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Análise MotoGP 21 (Playstation 5)

A adrenalina e excitação do Moto GP está de regresso. Tanto na realidade como na ficção (entenda-se, nos videojogos).

A edição deste ano de MotoGP, desenvolvida pela novamente Milestone (que recentemente renovou a parceria com a MotoGP até 2026), já se encontra entre nós e traz consigo algumas novidades.

Nós já experimentámos MotoGP 21.


Modo Carreira

O Modo Carreira é o principal modo de jogo offline e foi inaugurado há dois anos. Em MotoGP 21 a Carreira está de volta e mais robusta que nunca.

A primeira decisão corresponde à criação do nosso piloto e dos elementos que podemos personalizar no MotoGP 20 – capacete, fato, botas, luvas, cores da moto, números do piloto, etc. Apesar da diversidade e liberdade para criarmos as nossas cores e emblemas, a qualidade das “caras” à nossa escolha, é francamente fraca. No entanto, na pista, que é onde importa, e os modelos das motos e pilotos estão muito bons.

Ao arrancar com a nossa Carreira, outra escolha que terá de ser feita: pretendemos começar diretamente na MotoGP, ou começar na Moto2 ou Moto3 e subir à 1ª divisão do motociclismo.

Jogadores têm à escolha todas as equipas, motorizadas e pilotos de MotoGP, Moto2 e Moto3. A época de 2021 encontra-se totalmente licenciada.

Tal como já aconteceu no passado, tanto nos poderemos juntar a uma equipa existente, como poderemos tentar a nossa sorte e criar equipa completamente nova.

Os jogadores tanto terão de pilotos como de managers, sabendo rodear-se de um staff com profissionais de várias áreas, para ajudar a alavancar a sua carreira.

O staff da nossa equipa é extremamente importante, pois são eles que nos conseguem dinheiro (Personal Manager), melhorias mecânicas das nossas motos (Chief Engineer) e criação de estratégias de corrida (Data Analyst). Estes últimos dois, usam pontos de research que adquirimos com a obtenção de resultados nos testes e qualificações.

Além da gestão da equipa, o jogador terá ainda de decidir sobre quais os principais pontos a serem pesquisados pela sua equipa de research.

Nos dias de treinos livres e qualificações, será ainda dada a oportunidade de proceder a afinações e desenvolvimento da moto, tanto ao nível do motor, da aerodinâmica, tração, aderência ao piso ou eletrónicas.

Felizmente, existe a possibilidade de fazer afinações guiadas com o engenheiro-chefe. É um modo mais simples de afinar a moto e consiste em ir seleccionando tópicos que nos preocupam. Por exemplo, podemos escolher a potência, à saída das curvas e o engenheiro fará as afinações de acordo.


Difícil de domar

A condução de MotoGP 21 varia de, bastante satisfatória até desesperante. Bastante satisfatória para os jogadores mais experientes e desesperante para os mais novatos. Mas já lá vamos…

Grande parte da condução MotoGP 21 mantém o ADN principal da série e, com a inclusão de um novo sistema de suspensão (mais rígido) e outras melhorias (ver mais abaixo), adquire um pouco mais de novidade.

O timing da travagem, a inclinação da mota e o doseamento do peso do condutor são chave para as curvas

A dificuldade é elevada, e as várias ajudas à disposição, são de uma importância grande nos primeiros tempos e para quem quiser começar a aprender gradualmente terá sempre a possibilidade de começar por baixo. O que é o mesmo que dizer, começar com Moto3, Moto2 e só então atirar-se ao MotoGP (verdadeiras ‘bestas’ selvagens para serem domadas).

A principal diferença com um jogo de carros (por exemplo, F1 2021) é, desde sempre, o aspeto da entrada e saída das curvas (timing, precisão na entrada e saída da curva, dosear do peso do condutor na altura certa). MotoGP não foge à regra e, graças a novos sistemas implementados, tal como a temperatura dos travões, esses momentos são agora ainda mais complicados de atingir na perfeição. A falha num momento de travagem, ou no ponto de viragem é altamente castigadora, pelo que até se dominar MotoGP 21, ainda demora bastante.

Um dos pormenores mais importantes a ter em conta durante uma corrida de longa duração, é a temperatura dos travões. Com efeito, é importante não deixar aumentar muito a temperatura dos travões. Isto para se poder obter uma travagem mais eficaz.

E essa travagem eficaz sente-se no gatilho esquerdo (travão frontal) que, consoante a temperatura esteja ou não próxima do ideal, terá mais ou menos pressão, ou seja, permitindo uma travagem mais controlada da moto.

O feedback háptico do DualSense permite sentir as peripécias que se passam no asfalto de forma diferenciada

Por outro lado, o acelerador (gatilho direito) e a sua pressão variável permite uma aceleração mais gradual e mais controlada da motorizada. Isto, além de nos permitir ainda, ter uma noção mais palpável se a moto se encontra a perder aderência ao asfalto.

Em MotoGP 20, foi incorporada uma nova câmara, no capacete, que regressa em MotoGP 21. Através desta perspetiva vemos a pista pelos olhos do piloto, o que torna a condução muito mais realista e… mais exigente. Pessoalmente, é a minha perspetiva preferida, apesar de toda a exigência que a acompanha.

Se há algo que MotoGP nos tem acostumado a trazer ao longo das várias edições, são os momentos de sempre do motociclismo. MotoGP 21 não foge à regra pelo que alguns desses momentos estão (ou vão ser) disponibilizados, permitindo reviver alguns momentos icónicos da história da modalidade.

A diferença de condução entre as motos é notória, mas, o salto entre as mais recentes e as clássicas, é muito mais evidente e abrupta. A condução é completamente distinta em termos de atenção, reflexos, precisão na travagem, equilíbrio da moto…

Uma das novidades deste MotoGP 21 é a possibilidade de, quando caímos, em vez de fazermos respawn na moto automaticamente, de podermos correr (literalmente) com o nosso piloto, até à moto e pegar novamente na corrida. É uma ideia engraçada, mas que, não parece vir a pegar.

Outra nova introdução em MotoGP 21 foi a da Long Lap Penalty, o que quer dizer quem tal como na realidade, cada vez que pisarmos o risco no decorrer de uma corrida seremos castigados com uma Long Lap Penalty.

É claro que, todos estes aspetos juntos fazem de MotoGP 21 uma simulação bastante exigente. Exigente o suficiente para atrair os apaixonados por Moto GP, mas, por outro lado, capaz de afugentar os menos experientes.

De forma a minimizar todo este impacto negativo nos jogadores novatos, MotoGP 21 apresenta tutoriais bastante robustos. Apesar de ser praticamente impossível de explicarem tudo ao pormenor, são competentes na forma como abordam os principais tópicos do jogo e preocupações que o jogador tem de ter para melhor gerir os diferentes sistemas da moto ou simplesmente, para melhor controlar os diversos momentos da corrida.

Estes tutoriais, juntamente com várias opções de ajuda à condução são um esforço da Milestone de piscar o olho também a jogadores rookies.

A.N.N.A. ou Artificial Neural Network Agent

O sistema de inteligência artificial que a Milestone implementou em MotoGP 19, o A.N.N.A. (Artificial Neural Network Agent) e que tão bem tem dado conta de si, está de volta e melhorado.

O Neural AI (sigla usada pela Milestone) usa telemetria para analisar e “aprender” em runtime quais os melhores comportamentos que os pilotos da IA deverão ter em cada situação. Analisando a performance das motos em corrida e criando métricas e estatísticas em tempo real, este sistema permite uma competição que se pretende mais perto da realidade.

Com efeito, durante uma corrida de MotoGP 21, consegue-se assistir a uma diferença de comportamento de cada piloto em pista, conseguindo-se inclusive perceber, que não estão todos no “mesmo saco”. Não apresentam uma condução clonada. Reparámos ainda, que alguns pilotos cometiam erros relativamente infantis o que pode ser explicado por esse processo de aprendizagem.


DualSense

O controlador da Playstation 5, o DualSense merece uma palavra especial em MotoGP 21.

Mais acima referi a importância dos gatilhos de pressão variável (travão e acelerador) na condução das motos. Mas a performance do DualSense não se fica por aí.

O DualSense com o feedback háptico trazem outras mais-valia para MotoGP 21, sensibilidade. Com efeito, a condução é agora mais palpável, sentindo-se cada encosto, cada aceleração, cada travagem, cada derrapagem ou mesmo quando pisamos as guias sonoras laterais da pista.

Traz outra dimensão ao jogo e a quem pega numa destas motos.


Graficamente, o jogo apresenta uma certa dualidade. Os modelos das motos, dos pilotos e da maior parte dos circuitos está fantástica. Contudo o piso por vezes não parece muito realista, em particular, quando chove. Felizmente, isto é mais notório nos replays.

Tal como referi atrás, existe uma enorme dose de personalização de ajudas em MotoGP 21. Isto permite que tanto jogadores mais experientes, como mais novatos na série possam desfrutar do jogo ao seu ritmo. E isso é importante, pois MotoGP 21 parece ter uma nova condução, com novos desafios aos jogadores, pelo que ir retirando ajudas gradualmente, será a melhor opção.

MotoGP 21, mesmo com as ajudas e parametrizações de apoio para os novatos, acaba por ser uma experiência forte. A condução das motos, com o DualSense, apesar das vantagens indicadas mais acima, é experiência bastante complicada nos primeiros kms, demorando algum tempo a conseguir dominar estas bombas de 2 rodas.

Veredicto:

Apesar de não se tratar de nenhuma revolução no jogo, MotoGp 21 traz novidades que transformam de forma efetiva a jogabilidade e a forma como os jogadores têm de se adaptar.

Para apaixonados de motociclismo é um jogo a ter junto da consola. Para os restantes, as quedas vão ser muitas pelo que devem perguntar-se se têm força para se levantar de seguida.

MotoGP 21

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