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Análise Far Cry 5 (Xbox One)

2018 marca o regresso de uma das mais importantes franchises de videojogos dos últimos anos, Far Cry 5.

Este novo episódio da série da Ubisoft, chega assim ao mercado 2 anos após Far Cry Primal com uma herança extremamente valiosa o que lhe atribui uma responsabilidade acrescida face a esse mesmo passado.

Mudando de ares da pré-história (Far Cry Primal) para o interior americano, Far Cry 5 apresenta inúmeras novidades e o Pplware já teve oportunidade de jogar…


Far Cry 5 passa-se no interior profundo dos EUA, no estado de Montana. Trata-se de um local perdido bem no interior dos Estados Unidos e fronteira com o Canadá. Um local repleto de florestas, montanhas, ranchos e pequenas cidades típicas do interior americano.

Imaginem agora que nesse estado existe um condado (espécie de Concelho) com o nome Hope e cuja pacatez e serenidade se viram alteradas com a chegada de uma seita religiosa, o Portão do Éden. Pois, esse é o cenário que vamos encontrar em Far Cry 5. Um condado refém e cativo de uma violenta e numerosa seita religiosa (aliás, tão numerosa que parece que os seus membros nunca acabam).

É claro que uma situação destas não passa despercebida durante muito tempo e nós encarnamos a pele de um agente do FBI enviado para o local para prender o líder da seita, chamado de O Pai (e cujo nome é Joseph Seed). Joseph acredita que foi escolhido diretamente por Deus para salvar os seus discípulos do fim dos tempos que se aproxima e daí o ter tomado Hope County pela força. Acompanhado apenas por outros 3 agentes, a missão de prender O Pai falha e no decorrer duma fuga atribulada, os outros agentes são aprisionados enquanto que nós. Começa assim a nossa aventura.

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Como já perceberam o grande objetivo do jogo é o de libertar o condado de Hope das garras do Portão do Éden, naquela que se antevê como uma tarefa hercúlea. Isto porque Hope County é um condado enorme, apresentando uma diversidade e quantidade de eventos simplesmente brutal.

Com o decorrer da história é-nos dado a conhecer que a seita, ao tomar posse do condado, o dividiu em 3 áreas distintas, cada qual controlada por um dos irmãos de Joseph Steed (Jonh, Faith e Jacob). Dessa forma a Ubisoft delimita um pouco o desenrolar das missões mas… e isto é importante… nunca limitando a liberdade de movimentos e escolhas. Isto porque, apesar de termos de derrubar os 3 líderes, nada nos impede de o fazer pela ordem que quisermos. É claro que há algumas missões encadeadas umas nas outras mas a liberdade é total.

Como nos jogos anteriores Far Cry, a estrutura do jogo consiste em mecânicas mais ou menos típicas. Em primeiro lugar temos as missões da História principal a concluir. Por outro lado temos também diversas missões paralelas dadas pelos NPCs de cada zona e que são variadas o quanto baste. Existem ainda inúmeras outras tarefas pedidas pelos habitantes locais na sua maior parte simples (algumas hilariantes, como uma em que temos de recolher os túbaros de toiros de cobrição para uma receita) e que ajudam a ganhar a confiança e apoio local).

E esse apoio local que vamos sentindo, permite-nos também perceber que, apesar do medo, a maior parte dos habitantes quer a seita dali para fora. Assistimos assim ao nascimento duma Resistência. A Resistência (inicialmente passiva) vai aumentando em número com as nossas ações, acabando por se tornar ativa o suficiente para nos ajudar em diversas ocasiões.

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A forma como vamos fazendo aumentar a Resistência é um reflexo normal da evolução do jogo mas também pode ser um objetivo. Isto trocado por miúdos significa que, tanto no normal decorrer das missões da História Principal, como completando missões para NPCs locais, acabamos por aumentar a presença da Resistência na zona.

Outra forma de obter apoio para a Resistência é através da destruição de postos da seita. Tratam-se de locais emblemáticos de Hope County (Oficinas, bombas de gasolina,…) que foram transformados em quartéis do Portão do Éden. Destruindo esses locais, bem como resgatando prisioneiros ou levando a cabo outras ações contra propriedades da seita acabam por aumentar a dose de apoio à nossa causa.

E para lutar é preciso armas, certo? Claro que sim e a Ubisoft não se esqueceu de nos proporcionar em Far Cry 5 uma boa dose. Temos arcos com flechas, pistolas, metralhadoras, snipers, caçadeiras, bazookas, … e os nossos próprios punhos. Apesar de podermos levar até três armas de cada vez podemos apanhar as dos inimigos caídos. E munições, claro está!

Existe ainda um vasto conjunto de acessórios que vamos desbloqueando e de extrema utilidade, como por exemplo, um arpão que podemos usar para aceder a pontos altos, ou um maçarico de mecânico que nos ajuda a consertar veículos.

Através de um simples sistema de recolha de ervas (nada tão complexo como Primal) podemos ainda criar produtos homeopáticos que nos dão uma mais-valia física temporária.

Ah, e quase me esquecia. Ainda é possível caçar (pumas, ursos, antilocapras, … ) e pescar (carpas, …) sendo essas boas fontes de rendimentos pois os seus frutos podem ser vendidos a bons preços nas lojas que se vão abrindo consoante vamos libertando Hope County.

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Hope County vai-se abrindo assim à nossa frente e como fruto do nosso trabalho, mas não só. Isto porque em Far Cry 5, não estamos sozinhos. Sim, em Far Cry 5 temos a oportunidade de ser acompanhados por outros companheiros de armas (que pode ser feito em cooperativo). Existem duas categorias de apoios. Existem membros normais da resistência que podemos contratar para nos ajudar. Uma curiosidade desses membros da comunidade que contratamos é o fato de, ao início não sabermos quais as suas habilidades específicas. Só as conheceremos quando ele abatar 5 e 10 inimigos respetivamente. Este aspeto é interessante e aguça a curiosidade do jogador em querer contratar cada vez mais para saber quais as suas especialidades.

Apesar do seu papel importante no desenrolar das missões e tarefas (nem que seja para nos reanimarem quando caímos em combate), fica em algumas situações a sensação de que poderiam ainda ser mais úteis.

Existem ainda outros elementos de Hope County que se juntam à causa e que são mais que meros membros da Resistência. Refiro-me a NPCs denominados de Armas de Aluguer e que são especialistas em determinada área. São 9 no total e deixo-vos dois exemplos: um rafeiro chamado Boomer (que marca os inimigos e traz munições), ou Nick Rye um extraordinário piloto de aviões e crucial para nos ajudar no céu.

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E por falar em aviões, Far Cry 5 tem uma enorme lista de veículos ao nosso dispor. Além dos normais carros do cidadão comum, temos muscle cars americanos, temos camiões à americana, tratores, moto 4 rodas, jeeps, SUV, aviões, helicópteros. A diversidade é enorme mas a quantidade também. Praticamente existe sempre um veículo nas redondezas e em determinados pontos do mapa (zonas libertadas a Seita), podemos invocar qualquer um dos nossos veículos. Só tenho pena de não se poder andar a cavalo.

Essa diversidade de veículos acaba por aumentar também a riqueza do jogo, permitindo que o jogador aborde cada missão de forma livre. Será que vou de carro? Será que uso um helicóptero para os matar a todos?

A condução de cada veículo, apesar de arcade, acaba por ser divertida e competente. Gostei particularmente de conduzir nas moto 4, nos helicópteros, nas lanchas… e mais, em cada um desses veículos nós e o nosso companheiro de armas podemos usar armas e objetos de arremesso.

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Bem, mas para combater uma seita convém haver alguém do lado oposto, certo? Pois, a seita do Portão do Éden, cujos membros são algo repetitivos, é um adversário duro mas que podia ser mais. Grande parte da dificuldade do jogo, assenta no fato de estarmos sempre em inferioridade numérica (mesmo com as Armas de Aluguer e outros combatentes). No entanto, só isso não chega e uma das coisas que mais desiludiu foi a frequente falta de inteligência da IA. Um exemplo simples e recorrente acontece quando nos aproximamos agachados para fazer um kill silencioso (mesmo que não tenhamos onde nos esconder, basta vir de lado, que os NPC não nos conseguem ver).

Tirando esse aspeto, em combate aberto os elemento da IA fazem o seu trabalho de forma satisfatória. Muitas vezes tentam usar a vantagem dos números para nos rodear ou encurralar. Usando elementos do cenário para se protegerem vão-se aproximando, muitas vezes com elementos que tenham colete ou lança-chamas à frente.

E muitas vezes em pleno combate o que faz a diferença são as Habilidades que o nosso personagem tem (ou vai adquirindo). Sim existe um processo de evolução do nosso personagem que, consoante os Pontos de Vantagem ganhos com a conclusão de missões, nos permitem desbloquear novas opções. Por exemplo, dominarmos o uso de metralhadoras, ou então de conseguirmos crackar cofres sem termos de os arrebentar, ou aumentar a capacidade do inventário.

Como aparte pessoal gostei bastante de, dada a temática do jogo, da Ubisoft ter incluído Gospel em alguns momentos, o que encaixa na perfeição. De resto o som, tirando alguns glitches, está bem e recomenda-se com as rádios dos carros a darem algumas músicas conhecidas.

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Por fim, uma palavra para o enredo criado para Far Cry 5. Apesar da história ter algumas lacunas e pontos mal explicados acabei por gostar do enredo criado e apreciei o trabalho que foi feito em redor de Joseph Seed. Não se trata de uma prestação para o Globo de Ouro mas apreciei a forma magnânima e obcecada com que O Pai foi representado.

Veredicto:

Mantendo uma jogabilidade bastante semelhante aos anteriores jogos da série, Far Cry 5 traz novidades bastante bem-vindas o que vem comprovar que a série ainda tem muito para oferecer aos amantes de jogos do género. Apesar de alguns problemas, nomeadamente a inteligência artificial dos NPCs inimigos, a Ubisoft conseguiu criar uma experiência que permite ao jogador uma tal liberdade de decisão e em todos os aspetos do jogo que se torna refrescante e extremamente viciante.

Este novo episódio vai agarrar todos os veteranos da série assim como agradará a todos os que quiserem experimentar um shooter com uma história envolvente, passado num gigantesco mundo aberto à exploração e como uma total liberdade de decisão.

Far Cry 5

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