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Análise AO Tennis 2 (Nintendo Switch)

A edição de 2020 do Australian Open já chegou ao seu final na vida real, mas cabe agora a jogadores de todo o Mundo tentar reescrever a história a seu gosto. Isto pois já saiu para o mercado AO Tennis 2, o jogo oficial da competição.

O Pplware já teve a oportunidade de treinar nos courts australianos e deixamos-vos as nossas impressões.


O Open da Austrália é um dos torneios mais conhecidos internacionalmente e um dos mais carismáticos do mundo. Talvez por isso seja o único que tem um jogo especificamente dedicado a si.

A edição deste ano já terminou com a vitória (mais ou menos antecipada) de Djokovic na final masculina single, enquanto que em pares o desfecho do torneio sorriu para a dupla composta pelo americano Rajeev Ram e pelo britânico Joe Salisbury.

A tempo de celebrar o evento deste ano, a equipa da Big Ant Studios lançou no mês passado AO Tennis 2, a sua homenagem ao torneio e o Pplware teve a oportunidade de experimentar o jogo para a Nintendo Switch.

Além de melhorias várias ao nível da jogabilidade, o grande porta-estandarte da edição deste ano é, sem dúvida o Modo Carreira desenvolvido de raiz.

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Tal como noutros títulos de desporto, nos quais o jogador pode criar o seu atleta digital e levá-lo até à fama e glória, AO Tennis 2 permite aos jogadores a criação do seu “eu virtual” (ou usar algum atleta já existente). É um Modo Carreira simples e sem grandes manobras de ilusionismo, apresentando uma narrativa leve e superficial que serve perfeito para o efeito.

Tudo bem, que a existência de um Modo Carreira não representa nada de novo na sua essência, mas é uma feature bem valiosa em AO Tennis 2, sendo uma forma de garantir uma maior ligação pessoal a quem o joga.

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Olhando para um jogo de ténis, é tentador antecipar que um modo Carreira possa apenas por uma sucessão interminável de torneios e jogos mas… e apesar de não fugir muito á realidade … a verdade é que existe bastante pelo meio e é isso que permite a este modo ser, talvez, onde os jogadores vão passar bastante parte do tempo.

Não deixando de ser verdade que a evolução da Carreira passa invariavelmente por transitar de torneios em torneios pelo caminho a Big Ant introduziu bastantes motivos de interesse que tornam a experiência mais diversificada e mais abrangente, como por exemplo, as entrevistas e conferências de imprensa. Essas interações do jogador com os meios de comunicação social acabam por influenciar a forma como o jogador é visto no meio do ténis e pelos fãs, chegando mesmo a influenciar a vertente negocial com os sponsors.

E por falar em componente financeira, esta também se encontra presente pois no decorrer dos jogos e torneios, o jogador vai adquirindo tanto dinheiro como experiência que se vai traduzindo na aquisição seja de equipamentos e acessórios melhores, seja no treino de habilidades do atleta.

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Bem, mas o que realmente interessa é o que se passa dentro do court de ténis e nesse capitulo o jogo apresenta algumas boas ideias.

Creio que a principal passa pelo sistema que a Big Ant desenvolveu para o controlo do atleta e da direcção e força da jogada. Explicando melhor, AO Tennis 2 permite um controlo total dos movimentos do nosso atleta virtual, quer na movimentação no court, como no controlo da raquetada.

O controlo do movimento do jogador é feito com o analógico direito. No entanto, o momento da pancada da bola é feito com recurso a um pressionar do botão respectivo e com o analógico a indicar a direcção da pancada. É um sistema algo complicado de dominar, requerendo bastante prática e treino. Esta coordenação exigida no momento de dar a pancada é exigente e se tivermos em atenção que o tempo a pressionar o botão indica a força com que a pancada será dada, aumenta ainda um pouco mais a destreza necessária.

Esta estratégia, que já foi introduzida noutros jogos, tem o risco de se não tiver uma implementação adequada, vir-se a revelar um desastre. Felizmente em AO Tennis 2, não chega a este ponto e até se pode considerar bastante decente e funcional.

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Definitivamente, pode-se dizer que a curva de aprendizagem de AO Tennis 2 é um pouco acentuada, e faz sentido, visto que o jogador tem de conseguir o equilíbrio perfeito entre o movimento do jogador e (em simultâneo) o controlo da direção da bola.

Felizmente, também existem várias definições que o jogo apresenta de apoio ao jogador e que permitem uma “ajuda” na altura de controlar o jogador ou dar a raquetada final.

Apesar de funcional, esta mecânica (pelo menos na Switch) padece de alguns problemas que acreditamos estarem relacionadas com interface deficitário com o controlador. Isto pois existem situações em que os movimentos dos jogadores (cujas animações estão bastante satisfatórias) não representam exatamente o que pretendemos fazer e parecendo haver saltos nas ordens enviadas pelo Joy-Con.

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Apesar dos movimentos dos jogadores estarem bastante aceitáveis, ocorrem com alguma frequência situações estranhas nas quais o jogador controlado pela IA parece ter todas as condições para limpar uma jogada e falham de forma estupidamente escandalosa. Ou então, por outro lado conseguirem chegar a bolas praticamente impossíveis.

Não poderia deixar de referir que a física que a bola apresenta consegue ser na maioria das ocasiões bastante credível. Existem poucas situações de contactos ou efeitos aberrantes que por vezes surgem em jogos que envolvem bolas e ressaltos.

Já o grafismo por sua vez, poderia estar muito melhor. Especialmente quando não estamos a jogar (numa perspectiva alta por trás do atleta). A Nintendo Switch já demonstrou noutros jogos que permite bastante melhor. Tanto as aproximações (animações) aos intervenientes do jogo nos momentos parados como nas conferências de impresa, o grafismo parece ter sido bastante descurado, infelizmente.

Um outro problema que ocorre com bastante frequência são quebrar brutais de framerate durante os jogos. Num jogo que faz da precisão o seu ponto mais exigente, este tipo de situações anómalas mina a jogabilidade de forma bastante frustante.

Licenciamentos são muitas vezes a fonte de problemas para jogos de desporto que tenham aspirações a representarem a realidade e AO Tennis 2, apresenta os mesmos velhos problemas. Apesar de alguns dos principais tenistas da actualidade se encontrarem presentes no jogo, a verdade é que faltam muitos mais… por exemplo o campeão da edição deste ano. É lamentável que isto aconteça (tanto neste como noutros jogos e seja de quem for a responsabilidade) pois rouba bastante carisma ao próprio jogo.

Ok, que se pode dizer que existem milhares de criações de jogadores feitos e partilhados pela comunidade que podem minimizar (ou substituir) essas ausências mas a verdade é que não deixa de ser algo que deveria estar presente desde o inicio.

Um pormenor bastante interessante e que fará as delicias de todos os entusiastas do ténis são as doses maciças de estatísticas que o jogo nos apresenta no final de cada jogo.

Aproveito a ocasião para vos deixar um vídeo disponibilizado pela organização do evento com alguns das melhores jogadas que tiveram lugar na edição deste ano:

”Veredicto”

O Australian Open encontra-se relativamente bem representado em AO Tennis 2. O jogo apresenta ideias boas ao nível da jogabilidade e um bom Modo Carreira, despertando nos fãs do ténis aquele bichinho que por vezes se encontra adormecido. Contudo, a falta de de licenciamentos dos principais jogadores da actualidade, alguns problemas de interface e um grafismo menosprezado acabam por tornar o jogo aquém do que poderia ter alcançado.

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