Foi em 2015 que nos foi dada a conhecer a história de Max Caulfield, uma adolescente residente em Arcadia Bay que possuía um poder que muitos de nós não nos importaríamos de ter: Max podia voltar atrás no tempo. Assente numa história cativante, personagens verosímeis e numa narrativa absorvente e viciante, o jogo original foi um êxito um pouco por todo o mundo.
Será a sua sequela, Life is Strange: Before the Storm, capaz de estar à altura?
Life is Strange: Before the Storm serve de prequela ao jogo original lançado em 2015 pelo estúdio francês Dontnod, que estará agora dedicado ao desenvolvimento de uma sequela do jogo original. LiS: Before the Storm foi desenvolvido pelo estúdio Deck Nine e aposta nas mesmas armas que garantiram ao primeiro jogo da série uma enorme legião de fãs.
Se Life is Strange entrava a fundo na vida de Max Caulfield e tocava de forma apenas superficial a existência de Chloe Price, desta vez teremos a oportunidade de explorar um pouco melhor a personalidade de Chloe.
Chloe Price é uma adolescente revoltada e inadaptada – um pouco como todos os adolescentes – a viver numa sociedade cujas regras ela não aceita. Tudo era normal na sua vida até à morte do pai num acidente de viação.
Desde essa altura que a revolta e a culpa a consomem. É no meio de tudo isto que se vai desenvolver uma improvável amizade entre Chloe e Rachel Price, uma rapariga proveniente de uma família influente e respeitada na comunidade e uma das pessoas mais populares do liceu. Esta é uma personagem que é mencionada apenas de passagem no jogo original.
E se em Life is Strange existia um mistério central em torno do qual se desenrolava toda a ação – deveria Max salvar Arcadia Bay e deixar morrer Chloe ou salvar Chloe sacrificando Archadia Bay? – neste segundo jogo é a amizade entre Chloe e Rachel que faz a história. Ambas funcionam, de certa forma, como um escape uma para a outra. Cada uma se sente desajustada à sua maneira e ambas querem fugir da realidade em que vivem. É desta premissa que se desenvolve todo o enredo que é, mais uma vez, um dos muitos pontos fortes da série.
A verosimilhança dos personagens, com todas as suas qualidades e defeitos, transmite aos jogadores todos os seus sentimentos e emoções, sendo extremamente fácil criar empatia, por exemplo, com as frustrações e a rebeldia de Chloe.
Relativamente à mecânica do jogo, e ao contrário do que acontecia no jogo original, não se recorre a nenhum artifício sobrenatural e são os diálogos que têm uma importância vital na progressão no jogo. O sistema de decisão influencia verdadeiramente o decorrer da ação assim como o desfecho das várias situações com que nos vamos deparando. Nunca sentimos, contudo, que estamos perante escolhas erradas ou certas; apenas escolhemos o caminho do personagem de acordo com o caminho que, ao fim e ao cabo, escolheríamos para nós.
Este jogo, apesar de ter sido já lançada uma edição especial em formato físico – podem ver aqui o artigo sobre esse lançamento – foi originalmente lançado por episódios, cujos trailers de lançamento podem ser vistos de seguida:
Episódio 1 – Awake
Episódio 2 – Brave New World
Episódio 3 – Hell is Empty
Episódio bónus: Farewell
Uma última palavra para a banda sonora que acompanha o jogo e que, tal como já tinha acontecido em Life is Strange, é absolutamente sublime. A escolha das músicas e a forma como se conjugam com a ação foi pensada ao pormenor surtindo um efeito extraordinário no aspeto particular das cenas onde se inserem assim como na atmosfera do jogo como um todo.
Quanto aos gráficos, não existe qualquer alteração relativamente ao jogo anterior. Embora seja dado a Life is Strange: Before the Storm um aspeto de banda desenhada, muito rapidamente chegamos à conclusão que não poderia ser de outra forma. Infelizmente notamos, em alguns casos, inconsistências gráficas que, em consolas de última geração, poderiam ser melhoradas.
Veredicto:
Life is Strange: Before the Storm aproveita todos os pontos fortes do jogo anterior e consegue, em termos de narrativa, ir mais além. Não utilizando quaisquer auxiliares sobrenaturais, coloca todo o peso do jogo na história atribuindo-lhe uma carga emocional bastante forte. As idiossincrasias dos vários personagens fazem com que seja muito fácil, logo desde o início do jogo, identificarmo-nos com os personagens e basearmos as nossas decisões naquilo que nós próprios faríamos em cada situação. A banda sonora continua a ser de excelência e a adequar-se na perfeição ao jogo e ao seu enredo.
Para quem gosta de bons jogos baseados na história, este é um jogo obrigatório. Quem ainda não o comprou, deve fazê-lo. Ou pode, porque não, aguardar por uma surpresa de primavera…