Pplware

Análise Conarium (Xbox One)

HP Lovecraft é um dos autores mais consagrados no que respeita à literatura de terror ou suspense. Tal facto não passou despercebido às equipas de desenvolvimento de videojogos. Assim, nos últimos tempos têm-lhe prestado tributo, migrando alguns dos seus contos para o digital, onde se inclui a Xbox One.

Conarium é precisamente um desses casos e os estúdios da Zoetrope Interactive decidiram pôr mãos à obra. Assim, buscando influência em At the Mountains of Madness de Lovecraft, Conarium chegou agora ao mercado. O Pplware já experimentou na Xbox One.


Um quarto estranho e sombrio

Conarium começa como tantos outros jogos começam. O nosso personagem Frank Gilman (um cientista) acorda num quarto estranho e sombrio e sem lembranças de onde estamos ou do que se passou. Esse sentido de intranquilidade vai-nos acompanhar ao longo da aventura. O jogo decorre na perspectiva da 1ª pessoa, ideal para este tipo de jogos.

Sem vermos vivalma vamos-nos apercebendo que estamos numas instalações científicas (estação de Upuaut) no Antártico. Em seguida, começamos a explorar o que nos rodeia. Uma vez que o edifício se encontra na penumbra, o primeiro objetivo será o de encontrar o gerador e fornecer energia ao complexo. E assim começa…

Para quem já viu o filme “A Coisa” (em inglês “The Thing”) de John Carpenter, o ambiente e clima que se gera é muito parecido. Contudo, estamos completamente sós. E esse ponto é explorado no jogo de uma forma interessante, criando uma constante sensação de susto iminente.

A evolução da história… solitária

É sozinhos que vamos evoluindo na história. À medida que vamos investigando o complexo, vamos encontrando pistas que nos permitem ir percebendo o real objeto de estudo da investigação científica nos levou ali, bem como do que de tremendamente errado se passou. Algo foi despoletado pela expedição. Mas algo muito perigoso e que está… claro… a mexer com as mentes e sanidade mental dos seus participantes.

De início apercebemos-nos de que fazemos parte de uma expedição liderada pelo Dr. Faust, cujo objetivo era o de estudar os limites da consciência humana, com recurso a um aparelho chamado Conarium. No entanto, algo se passou e quando “acordamos” perdemos algo… ou será que ganhámos algo?

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Para quem conhece Lovecraft, certamente saberá da sua obsessão com a mente humana e com a forma como a nossa mente reage ao medo. Trata-se de algo bastante difícil de passar para um videojogo e, na primeira hora de jogo, Conarium faz justiça a Lovecraft. (ainda dentro das instalações à superfície ocorre um par de situações deliciosas…e mais não digo)

Há uma linha divisória em Conarium

No entanto, à medida que vamos avançando no jogo, existe uma clara sensação de que há uma linha divisória em Conarium que, quando cruzada, torna as coisas algo diferentes.

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Enquanto que na primeira parte do jogo, uma altura na qual as dúvidas ainda são mais que as certezas, a equipa da Zoetrope conseguiu um trabalho extraordinário. Conarium consegue criar, nesta fase, um ambiente pesado e de risco iminente. Contudo, à medida que vamos entrando nas cavernas e instalações instaladas por debaixo da estação cientifica, as coisas começam a ser um pouco mais previsíveis e o susto iminente começa a deixar de ser tão… iminente.

Bem, mas como referi, após a nossa exploração dos edifícios da expedição, somos invariavelmente levados para baixo. Por debaixo das instalações existe uma gigantesca rede de túneis e cavernas onde decorrerá grande parte do resto do jogo. E é aqui que as coisas começam a variar um pouco.

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Apesar de continuar a haver uma grande incerteza sobre o que se passa, vamos-nos apercebendo aos poucos (através da descoberta de documentos, flashbacks, gravações, gravuras na parede…) do que se passou ali há muitos anos e o efeito susto iminente deixa de ser tão presente.

De referir que os efeitos de flashback que a Zoetrope desenvolveu no jogo estão extremamente interessantes. Além disso, muito bem implementados e ajudam-nos a visualizar o que se passou ali no passado.

Documentos importantes para o jogo

Esta recolha de informações é bastante interessante ainda, pois, além dos documentos importantes para o jogo e percebermos o que se passou ali, existe ainda muita informação interessante retirada da mente de Lovecraft.

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Quanto à jogabilidade, Conarium apresenta-se como um jogo de aventura na 1ª pessoa que decorrer numa continua sucessão de exploração. Não existe muita ação e as interações que existem correspondem a resolução de quebra-cabeças, recolha de pistas ou ocasionalmente na interacção com itens ou maquinarias (podemos inclusive pilotar um mini-submarino). De qualquer forma, mais que isso não será necessário.

E por falar em puzzles, o jogo apresenta alguns obstáculos pelo caminho a fim de serem ultrapassados com o avançar na história. Na sua maioria tratam-se de desafios moderadamente difíceis e de fácil interpretação, mas pecam por pouca informação ou dicas.

Aliás, este é um ponto que faz falta no jogo. Um sistema de informação que indique com clareza os objetivos ou o caminho a tomar.

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Gráficos

Graficamente, o jogo usa o Unreal Engine 4. A Zoetrope deu bastante importância ao pormenor e isso vê-se desde o início, nas instalações à superfície. Por outro lado, as grutas, ruínas e vestígios subterrâneas, apresentam um outro tipo de ambiente mas que em momento algum se encontra deslocado do estilo do jogo.

É claro que num jogo deste género (tal como nos filmes de terror), um dos aspetos mais importantes será o sonoro. Pois bem, Conarium apresenta nesse capitulo, um trabalho fantástico e que é responsável em grande medida pelo efeito de susto iminente que se sente (em especial nas primeiras horas de jogo). O chapinhar na água, o espezinhar da neve, o roçar na vegetação, o vento…

Veredicto

Em suma, Conarium é um bom jogo para a Xbox One, mas poderia ter ido ainda mais longe! Peca, acima de tudo por não conseguir manter a qualidade que nos habitua no primeiro par de horas. No início o jogo mantém o jogador na defensiva, mas à medida que se aprofunda nas profundezas da Estação de Upuaut, vai perdendo um pouco desse gás. De qualquer forma, acredito que o próprio Lovecraft iria certamente gostar de jogar Conarium.

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