualquer momento. Existem desde corridas simples nas quais temos de ir do ponto A ao ponto B, a corridas mano-a-mano com NPCs que surgem no mapa, competições rápidas de Drag, Eventos de Drift, saltos numa das dezenas (ou mais) de rampas existentes no mapa, bater records de radares de policia, destruição de outdoors de publicidade (onde será que já vimos isto?) …

Esta variedade é bastante positiva e permite ao jogador sentir-se a qualquer momento com possibilidade de fazer algo. Atenção que se quiser o jogador pode apenas vaguear pelo mapa para descobrir a riqueza visual e gráfica com que a Ghost Games alimentou Fortune Valley.

No entanto, alguns eventos que referi apresentam uma característica algo inadequada, na minha perspectiva. As corridas de rua assentam numa mecânica de checkpoints o que lhes confere uma sensação de prisão, quase claustrofóbica. Se se trata de uma corrida de um ponto A a um ponto B, no mínimo tempo possivel, poderia apenas haver a sugestão de um caminho mais optimizado mas deixar ao jogador a hipótese de escolher outro. No mínimo podiam espalhar mais os checkoints entre eles, pois o falhar um, nem que seja por um par de metros significa … perder segundos preciosos o que pode também fazer perder a corrida.

Need for Speed sempre foi um jogo arcade. Dificilmente alguém o poderá encarar como um simulador. Aliás, nem foi esse o objectivo do jogo sequer. Contudo ao conduzirmos em Payback fica nitidamente a sensação de que é exageradamente arcade. Atenção que para muitos jogadores isto não é uma má noticia. No entanto, ser quase possivel fazer mais de metade das corridas do jogo sem usar os travões diz tudo…

E outro pormenor que daí resulta e que pode ser desconcertante para os mais exigentes é o sistema de danos. Se, por exemplo, numa corrida a 200km/h nos espetarmos de frente num veiculo em sentido contrário e apenas haverem meia dúzia de riscos e amolgadelas e vidros partido, continuando o carro a acelerar … hmmm … talvez seja um pouco exagerado. Há certas linhas que não deveriam ser cruzadas.

E se há linhas que facilmente são cruzadas são as linhas do conta-quilómetros. Conforme vamos adquirindo novos bólides e os quitando, as máquinas vão-se tornando mais potentes e velozes e Payback consegue de uma forma bastante consistente simular essa sensação de velocidade. E então quase se aplica o nitro!

anterior próxima

O grau de dificuldade do jogo é … arcade. Ou melhor não é muito exigente, e o próprio jogo certifica-se que nunca fica demasiado simples nem complicado. Ao se jogar e diversas corridas fica muitas vezes a sensação de uma situação pouco estranha. Muitas vezes quando se utiliza o nitro durante as corridas. parece que os adversários também usam ao mesmo tempo, enquanto que se fizermos a mesma corrida e não o usarmos, parece que os NPCs não o querem usar também.

E por falar em quitar os carros. Payback introduz em jogo um conceito algo desconcertante neste capitulo. Estão à disposição do jogador variadas melhorias aos carros (alem de inumeras customizações visuais). Essas melhorias assentam em 5 categorias distintas: Transmission, Turbo, Block, Head, ECU, e Exhaust. Até aqui tudo bem.

A novidade é que a aplicação de tuning se processa sob a forma de cartas (Speed Cards) que vamos ganhando ao longo do jogo. As Speed Cards podem ser obtidas de três formas distintas. Ou através de vitórias nos eventos e corridas do jogo, através de subidas no nosso nivel REP (reputação) ou então através da sua aquisição (podendo usar dinheiro real).

Essas cartas correspondem a peças para várias áreas da mecânica dos carros: turbo, nitro, aceleração… e cada qual pertence a uma determinada marca do género. Isto traz consigo ainda a possibilidade de se ter um pequeno bónus ao se equipar um carro com várias cartas da mesma marca (performance melhorada). De lamentar que cada Speed Card seja consumida por um único carro.

Este sistema funciona, claro está, mas é algo estranho. Creio que a maior parte dos jogadores está mais interessado em quitar os carros com componentes virtuais em vez de usar Cartas, quase que como se de um jogo de tabuleiro se tratasse. No entanto, e apesar de minimalista e estranho, o sistema funciona.

anterior próxima

A obtenção dessas Speed Cards é extremamente importante pois permite evoluir os nossos carros até aos níveis pretendidos pelos eventos que temos de concluir.

E por falar em carros existem largas dezenas de veículos (faltam algumas licenças) à nossa disposição. As categorias existentes em Payback, correspondem também às categorias de eventos disponíveis no jogo. Temos carros de Off-Road, de Corrida, de Drag (Arrasto em Portugal, Arrancada no Brasil), Drift ou Carros de Fuga e a condução de cada um deles acaba por ser diferente, existindo claras diferenças na condução de cada tipo. Por exemplo, um carro mais pesado pode ser útil para empurrar adversários para fora da corrida numa fuga mas se o trajecto tiver saltos então poderá vir a ser um problema. Por outro lado, um carro de corrida terá grande vantagem no asfalto mas … e se metade da corrida for em terra batida?

Curiosmanete é precisamente neste capitulo que vemos algumas situações estranhas acontecerem, como por exemplo, a existência de Missões principais que não nos permitem usar os nossos carros e chegam mesmo ao ponto de nos porem ao volante de tipos de carros nada aconselháveis para a fuga ou missão em questão.

O acesso a novos modelos de veículos é disponibilizado à medida que vamos avançando nos episódios que compõem a história principal do jogo. Isso obriga a que o jogador evolua com o jogo até poder ter acesso a esses bólides. É uma estratégia como outra qualquer e desta forma quem farma dinheiro acaba por não ter muitas mais-valias por o fazer.

Um dos pormenores que mais gostei foi as animações em slow motion de colisões brutais, quando abalroamos outro veiculo numa fuga. Apesar de criar uma interrupção momentânea no jogo (passa do nosso controlo para a animação e volta ao nosso controlo), estão realizadas muito à Hollywood style e encaixam perfeitamente na adrenalina dos momentos.

Veredicto

Need for Speed: Payback tem uma história algo cliché e com personagens pouco imaginativas mas que se assume como séria, sendo de lamentar que que a jogabilidade não queira acompanhar essa seriedade com algumas falhas crassas.

Para quem é fã de jogos arcade de velocidade sobre 4 rodas, este é um passo em frente na série que se passa num rico open world com inúmeros eventos e corridas para disputar, além dos eventos da história principal. Contudo para quem procure um simulador ou algo que se pareça, não é aqui que o vai encontrar.

Need for Speed: Payback

Exit mobile version