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Análise Bioshock The Collection (Playstation 4)

Bioshock The Collection, é a remasterização da sensacional série de first person shooters da Irrational Games, que faz dos universos surreais e utópicos a sua imagem de marca, idealizados pela mente do genial Ken Levine, um dos fundadores da companhia. Esta colecção é composta por versões actualizadas de Bioshock, Bioshock 2 e Bioshock Infinite, bem como dos respectivos conteúdos descarregáveis lançados no passado.

Infelizmente o multi-jogador de Bioshock 2 (o único a ter esta componente) foi completamente deixado de parte nesta colecção. Apesar da componente online padecer de vários problemas técnicos e de por isso mesmo nunca ter alcançado o sucesso entre os jogadores, este era bastante divertido e diferente do habitual dos fps. O lançamento desta colecção poderia servir para, de alguma forma, revitalizar o multi-jogador da série, mas infelizmente tal não se proporcionou.

Na generalidade, os first person shooters não são propriamente conhecidos por terem histórias magníficas ou narrativas interessantes, e são poucos os que conseguem sequer ter personagens minimamente interessantes no elenco, no entanto, Bioshock e Bioshock Infinite são a prova dentro do género, de que é possível conciliar uma excelente história e personagens memoráveis, com uma excelente jogabilidade. Em Bioshock 2 isto já não se verifica, onde foi dado uma clara primazia à jogabilidade em detrimento da história, e apesar de esta não ser má, longe disso, nunca chega aos níveis de genialidade dos outros dois jogos da colecção.

Em Bioshock assumimos o papel de Jack, o único sobrevivente de um avião que se despenhou algures no meio do oceano atlântico. Miraculosamente, perto do local do acidente existe uma pequena ilha, composta apenas por um farol. Dentro deste, obtemos acesso a Rapture, uma cidade subaquática, que segundo a visão do seu criador, Andrew Ryan, seria formada por uma sociedade desprovida do controlo de governos e religiões, onde cada homem seria livre de forjar o seu futuro, em suma, uma completa utopia.

A verdade é que esta utopia não podia ter corrido pior, vários infortúnios fizeram cair Rapture, mas houve em especial que definitivamente transformou esta utopia num pesadelo. O abuso, por grande parte da população, no consumo de uma substância apelidada de ADAM. Esta tem a capacidade de alterar o ADN das pessoas e conferir certas habilidades especiais e até mesmo de curar doenças outrora incuráveis. Mas a overdose desta substância é capaz de transformar um simples humano, num ser grotesco e feroz, capaz de enfrentar quem quer que seja para obter mais ADAM.

A aventura pelos recantos sombrios de Rapture começa quando Atlas, aparentemente um dos poucos humanos saudáveis que restam em Rapture, pede-nos ajuda a encontrar a sua família. Para enfrentar os perigos da cidade vamos ter um arsenal de armas de fogo e de plasmid. Os plasmid conferem ao jogador habilidades especiais, como o controlo da mente, da electricidade, fogo, etc. O primeiro que vamos encontrar é o de electricidade que é extremamente útil no combate contra os splicers (os humanos alterados por abuso de ADAM), com este poder conseguem paralisar os inimigos e usar a arma de fogo ou de corpo a corpo para acabarem com eles. Como é natural, existem habilidades especiais que são mais apropriados para certas variações destes splicers, por isso o jogo consegue promover bem o uso destes no decorrer da campanha, não nos deixando usar sempre o mesmo método nos confrontos. Os inimigos mais difíceis que podemos enfrentar são os Big Daddy, humanos alterados geneticamente dentro de um fato de mergulho e com uma enorme broca como arma de corpo a corpo. Estes protegem as Little Sisters, em troca da colheita de ADAM que estas fazem. Os Big Daddy só atacam se quisermos o ADAM das Little Sisters, este serve para evoluirmos as capacidades de Jack ou adquirir novos plasmid.

Em Bioshock 2 assumimos o papel de um Big Daddy, que estava desactivo e alguém lhe dá a missão de encontrar Eleanor, a Little Sister que lhe tinha sido designada a proteger. A história desenrola-se também em Rapture, mas uns anos mais tarde dos acontecimentos registados no primeiro. Infelizmente a história deste não chega a conseguir atingir os níveis do primeiro, não que seja má, mas deixa sempre o jogador na expectativa de um grande twist ou de uma grande revelação que acaba por nunca acontecer.

Apesar disso, Bioshock 2 consegue aproveitar todos os pontos positivos da jogabilidade do primeiro, melhorá-los e ainda introduzir novos elementos. Tal como no primeiro, também temos de obter ADAM para evoluirmos as capacidades do personagem, mas desta vez estamos no papel inverso e temos que proteger as little sisters enquanto estas extraem o ADAM dos corpos dos splicers. Para as proteger dos ataques de splicers temos que armadilhar bem o local com a combinação dos poderes adquiridos através dos plasmid. Ou seja, com um plasmid chamado cyclone trap, que atira um inimigo para o ar, é possível adicionar um outro poder para causar ainda mais dano.

Outra nova abordagem em relação ao primeiro, é que não se pode voltar aos locais por onde passámos, sendo este mais linear na abordagem dos objectivos.

Num paradigma completamente diferente está Bioshock Infinite, o último jogo da série, e que traz consigo uma realidade bem diferente da encontrada em Rapture. Aqui, em vez da profundeza do oceano, vamos até Columbia, a cidade dos céus, fundada por Zachary Comstock. Ao contrário de Rapture, aqui os ideais políticos e religiosos são uma obrigação para os seus cidadãos.

A história começa sem grandes explicações, o jogador assume o papel de Booker DeWitt e sabemos apenas que temos de ir até Columbia e resgatar uma rapariga para saldar uma dívida. Eventualmente encontramos a rapariga, Elizabeth, e é nesse momento que começam os problemas, uma vez que Elizabeth tem um guardião para a impedir de fugir, um pássaro mecânico gigante e como se não bastasse, todos os guardas são agora nossos inimigos. Para ajudar a fuga de Booker e Elizabeth temos um arsenal de armas de fogo, dentro da linha dos outros jogos, e também os vigor, o equivalente dos plasmid de Bioshock e Bioshock 2, que concedem ao jogador poderes sobrenaturais. Elizabeth também ajuda nas batalhas, que de forma autónoma procura munição ou garrafas que restabelecem vida e vigor.

As batalhas, para além de serem feitas no solo, também podem ser feitas através dos caminhos-de-ferro que interligam a cidade de Columbia. Com o gancho de Booker podemos percorrer livremente estas ligações e fazer emboscadas aos inimigos ou até alcançar pontos estratégicos para derrotar mais facilmente os inimigos.

Os jogos não sofreram grandes alterações no departamento gráfico, mantendo o mesmo motor levando apenas alguns retoques, nomeadamente efeitos melhorados, algumas novas texturas e também algum aprimoramento nos reflexos.

No departamento técnico, os jogos correm agora a 1080p e a 60fps, na sua generalidade estáveis em Bioshock e Bioshock 2, já em Bioshock Infinite notam-se algumas quebras na framerate, especialmente em momentos de mais acção, mas nada de preocupante ou que estrague a experiência.

O departamento sonoro também se manteve quase inalterado, o que é positivo, principalmente nos efeitos conseguidos em Rapture, onde a sensação sombria e fria só era ultrapassada por cada estremecer que os Big Daddy’s produziam.

Bioshock The Collection

Veredicto:

No geral esta colecção é obrigatória para quem nunca teve a oportunidade de os jogar na geração anterior, são três jogos de enorme qualidade, longevidade e com histórias de vos deixar perplexos.

Por outro lado, se já os jogaram não existem grandes razões para voltarem a investir nesta colecção.

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