O Professor Layton é um personagem incontornável do Mundo Nintendo e já conta com 6 titulos lançados no mercado. Tal como os seguidores da série sabem, Layton é um “detective” que se dedica à investigação de variadaas tramas, e cujos titulos têm apresentado uma jogabilidade estilo de point’n click recheados de puzzles e quebra-cabeças, tanto exigentes como divertidos.
Recentemente foi lançado, para a Nintendo 3DS (e não só!) Layton Mystery Journey: Katrielle and the Millionaire Conspiracy que apresenta algumas novidades… e o Pplware já jogou.
Ao longo dos tempos, o Professor Layton e a suas investigações foram ocupando um nicho muito especifico no seio dos videojogos Nintendo. Com uma jogabilidade simples muito ao estilo das aventuras point’n click, os sucessivos jogos têm-se bseado em dois aspectos fundamentais. Por um lado têm conseguido manter histórias interessantes o minimamente para manter os jogadores agarrados ao jogo. Por outro lado, têm mantido uma jogabilidade baseada em puzzles e quebra-cabeças com o dom de obrigar os jogadores a variados exercicios mentais (lógica, matemática, observação,…) mas conseguindo-o de uma forma divertida e descomplexada.
Desenvolvido pela Level-5, Katrielle and the Millionaires Conspiracy corresponde a mais que um mero novo jogo da série Professor Layton. Trata-se do primeiro jogo da série em que o próprio professor não é a personagem principal. Mas não fiquem desde já desiludidos com essa mudança, pois não será assim tão radical. Isto pois a protagonista principal é Katrielle, e é filha do professor e que, tal como o pai, apresenta forte capacidade para a arte da investigação.
Existe ainda uma novidade em redor deste jogo que acaba por influenciar a forma como este foi desenvolvido. Katrielle and the Millionaires Conspiracy trata-se do primeiro jogo da série a ser desenvolvido em simultâneo para a Nintendo 3DS e para dispositivos mobile (Android e iOS). Tal como iremos ver mais adiante, este pormenor poderá ter tido uma boa dose de influência em algumas decisões tomadas durante o desenvolvimento do jogo.
Bem, mas voltando ao jogo! No arranque da aventura, é-nos revelado que Katrielle acabou de inaugurar um Gabinete de Detectives. O lema é “Resolvemos Qualquer Mistério” e desde cedo nos é apresentada a sua equipa que a irá seguir ao longo da aventura. Ernest o seu auxiliar e que aparenta ter motivações bem mais fortes que apenas o de ser um auxiliar de Katrielle, e um estranho cão falante (que Katrielle batiza de Sherl) que também ele acaba por ser um mistério por resolver.
Com a inauguração do seu novo gabinete, Katrielle vê-se de imediato com variados casos para resolver, sendo inclusive contactada pela policia londrina para ajudar na sua resolução. Este facto só por si, acaba por ter um pouco de influência na forma como temos vindo a ver os jogos de Professor Layton e o seu desenrolar. Até agora, os jogos têm-se centrado em tramas que se vão desenleando à medida que avançamos nas aventuras. No entanto, Katrielle vai alterar um pouco essa dinâmica, pois a mecânica do jogo passa a ser a de uma sucessão de missões (casos por resolver).
Esta nova mecânica, tal como referi atrás, pode estar relacionada com o facto do jogo ter chegado agora aos dispositivos mobile e de se tratar de uma forma de cativar assim todo um novo público disponivel. Em vez de uma história longa e densa, a ideia foi a de lançar o jogo com uma sucessão de casos o que poderá ser uma forma de cativar muitos jogadores que não estejam familiarizados com a série.
A ausência do uso do 3D, acaba por ser uma oportunidade falhada, pode ser também explicada por essa “migração” para os dispositivos mobile.
No entanto, e no que respeita ao resto da jogabilidade, todos os ingredientes que desde sempre fizeram desta série um sucesso, encontram-se presentes: puzzles, quebra-cabeças e uma vasta quantidade de personagens e locais a descobrir.
O jogo apresenta, tal como os anteriores, uma forte influência de titulos point’n click no qual o jogador tem de “varrer” os cenários por onde passa à procura de pistas ou interacções. Cada caso começa com um ponto de partida numa determinada localização. Nessas localizações podemos obter indicios sobre o próximo passo de diversas formas. Pode ser através de diálogo com NPCs que aí se encontram. Por exemplo, o Chefe da policia local também nos vão dando pistas importantes ao longo dos casos.
Em cada cenário existem ainda diversos itens ou pontos de interesse escondidos, e que inclusive nos podem dar pistas também sobre o caso que estamos a investigar (ou sobre casos paralelos).
A interacção com os cenários / NPCs surge sob a forma de uma lupa que movimentamos por cima de praticamente tudo o que se encontra no ecrã. Ao passarmos por um local ou personagem com o qual podemos interagir a lupa fica preenchida(e ouve-se um som) que nos permite pressionar A e a respectiva interação.
Pelo que descrevi acima (e os jogadores experientes da série sabem-no) o jogo pode ser considerado demasiado straight forward exigindo ao jogador apenas que esteja com atenção nos cenários por onde passa (em cada cenário existem personagens com que interagimos ou objectos/pistas escondidas). Em cada um é-nos apresentado um puzzle que ao ser ultrapassado geralmente desbloqueia um novo cenário. E assim por diante.
Tal como referi, grande parte do avanço na história passa pela procura de pistas nos cenários ou pela obtenção de dicas através de conversas com variados NPCs. Essas conversas são, na maior parte dos casos, diálogos pré-definidos sem opções de escolha, o que poderia aumentar ainda mais a emotividade do jogo. Contudo um aspecto que poderia ter sido melhor ponderado é a questão da extensão desses diálogos. Existe muita conversação seja entre Katrielle e os NPCs, ou com a sua equipa o que torna o jogo lento e em alturas, cansativo.
Seja como for, é também no decorrer destes diálogos que vamos encontrando algumas missões (mistérios adicionais). Trata-se de coisas simples mas que têm o condão de nos fazer por vezes, voltar a cenários por onde já passámos e voltar a falar com os NPS aí existentes.
Um pouco por tudo isto, adicionado ao facto de haverem 12 casos principais, a longevidade do jogo possa atingir as 20 horas.
Bem, mas a parte mais interessante e empolgante destes jogos do Professor Layton é, sem duvida, a parte de puzzles e quebra-cabeças que o jogo dispara na direcção do jogador e que o obriga a pensar um pouco mais que a maioria dos restantes jogos.
Acima de tudo os quebra-cabeças com os quais nos deparamos, apresentam em 3 mecânicas principais: puzzles de matemática, de lógica ou de atenção ao pormenor. E é aqui que realmente o jogo apresenta todo o seu esplendor. Este é, sem dúvida o titulo mais e melhor recheado de puzzles e quebra-cabeças da série. Sem abrir muito o jogo, a qualidade de maior parte dos desafios que encontramos encontra-se a um nivel bastante aceitavel, fazendo com que os jogadores tenham efectivamente de ter muita atenção aos enunciados indicados.
No entanto, é também neste pormenor que chega uma das lacunas do jogo: ausência de lingua portuguesa. Num jogo no qual os desafios exigem uma descrição mais ou menos pormenorizada do seu enunciado, o facto de ser apenas em inglês (e nem sempre o mais explicito) mina a experiência, em particular para quem não domine a lingua (uma vez que grande fatia do público-alvo são jovens, ainda agrava mais esse facto).
Tirando esse aparte, a maior parte dos desafios são empolgantes o suficiente para fazer com que nos vejamos a desejar passar rapidamente as cutscenes intermédicas para chegar aos próximos.
Veredicto
Sendo Layton Mystery Journey: Katrielle and the Millionaire Conspiracy um jogo de migração de consola para dispositivos mobile, o jogo padece de algumas nuances que podem não satisfazer a totalidade dos seus fãs. Contudo o jogo encontra-se na linha dos anteriores naquilo que desde sempre os caracterizou: a qualidade e quantidade de puzzles e desafios a ultrapassar.
Pode não ser o melhor da série mas será certamente bem apreciado por todos os que gostem deste tipo de jogos.