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Análise Dragon’s Dogma II (Playstation 5)

Dragon’s Dogma é um RPG d Capcom, lançado há mais de 10 anos e que obteve um sucesso bastante aceitável. Decorrendo num mundo alternativo e fantástico, convidava os jogadores a encetarem uma demanda pela salvação do reino, derrotando para tal, um temível Dragão. Agora, passada uma dúzia de anos, a aventura está de regresso com Dragon’s Dogma II e… já o experimentámos.


Eis o regresso dum jogo que marcou muitos jogadores aquando do seu lançamento em 2012: Dragon’s Dogma. A Capcom conseguiu, na altura, criar um RPG robusto e cativante que atraiu milhares de jogadores. No entanto, alguns problemas técnicos e de conceção também tiveram o dom de afastar alguns outros.

O original é um daqueles jogos que, ou se gosta, ou não se joga mais (e vão haver muitas pessoas a não gostar, certamente) mas pode-se dizer que Dragon’s Dogma II segue as pisadas do seu antecessor. Em todos os sentidos…

Tal como o primeiro jogo, Dragon’s Dogma II é um RPG de ação onde abunda um combate intenso, narrativa intrigante e uma densa teia de intrigas. Convém no entanto, referir que não é necessário ter-se jogado o primeiro titulo para perceber a dinâmica e história deste jogo.

O jogador impersonifica o Arisen (ou Nascen), o herói que terá de derrotar o Dragão que ameaça Vermund e retornar a paz e prosperidade às terras e ao seu povo. No entanto, além da ameaça constante e visível do Dragão, existe algo mais!

Um intrujão usurpou o trono de Vermund fazendo-se passar pelo Arisen e, cabe ao verdadeiro (nós) desmarcar o impostor. Esta é a trama inicial do jogo, mas, há muito mais para se descobrir e desvendar em Dragon’s Dogma II. Não faltam intrigas politicas, e outras narrativas paralelas relativamente interessantes.

Quem jogou o titulo original, certamente recordar-se-á de que um dos aspetos mais marcantes do Dragon’s Dogma original (e inovador) foi a inclusão dos Peões ou Companions.


Peões ou Companions

Resumidamente, estes Peões são nossos companheiros de aventura, controlados pela IA do jogo e que se revestem de particular importância para o desenrolar da aventura.

No inicio do jogo, quando criamos o nosso personagem (robusto sistema de personalização), podemos também inda criar o nosso Peão. Esse Peão irá acompanhar-nos até ao final do jogo, evoluindo também no decorrer da aventura.

Contudo, no decorrer do jogo, podemos contratar outros 2 Peões para nos acompanhar. A contratação desses Peões pode ser feito nas Pedras das Fendas, onde se encontram inúmeros Peões de outros jogadores. Também os podemos contratar nos nossos “passeios” pelo Mundo de Vermund, dado que muitos deles vagueiam livremente pelas estradas e caminhos.

Cada Peão tem uma especialização, fazendo que seja importante em alguma área mais especifica do combate. Ladrões, Guerreiros, Arqueiros, Magos… existem várias especializações que, convém referir, devem ser geridos com mestria na criação da nossa party pois cada missão é diferente e as suas habilidades podem ser mais ou menos importantes consoante os seus desafios. Devo confessar que, os magos se revestem de particular importância com diversidade de magias que dominam e podem fazer a diferença entre viver ou… morrer.

No entanto, a sua importância não se resume apenas ao seu apoio em combate….

Por exemplo, são auxiliares importantes no transporte do loot encontrado, tendo cada um deles, um inventário próprio. Convém referir que quando estamos demasiado pesados o nosso personagem fica mais lento e cansado.

Cada Companion está também fortemente embebido de um sentido de vivência pessoal. Além de aliados ativos e úteis em combate, são muito úteis na concentração do jogador na narrativa e no desenrolar do jogo e resolução de algumas quests.

Isto pois vão falando entre eles e conosco, dando-nos dicas e pistas sobre o mundo de Dragon’s Dogma e fornecendo-nos dicas sobre o caminho para a missão em questão (se tiverem conhecimento da mesma) ou mesmo para apontando na direção de um tesouro escondido por perto.

Dragon’s Dogma não é um jogo multiplayer mas este sistema de Peões acaba por envolver outros jogadores na nossa “vida”. Isto porque, cada Peão que encontramos nas Pedras da Fenda, são pertença de outro jogador real. E assim sendo, contratamos Peões de outros jogadores que nos acompanham a cada sessão (ou até morrerem).

Por outro lado, o nosso Peão também ganha experiência participando em Parties de outros jogadores, enquanto o nosso personagem dorme ou está inativo.

Mas os Peões também apresentam algumas limitações que os levam a situações estranhas. Por exemplo, um Peão que seja um Ladrão, pode antecipar-se-nos e abrir arcas de tesouros, roubando-nos a excitação da abertura e descoberta do que está escondido. Por outro lado, apresentam também uma certa queda por falésias onde ficam presos.


Vocações, skills e combate

Dragon’s Dogma apresenta as Vocações dos nossos personagens. Essas Vocações foram melhoradas, tanto no sentido de se tornarem mais especializadas como também na personalização que lhes podemos atribuir.

Tal como no jogo original, o nosso personagem tem a sua Classe escolhida pelo jogador ao inicio, mas, em Dragon’s Dogma II além de ser mais abrangente pode também, ser alterado. Como será óbvio, cada Classe tem os seus ataques básicos que o acompanham desde a sua criação.

No entanto, o desbloqueio de novas habilidades, provenientes das várias Vocações, oferecem aos jogadores a possibilidade de atribuir ao seu guerreiro de uma forma mais pessoal ou então orientada para determinado fim.

Algo que convém ter em atenção é que as skills base de cada Vocação não transitam quando se altera de Vocação, perdendo-se todas as suas vantagens. De qualquer forma, isso acaba por ter um lado positivo, pois incentiva os jogadores a experimentarem novas Vocações.

E isto leva-nos invariavelmente aos combates e aos inimigos. O combate de Dragon’s Dogma II está bom. Não está perfeito, mas está um pouco melhor em relação ao jogo original. Tal como em Dragon’s Dogma, os Peões são aliados que se revelam um ponto forte em combate.

Até mesmo porque, na maior parte das ocasiões são efetivamente um auxilio importante e quase resolvendo os confrontos sozinhos.

Tendo em atenção ao terreno onde decorre o combate, o jogador tem muito com que se preocupar. A componente tática poderia ser mais aprofundada pois os confrontos com os bosses são bastante exigentes. No entanto, são confrontos algo lentos e enleados, especialmente contra esses bosses e monstros mais poderosos.

De lamentar (ou não!), existe grande repetição de inimigos que habitam as terras de Vermund. E, de forma algo estranha, teimam em aparecer nos mesmos locais, todas as vezes que ali passamos. É repetitivo mas, por outro lado, representa ganho de XP e de loot.

Mas voltando aos combates com os inimigos mais fortes, representam um desafio bastante interessante. Além de possuírem pontos fortes e fracos específicos, apresentam várias barras de energia, fazendo deles adversários difíceis de derrubar.

Cabe ao jogador descobrir os pontos fracos de cada um e de lhes aplicar ataques e combinar poder de fogo dos elementos da party. Apesar de em certas ocasiões, o melhor será em dar a volta maior e evitar o confronto.

E isto pode passar por nos agarrarmos à cauda de uma Quimera, ou escalar os pelos de um Ogre para lhe espetar uma espada no meio do crânio. E os Peões também dão uma ajuda, tanto no combate como ao indicarem as fraquezas dos monstros que enfrentamos.

O jogo apresenta ainda um sistema de física interessante que é melhor assinalada nos combates com as grandes bestas. Consoante o que estivermos a fazer (escalar um Ogre ou agarrar-lhe uma perna, agarrar o corpo escorregadio duma Quimera) o impacto dos nossos ataques e contra-ataques é bastante credível.

Um dos aspetos cruciais a ter em conta é a gestão da Stamina do nosso personagem e dos Peões. Além das cidades (onde podemos descansar e restituir tudo), podemos ainda montar acampamentos em determinados locais onde podemos cozinhar, aprender e equipar novas habilidade ou apenas descansar. E convém fazê-lo com frequência pois o mundo de Vermund é cruel.

É, contudo, estranha a decisão da equipa de desenvolvimento em limitar a criação de campos apenas em certos sítios identificados no mapa.

Ah! E quase me esquecia… convém ir fazendo upgrade às nossas armas e equipamentos, ou trocando por melhores.


A grandeza de Vermund

Hideaki Itsuno, a mente por detrás de Dragon’s Dogma II anunciou no passado que o mapa do jogo iria ser 4 vezes maior que o do origina, e realmente, conseguimos ter a noção de que se trata de um mapa grande e cheio (e com um completo ciclo dia-noite) com muitas coisas a acontecerem a cada momento, assim como muitos locais para explorar e tesouros para descobrir.

A própria narrativa principal do jogo incentiva à exploração com a colocação de missões nos cantos mais recônditos do mapa e com o incentivo aos jogadores de andarem a pé entre essas localizações.

Contudo é também aqui que entra um aspeto um pouco mais chato do jogo. Existe um sistema de Fast Travel, com recurso a Ferrystones, contudo são caras e difíceis de obter, pelo que o caminho ou é feito a pé (o que se torna um pouco monótono) ou usando Carroças de Bois que são os UBER lá do sitio. Essas viagens nem sempre correm sem incidentes até ao destino, havendo ocasionalmente ataques de monstros ou bandidos (demasiado repetitivos).

Espalhados pelo mapa, existem inúmeros tesouros e pontos de interesse escondidos de forma bastante imaginativa. Existem locais que nos levam a pensar “e se houvesse ali alguma coisa escondida” e muitas vezes… há! Nota-se um esforço da equipa de desenvolvimento para criar esses momentos e a verdade é que são bastante divertidos de descobrir.

E é na exploração que, por vezes, ocorrem situações que revelam que ainda pode ser feito um pouco mais no que respeita à IA dos nossos Peões. Muitas vezes, no decorrer das nossas “caminhadas” encontramos monstros com os quais não queremos iniciar um confronto. Se não estivermos constantemente a chamar os nossos Peões (temos uma lista reduzida de ordens) corremos o risco de começar um ataque com resultados negativos.

O jogo acaba por não ser particularmente difícil ou exigente em grande parte do tempo. No entanto, os confrontos com os bosses são intensos e desafiantes. E sim… convém levar os nossos Peões o mais bem preparados possível e mais bem guarnecidos de armas, armaduras, mantos, magias, poções…

A criação de poções e alimentos encontra-se robusta e diversificada. Mas também simplificada, pois cada item no inventário terá a opção de Combinar com outro e indicando-nos o que poderá gerar essa combinação.

As missões são bastante diversificadas no geral, havendo algumas mal estruturadas. No entanto, regra geral, acabam por ser interessantes e muito em parte pelo facto das sidequests poderem ter desfechos vários. Tudo depende das ações do jogador e o jogo adapta-se a elas. Não havendo muitas vezes abundância de informação, o jogador é livre de criar a sua própria abordagem às missões que, uma vez completadas, são fonte de regozijo.

O grafismo encontra-se decente. Não é, de todo, um grafismo exuberante e que nos deixe pasmados de boca aberta. Muito pelo contrário. A palete de cores usada, a carregar mais nos tons de cinzento faz jus ao jogo original mas, deixa um pouco a desejar em relação à beleza que Dragon’s Dogma 2 poderia atingir.

Uma das coisas que aflige o jogo, tal como afligia o original, é a frequente falta de apoio dado ao utilizador acerca do rumo a tomar ou de para onde se deslocar a seguir, ou com quem falar. De qualquer forma, e tal como referi mais acima, os Peões acabam por ajudar neste capitulo. Ou seja, caso algum dos nossos Peões tenham conhecimento da missão ativa no momento, podemos pedir-lhe apoio que ele nos indica a direção ou ação a tomar. Existem ainda alguns outros intervenientes no jogo que nos ajudam a reencontrar o caminho se nos perdermos numa missão….

Muitas missões apresentam também situações estranhas em que pura e simplesmente deixam de nos dar essas dicas, porque entretanto, optámos por encetar uma nova missão.

Fora das cidades, o mundo de Vermund encontra-se repleto de perigos o que faz com que os jogadores tenham ação (entenda-se combates) garantidos a cada raide. É um mundo vivo onde há um pouco de tudo. Tanto podemos encontrar outros Peões passiveis de contratar, como podemos encontrar NPCs que nos deem missões a completar, ou então… podemos encontrar monstros gigantes, bestas brutais que nos bloqueiam o caminho. Nestes últimos casos, a melhor ação a tomar, pode passar muitas vezes por contornar.

Dessa forma, também é praticamente adquirido que, havendo lutas, vai haver um aumento de XP e de novas habilidades de cada Vocação.


Algo de que os jogos do género padecem e que em Dragon’s Dogma II também se verifica é o eterno problema da câmara. Em jogos na terceira pessoa, onde o combate seja um ingrediente central, o posicionamento da câmara deveria ser melhor programado e a verdade é que em algumas ocasiões isso não acontece. Muito pelo contrário, atrapalhando bastante.


Os Action RPG baseados em ambientes e mundos de fantasia são francamente comuns, o que faz com que o lançamento deste Dragon’s Dogma 2 tenha sido, de certa forma, um risco que a própria Capcom correu.

E trata-se de um jogo bastante interessante ao longo das várias dezenas de horas que disponibiliza aos jogadores. No entanto, perde-se um pouco com o passar do tempo e fica sempre com a sensação de que poderia dar mais.

Com uma narrativa que se ajusta a este mundo, o jogo assenta muito na dinâmica dos Peões e nos combates com os monstros e inimigos mais poderosos. Combate esse que se pode dizer ser bom e excitante. É um jogo que apaixonará os fãs de Dragon’s Dogma original mas que não faz muitos esforços para atrais quem não gostou.

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