Depois de anos de enorme êxito obtido no Japão, a Capcom decidiu apontar baterias ao Ocidente. Assim nasceu Monster Hunter: World. Um visual arrojado e um mundo amplo colocam este jogo num novo nível. Muitos monstros para perseguir e uma multitude de quests proporcionam-nos horas e horas de diversão.
Tivemos a oportunidade de viajar até este universo fantástico de monstros e mais monstros e contamos-vos tudo o que encontrámos. Preparados?
A série Monster Hunter já era um sucesso nas terras do Sol Nascente. Lançado originalmente na Playstation 2, nunca atingiu um patamar muito elevado no Ocidente até ao lançamento das versões do jogo desenvolvidas para as consolas portáteis. Desde esse momento, a Capcom capitalizou esse sucesso com vários lançamentos para as consolas da Nintendo e até mesmo para a Xbox 360 e o PC. Monster Hunter: World surge como uma tentativa de lançar a série nas consolas de última geração. Este objetivo foi, de certa forma, conseguido, embora existam alguns problemas que estragam um pouco a experiência. Mas já lá iremos.
Em Monster Hunter: World, encarnamos um personagem, definido e completamente personalizado por nós, que embarca numa viagem até ao Novo Mundo para descobrir por que motivo os monstros estão a migrar. A ação do jogo tem início já no final dessa viagem, quando o navio em que seguimos é apanhado por um desses seres migrantes. Ao sairmos para o convés, somos projetados para fora do navio e para cima de um ser gigantesco que, indiferente à nossa presença, segue o seu caminho. A nossa missão é, claro está, escapar com vida e chegar à base d’A Comissão, a organização para a qual trabalhamos e que está encarregue de realizar as investigações que vão solucionar o mistério dos monstros migrantes.
A partir daqui não há enredo, mas esse facto não é, necessariamente, negativo: o objetivo desta saga nunca foi o de contar uma história, mas o de oferecer aos jogadores uma experiência de “caça ao monstro”.
Infelizmente, uma vez chegados ao nosso destino, damos de caras com algumas questões que desiludem. Nem sempre o som acompanha os diálogos e, algumas vezes, a voz dos personagens está completamente ausente. Isto faz com que algumas cenas se tornem, no mínimo, estranhas. Em termos de conteúdo, os diálogos conseguem cumprir o objetivo de transmitir ao jogador a mensagem, mas fica a sensação de que deviam ter sido um pouco mais trabalhados.
Para começar bem a aventura, um gigantesco monstro destrói um navio inteiro
Um dos aspetos mais positivos deste jogo é a sua diversidade. Para além dos vários cenários absolutamente estonteantes – cada um com as suas características muito próprias -, existe uma grande multiplicidade de adversários. Cada um deles obriga a uma abordagem diferente ao nível da estratégia e do equipamento utilizado para o derrotar.
O equipamento que levamos para cada missão é personalizável, sendo-nos dada a possibilidade de evoluir as armas de que dispomos. Cada arma tem associada a si uma árvore de evolução, cujos ramos vão sendo desbloqueados à medida que vamos progredindo no jogo e recolhendo mais materiais durante as missões. Esses materiais poderão ser utilizados quer para melhorar as armas que temos, quer para fabricar novas armas e peças de equipamento.
Mas os materiais recolhidos não servem apenas para construir ou melhorar armas. Também estão disponíveis diversas plantas com as quais podemos fabricar poções que repõem a energia em níveis normais após o desgaste próprio de um combate.
Antes do início de cada missão podemos – e devemos – escolher o equipamento (armas, armadura e poções) que levamos para o combate. Isso pode ser feito numa espécie de acampamento-base que servirá também como um abrigo para, por exemplo, mudar de arma ou retemperar energias. Mas atenção: as missões têm um tempo limite – normalmente 50 minutos – para serem terminadas e, se queremos cumprir o nosso objetivo, não é aconselhável perdermos muito tempo nessas pausas.
Cenários fabulosos, diversificados e ricos em fauna e flora. Tudo fosse assim tão perfeito.
Apesar de alguns combates não apresentarem um grau de dificuldade muito elevado, a realidade é que cada missão tem sempre associado um elemento estratégico. Todos os monstros são diferentes e é impossível utilizar a fórmula “em equipa que ganha não se mexe”: cada monstro tem as suas fraquezas e há que saber aproveitá-las. Para isso, temos de escolher bem o arsenal que levamos na nossa demanda e saber aproveitar bem os vários momentos do combate – quando o nosso adversário está mais frágil, por exemplo – e o ambiente que nos rodeia.
Monster Hunter: World tem um ambiente “vivo” e essa característica do jogo pode ser aproveitada a nosso favor. Há momentos em que as criaturas fogem para encontrar refúgio e, na sua fuga desesperada, dão de caras com outros monstros que os acabam por derrotar em verdadeiras batalhas épicas. Claro está que, numa situação destas, pode não nos ser conveniente enfrentar o vencedor da contenda: há que ser inteligente e perceber quando lutar e quando sair de cena.
As lutas podem ser complicadas, quer devido à dificuldade inerente a alguns adversários quer, infelizmente, devido a algumas questões técnicas que prejudicam a nossa performance. O posicionamento da câmara é um bom exemplo disso: há momentos em que bloqueia ou em que se posiciona num ângulo que não favorece o combate, sobretudo quando o cenário é um espaço mais exíguo.
Também as armas nos podem complicar a tarefa, com alguns casos em que o manuseamento se revelou difícil e se tornou praticamente impossível desferir golpes certeiros consecutivos.
Cenários detalhados e ricos mas os glitches gráficos não podem ser ignorados
Apesar do mencionado acima, e embora a experiência do jogo saia um pouco beliscada, a dinâmica de Monster Hunter: World continua a ser um dos seus aspetos mais positivos. É viciante, prende-nos ao ecrã e faz-nos querer continuar a jogar, a cumprir mais e mais missões em busca das criaturas ferozes e fantásticas que habitam aquele mundo absolutamente belo e envolvente. E aqui reside um dos grandes trunfos do jogo: o cenário exuberante e detalhado. Dinâmico nos seus habitats, não existem duas zonas idênticas. Cada espaço tem as suas criaturas, a sua fauna e flora. Num momento podemos estar numa enseada e, no momento seguinte, entrarmos numa floresta densa e húmida ou darmos um salto no tempo e espaço e nos vermos numa caverna que lembra um planeta alienígena.
Porém, também é possível detetar alguns problemas ao nível dos gráficos, nomeadamente questões relativas à solidez dos cenários. É frequente vermos o nosso personagem a atravessar o cenário ou a passar pelo meio de NPC’s como se de fantasmas se tratassem. O problema aumenta quando vemos monstros a fundir-se com elementos do cenário durante a refrega: se ocorrer demasiadas vezes, é inegável que há um impacto negativo na experiência de jogo.
Um monstro, dois monstros, três monstros, monstros por todo o lado…
Uma última palavra para o modo multijogador de Monster Hunter: World. Neste jogo, os modos online estão construídos sob a premissa da cooperação e não da competição: podemos, portanto, constituir grupos de jogadores e partir à aventura. Esta possibilidade torna o jogo muito mais agradável e aliciante, embora o modo single player também esteja desenhado para oferecer horas e horas de divertimento. Contudo, aconselhamos vivamente o modo multijogador, que é – sem dúvida – uma verdadeira mais-valia no jogo.
Monster Hunter: World é um jogo que apetece continuar a jogar. O jogo proporciona-nos essa sensação sobretudo devido ao elevado e diversificado número de missões. Para terem uma ideia, e cumprindo apenas a missão principal, estamos a falar de um tempo total de jogo nunca inferior a 50 horas. Se juntarmos a isto todas as side quests existentes e o modo de jogo multi-jogador, temos nas mãos um jogo com um nível de longevidade extraordinário.
Veredicto:
Monster Hunter: World oferece-nos uma variedade de ambientes e de criaturas nunca vista. Com um mundo enorme e detalhado para explorar e inúmeros monstros para caçar, este jogo promete horas e horas de diversão. O cenário deslumbrante, o dinamismo do jogo e a ação muitas vezes frenética acabam por não conseguir disfarçar alguns problemas. O som durante os diálogos entre os personagens e alguns contratempos relacionados com o aspeto gráfico do jogo não põem em causa a experiência que Monster Hunter: World nos proporciona, mas contribui para que a mesma esteja, de certa forma, aquém do seu real potencial.