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Análise Hunting Simulator (Xbox One)

Desde os primórdios da Civilização Humana que a caça se tem mantido presente nos hábitos Humanos. Apesar de inicialmente se tratar de uma questão de sobrevivência, nos tempos que correm trata-se maioritariamente de um desporto ou hobby.

E é precisamente para esse nicho de apreciadores de caça que foi lançada a nova edição de Hunting Simulator, que nos leva a um grande numero de spots de caça pelo planeta fora.

Já tivemos a oportunidade de experimentar Hunting Simulator.


A caça é um desporto muito apreciado nos quatro campos do globo e Hunting Simulator surge como um titulo lógico e que faz todo o sentido existir. No entanto, este é um jogo de nicho. Verdade seja dita, Hunting Simulator é um titulo que é claramente mais virado para os apreciadores de caça. Dessa forma, todos os que esperem encontrar neste jogo ação frenética e bélica, esqueçam.

Hunting Simulator, tal como a caça na realidade, é um jogo que apela constantemente à paciência e capacidade de observação do jogador. Como tal, é perfeitamente normal haver alturas em que se passem longos minutos sem se fazer nada, além de percorrer as paisagens selvagens americanas (e europeias) e de observar pistas. Pode ser um pouco chato, especialmente para jogadores que estejam habituados a jogos com ação mais nervosa, mas Hunting Simulator consegue nesse aspeto, captar a essência da caça, nos mais variados ambientes.

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Hunting Simulator apresenta um variado leque de opções no que toca a ambientes de caça. A Neopica decidiu incluir no jogo ambientes tão distintos como as Montanhas Rochosas nos Estados Unidos da América, Alpes na Europa ou tundra ártica. Esta variedade é extraordinariamente importante, não só pela diversidade de biomas apresentados, como também (e principalmente) pela variedade de espécies animais que se podem caçar.

E é realmente visível o esforço (com sucesso) do jogo em apresentar ambientes distintos. Cada uma dessas zonas apresenta-se extremamente realista não só ao nível das espécies animais que ai vivem, mas também pelas espécies vegetais presentes e pela morfologia do terreno. A relação entre estes aspetos de cada bioma encontra-se perfeita e sente-se realmente o ambiente envolvente da zona em que estamos.

Para tal ajuda também a componente gráfica usada no jogo, que ficou a cargo do motor Unreal 4. O grafismo, apesar de não ser de última geração acaba por conseguir criar os cenários de uma forma bastante competente. Uma especial referência ao espetacular efeito de luzes que ocorrem quando o sol se encontra por detrás das nuvens, por exemplo. De resto, as zonas de caça encontram-se todas representadas de forma bastante competente … árvores, rios, rochas, arbustos, animais, montanhas …

Contudo é neste capitulo que surge o principal problema do jogo: distância de escrita no ecrã. Realmente a distância de escrita dos objetos no ecrã é, na maior parte das vezes, reduzida fazendo com que arbustos, ervas ou árvores surjam do nada. Isto é extremamente negativo num jogo no qual o principal foco do jogador é estar atento a tudo o que mexa ou se mova no terreno. Felizmente é mais notório em cenários de grandes espaços (pradarias, ou zonas de campo aberto).

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De forma a tornar as coisas ainda mais realistas a Neopica decidiu ainda incluir um sistema dinâmico de condições atmosféricas, de acordo com a zona onde estamos. Trata-se de uma inclusão bastante positiva, pois torna-se fácil um dia meio nublado de caça nas Montanhas Rochosas, terminar com uma chuvada, criando assim dificuldades acrescidas e uma necessidade de maior atenção e paciência.

Também o efeito dia-noite ou noite-dia não foi esquecido e existem caçadas que podem começar de noite e entrar pelo dia adentro ou vice-versa. A caça à noite, mesmo com uma lanterna (acessório desbloqueado) é extremamente complicada pois a visibilidade é extraordinariamente reduzida e mesmo os rastos deixados pelos animais se revelam escassos.

Como todos os caçadores da vida real saberão melhor que eu, um dia de caça com nevoeiro deve ser extremamente complicado. Pois, Hunting Simulator não se esqueceu disso e em determinadas localizações torna-se fácil surgir aquele que é um dos melhores nevoeiros digitais que já vi. E com ele vem uma dificuldade acrescida.

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Mais acima referi os rastos dos animais que pontuam a paisagem. Trata-se de excrementos, pegadas, sangue , … e cabe ao jogador saber encontrá-los e segui-los na direção certa.

Esse sistema de rastos foi bem implementado no jogo e acaba por ser uma ajuda bastante bem vinda ao jogo. Basicamente, quando encontramos um rasto o jogo indica-nos qual a espécie que o deixou, há quanto tempo e a direção que tomou. Isto funciona bem, pois dá-nos uma ideia de quem foi e para onde. Contudo os animais nem sempre avançam em linha reta pelo que novos rastos têm de ser encontrados.

Apesar de achar que este sistema é bastante útil acredito que deveria ser ainda mais otimizado. Por exemplo, os rastos que já encontrámos, permanecem no mapa de apoio ao jogador mas, todos os rastos que ainda não vimos e que se encontram nas imediações também estão presentes. Acredito que esses rastos deveriam ser apenas visíveis quando já analisados.

Com o decorrer do jogo vamos podendo desbloquear acessórios que, não só ajudem no processo de deteção (binóculos, visão noturna, drones, …) como também alguns outros itens que podem ajudar a atrair os animais. Por exemplo, podemos usar dispositivos de chamamento de patos, ou urina de veado. Isto e bom, especialmente em ecrãs onde haja pouca concentração de animais. Contudo existem alguns cenários onde essa concentração me pareceu algo exagerada.

Um dos locais de caça que menos apreciei foi a caça as patos nos Alpes, onde estamos confinados a uma posição bastante limitada nas margens de um lago. O problema é que, uma vez que se trata de um espaço muito pequeno temos de conseguir atrair animais e nesse aspeto o jogo facilita em demasia o jogador. Com o recurso a um dispositivo de chamamento de patos, são demasiados os esquadrões de patos que começam a se aproximar.

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Como é do senso comum, os animais selvagens são, na maior parte das ocasiões, esquivos e assustadiços. Tendo os sentido da visão, olfato e audição apurados torna-se extremamente difícil para o jogador se chegar perto para desferir o tiro fatal. De forma a ter uma noção do risco de sermos detetados aquando da aproximação a um animal, o jogo apresenta-nos uma barra branca no todo do ecrã que nos mostra se estamos a ficar visíveis ou audíveis. Dessa forma, o jogador terá de fazer aproximações cuidadosas ou então procurar spots elevados para disparar.

E por falar em tiro fatal. Nem sempre o tiro acerta onde queremos e Hunting Simulator penaliza o jogador por tiros errados ou que apenas firam o jogador. Por exemplo, um headshot é uma morte limpa enquanto um tiro no ventre ou numa pata, causa sofrimento ao animal.

E esta questão de ferir um animal, leva-me a uma questão que não consegui experimentar no jogo, durante durante as várias horas que o experimentei. Um herbívoro quando ferido (veado por exemplo) tem tendência para fugir, no entanto, um carnívoro quando encurralado (pensava eu) que teria instinto para se virar contra o agressor. Em dada ocasião dei um tiro a um coiote e feri-o numa pata. Uma vez que o animal ia a coxear, corri até ele, chegando facilmente à sua frente e com a maior das calmas saquei da espingarda, apontei e … tendo o coiote apenas se preocupado em continuar a coxear sem direção aparente.

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Curiosamente senti a falta de cães no jogo. Creio que será algo que os jogadores portugueses irão sentir falta.

Não poderia deixar de referir o excelente trabalho que foi feito no capitulo sonoro. Os sons das florestas estão deliciosamente representados e a qualquer momento ouvimos o som do vento nas árvores, os arbustos, os guinchos dos animais, os pássaros, o escoar das águas nos rios…

Como nota final, a composta Wiki que Hunting Simulator apresenta sobre as espécies animais presentes no jogo. Trata-se de um compêndio de informação interessante sobre os animais que podemos caçar no jogo.

Veredicto

Tal como comecei, tal como termino. Hunting Simulator é um jogo para um nicho muito especifico de jogadores: apreciadores de caça. Todos os restantes que procuram acção frenética e empolgante não a irão encontrar aqui. Em Hunting Simulator vão encontrar largos momentos de observação, análise de rastos e de espera.

Nesse aspecto o jogo está bastante competente e consegue recriar o ambiente de uma caçada: a astúcia e perseverança do caçador versus o instinto animal. No entanto, num jogo de caça, torna-se complicado justificar o recorrente problema gráfico de escrita no ecrã.

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