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Análise Blackwood Crossing (Playstation 4)

Houve um inevitável sentimento de apreensão quando principiámos a análise a este jogo: foi difícil entender o propósito e a narrativa que serve de base a um jogo que, à primeira vista, parece ser um jogo para crianças.

Mas à medida que fomos avançando e embrenhando na acção, passou a ser difícil conter o impulso de continuar a tentar perceber o rumo que uma simples viagem de comboio de dois irmãos, Scarlett e Finn, iria tomar. Seguimos com eles até à última estação e deixamos-vos o relato de uma aventura com um final emotivo e enternecedor.


Finn e Scarlett são dois irmãos órfãos que viajam de comboio, aparentemente pela Inglaterra rural. Finn é uma criança irrequieta, obrigando a irmã a procurá-lo por todo o comboio. Ao ir atrás do seu irmão, Scarlett – uma jovem a entrar na adolescência – vê aquilo que seria uma simples viagem de comboio transformar-se em algo completamente mágico e surreal, entrando num estranho mundo que poderia perfeitamente ser o cenário para um filme de Tim Burton.

Nesta aventura, que decorre na primeira pessoa, controlamos Scarlett, cujo objectivo será o de reabilitar a relação com o seu irmão, ligação que se terá deteriorado após a morte dos pais. Para progredirmos no jogo e percebermos melhor a história dos dois irmãos e da sua família teremos de resolver alguns puzzles básicos, como colocar fotografias pela ordem correcta ou juntar de forma coerente os diálogos dos outros personagens do jogo.

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Scarlett terá de se movimentar por três locais diferentes: o comboio onde ambos viajam, a casa na árvore do seu irmão e a ilha de Finn, uma ilha imaginária criada por ele. Cada um destes três ambientes é ditado pelo nosso progresso na história e pelo momento de jogo em que nos encontramos. O ritmo do jogo é bastante lento e aqui reside um dos pontos menos positivos deste título: a velocidade a que Scarlett se desloca é extremamente baixa, o que pode ser altamente desanimador. Alguns puzzles requerem que nos desloquemos de um lado para o outro no comboio e é muitas vezes frustrante a baixa velocidade a que essa deslocação decorre. Parece-nos que teria sido benéfico aumentar um pouco o ritmo do andamento de Scarlett.

Ainda no que se refere aos puzzles, há que dizer que – em alguns casos – a ajuda disponível para percebermos de que forma os podemos resolver é praticamente inexistente. Ainda assim, nenhum dos puzzles é complicado o suficiente para que este facto nos impeça de progredir.

Também a forma como nos movimentamos é um pouco atabalhoada, não sendo muito fácil coordenar o movimento do personagem com a câmara que é utilizada. Esta situação é, aliás, mais notada de cada vez que necessitamos de interagir com algum outro personagem ou com qualquer objecto: nestas situações, teremos de colocar uma espécie de “mira” – que é na verdade um pequeno ponto no centro do ecrã – no local correcto para que essa interacção ocorra. Infelizmente não é assim tão fácil conseguir colocar o referido ponto no sítio certo, quer devido a alguma dificuldade em nos movermos, quer principalmente devido ao facto de a área que acciona a interacção ser extremamente limitada. Isto pode causar alguma frustração, com inúmeras tentativas de interacção sem sucesso.

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Os aspectos mais positivos deste jogo são, sem dúvida, a banda sonora e o grafismo dos cenários. A banda sonora, calma e ligeira, consegue criar um ambiente relaxante e melancólico e enquadra-se na perfeição no jogo. Já o grafismo utilizado nos cenários é fabuloso, remetendo-nos para ambientes idílicos e fantásticos, deixando a sensação de que nenhum outro cenário se adequaria melhor a este jogo e ao seu enredo.

Uma última palavra para uma história que, embora à primeira vista parecesse tudo menos coerente, acabou por se revelar de uma profundidade e de uma dimensão imensas. Trata-se de uma narrativa bem concebida que nos empolga e vicia à medida que vamos avançando e descobrindo mais acerca do passado dos dois irmãos, do seu relacionamento e da sua família. É muito fácil deixarmo-nos envolver e querer perceber como irá acabar esta história que, sem querer desvendar muito, tem um final imprevisível e tocante.

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Veredicto:

Um título que parece simples mas é tudo menos isso. A narrativa foi bem pensada e desenvolvida e consegue agarrar o jogador nas pouco mais de duas horas que leva a terminar o jogo. O grafismo e a banda sonora encaixam perfeitamente num jogo que, apesar das suas inúmeras qualidades, beneficiaria se tivesse um ritmo um pouco mais elevado. Os puzzles presentes no jogo e que nos permitem avançar na história são básicos e não nos são dadas grandes ajudas para os resolvermos. É um jogo que, decididamente, vale pela história e pelo final surpreendente.

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