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Análise Hero-U: Rogue to Redemption (Nintendo Switch)

E que tal uma pequena viagem no tempo, até ao final do século passado, altura em que aventuras gráficas como Space Quest, Police Quest ou King’s Quest abundavam e se encontravam entre os títulos mais jogados do planeta?

É precisamente isso que Hero-U: Rogue to Redemption nos convida a fazer. Uma viagem repleta de nostáalgia até esses tempos em que os point’n click reinavam e deliciavam.

Nós experimentámos Hero-U: Rogue to Redemption, para a Nintendo Switch.


Hero-U: Rogue to Redemption, lançado em julho de 2018 para PC, chegou agora à Nintendo Switch. O jogo foi desenvolvido pela Transolar Games que, é composta por profissionais com experiência precisamente em RPGs “à antiga“, como Quest for Glory (da Sierra Entertainment).

Como não poderia deixar de ser, Hero-U é um RPG Isométrico que conta a história de Shawn O’Conner, um simples ladrão que, após ser apanhado em flagrante delito na cidade de Calignia, é convidado por um misterioso homem, a entrar numa universidade muito especial: Universidade de Heróis, ou em inglês, Hero University- Hero-U.

Sendo que a alternativa era ir para a esquadra, Shawn escolhe a universidade.

No entanto, e sendo esta escola uma universidade formadora de heróis, ao chegar, durante a triagem, cedo se descobre que Shawn não tem grandes habilidades para ser um. Assim, acaba por ir parar ao curso de Rogue, ou como é chamado na universidade, de Disbarred Bards.


Disbarred Bards

O curso corresponde será então uma formação de Shawn, capaz de aprimorar as suas capacidades de larápio, em vários aspetos (sendo um RPG, são mais de 15 as habilidades e traços de personalidade a evoluir).

Esta evolução acontece naturalmente no jogo, tanto nas aulas (teoria sobre combate, arrombamento de fechaduras, skills sociais…) mas também pelo que acontece após as aulas.

E é precisamente o pós-aulas que apresenta maior interesse em Hero-U, sendo que é nesse período que a ação decorre.

O jogo é um RPG clássico que segue muitos traços da escola antiga de RPGs. O Point’n Click é a principal ferramenta do jogador, seja a interagir com objetos, com outras personagens ou apenas para fazer Shawn andar/correr.

Point’n Click e Joy-Cons

Sendo um Point’n Click, é notória a necessidade que o jogo tem de um teclado e de um rato pelo que, mesmo com o esforço da equipa de desenvolvimento em adaptar para os Joy-Cons, não deixa de se sentir como algo artificial.

Será esse, o principal problema encontrado no jogo. O sistema de movimento de Shawn com o analógico direito da Switch não tem a precisão pretendida, complicando os movimentos e algumas interações com objetos e pessoas.


No entanto, tal como referi acima, o dia de Shawn é dividido em duas partes. A primeira, as aulas, coloca-nos alguns desafios de socialização com os restantes elementos da turma e com os professores. Mas é no pós-aulas que o jogo ganha emoção.

Em termos de sensação de atividade nos diferentes cenários por onde passamos, o jogo é claramente “à antiga”, ou seja, tem alguns objetos com animações, mas, na generalidade, encontram-se muito despidos de movimento. Acredito que se houvesse um pouco mais de vivacidade nos locais onde passamos o jogo ganharia outra dinâmica, sem perder identidade.


Tempo Livre??

O tempo livre (ou falta dele), é realmente um aspeto importante em Hero-U. Temos apenas o período pós-curricular para as nossas missões, explorar a universidade, conhecer colegas e para nos aventurarmos. É, portanto, importante fazer uma gestão adequada do tempo que gastamos em cada.

A sala de treinos que existe no piso 0, é um dos pontos mais importantes a início. Isto, pois permite a Shawn ir treinando habilidades e dessa forma adquirir experiência, que lhe vai conceder melhorias nas suas skills. Por exemplo, treinar a subida de uma corda, aumentará a capacidade atlética.

No entanto, também no decorrer do jogo vamos evoluindo as nossas competências. Se tentarmos ouvir atrás das portas o suficiente, aumentamos a nossa capacidade de perceção. Por outro lado, se conseguirmos passar despercebidos nos corredores, aumentamos a nossa furtividade… e assim por diante.

Outro exemplo, acontece à noite quando recolhemos ao quarto, e temos a oportunidade de estudar um pouco em vez de ir dormir logo, o que faz aumentar o nosso intelecto também.


O jogo apresenta um sistema bastante lógico de apresentar as coisas. Por exemplo, no início temos de aprender a habilidade de arrombamento de fechaduras (LockPicking) e pouco nos é dito como aprender. No entanto, cedo nos apercebemos que podemos ir até à biblioteca, onde encontramos alguns livros sobre essa arte.

A biblioteca é um dos pontos fundamentais de qualquer universidade e aqui passa-se o mesmo. Uma vez que o tempo livre é reduzido, o jogador terá de distribuir as suas atividades pós-curriculares pelo pouco tempo livre e a biblioteca pode bem ser um dos pontos principais a ter em conta. Pelo menos no início do jogo, pois servirá de alavanca para melhorar vários aspetos da nossa personalidade e habilidades.


Após as aulas, e para não perdermos a noção do tempo, temos no canto superior direito do ecrã o relógio. Se por um lado nos mostra o tempo livre para explorar, por outro, serve de um sistema de pressão extra que acaba por ser bem-vindo.

O jogo acaba por se tornar num ciclo diário viciante, no qual Shawn tem rotinas (aulas, jantar, descanso) e usa o restante tempo para as suas explorações.

O jogo apresenta um cuidado com algumas rotinas de uma forma bastante interessante. Por exemplo, a higiene de Shawn terá de ser uma responsabilidade do jogador, se não quiser que ele afugente tudo e todos na universidade.


Interagir com os outros

O sistema de interação com outros personagens, é também um sistema à antiga. Geralmente temos várias alternativas de respostas e as conversas vão fluindo. No entanto, todas as interações têm um ou vários reflexos no jogo.

Hero-U é um jogo que recompensa os jogadores que percam algum tempo em ouvir as conversas todas até ao fim ou que tenham curiosidade para descobrir a própria universidade. Isto, pois existem vários segredos, quests e descobertas à espera do jogador que só dessa forma são despoletadas.

Se por um lado, faz com que a ligação com cada personagem evolua (tanto negativa como positivamente), por outro lado, ajuda-nos a melhorar também a nossa personalidade e a conhecê-la melhor. Mas, não se esqueçam, seja por bem ou por mal, nada do que o jogador faça ou diga, passa despercebido.

E isto permite também que o jogo seja jogado várias vezes, com escolhas distintas e resultados diferentes.


Universidade cheia

Há muitas tarefas a fazer na universidade. Existem várias side quests que nos são dadas pelos colegas ou outros NPCs. Tratam-se de resoluções de delitos e outros puzzles que ajudam a criar um pouco mais de variedade ao jogo.

Além disso, algumas acabam mesmo por nos proporcionar algum dinheiro. Dinheiro esse que pode vir a ser importante para adquirirmos armas, ferramentas ou condimentos para poções.

Por exemplo, podemos entrar nas masmorras da universidade e dar caça a ratazanas e outros bichos gigantescos que assolam as caves da universidade.


O combate na Universidade

E isto leva-nos ao combate que, tal como já devem estar a antecipar, é “à antiga“, por turnos.

Antes de entrarmos no combate propriamente dito, convém referir que, para se ser bem-sucedido numa luta, convém termos exercitado bem as nossas habilidades físicas e como tal, é importante passar algum tempo na sala de treinos.

Quanto ao combate propriamente dito, é simples e tem um pouco de estratégia associada. O jogador escolhe a ação a tomar (seja um ataque, movimento, ou fuga) e espera a resposta do adversário. Cada inimigo (e o próprio Shawn) apresentam a barra de energia que permite ter uma ideia do esforço de cada combate.

Temos à nossa disposição armas de proximidade como espadas ou então facas para arremessar (cujos arremessos podemos treinar na sala de treinos) ou feitiços para invocar.

À medida que avançamos no ano escolar, vamos descobrindo novas opções, novos ataques e novas poções para usar, o que vai aumentando a componente tática dos combates.

Não se trata de um combate nem demasiado exigente, nem demasiado tático e funciona relativamente bem neste contexto. Resta saber que, se não vencermos o combate, vamos parar à Enfermaria da Universidade e retomamos a partir dali.


Vai um joguinho?

Em Hero-U há muito mais que fazer. Por exemplo, existe uma sala de jogos onde podemos jogar cartas e aprimorar algumas skills, ou podemos ajudar o staff da universidade nas suas tarefas, ou mesmo namoriscar a rececionista,…

Graficamente, o jogo faz jus a títulos de outras épocas. Os cenários parecem que foram desenhados precisamente na década de 90, o que para os amantes deste tipo de jogos retro, será uma receita repleta de nostalgia.

Sendo um jogo que nos faz andar constantemente de um lado para o outro na Universidade e entrar e sair constantemente de salas e salões, fiquei um pouco desagradado com os tempos de loading entre essas áreas.

Veredicto:

Tenho de ser sincero. Quem nunca gostou de Point’n Clicks “à antiga”, não vai gostar de Hero-U.

Contudo, os apreciadores destes jogos, vão ter aqui uma aventura que lhes vai agradar certamente. Com uma história satisfatória e divertida, contando com vários personagens interessantes, dezenas de quests para serem concluídas, o jogo traz aquele gosto nostálgico a outros tempos.

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