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O que se passou em outubro de 1582 para terem desaparecido do calendário 10 dias?

                                    
                                

Autor: Vítor M.


  1. Max says:

    Duração média do ano no calendário:
    – juliano (com início a 45 a.c.): 365,25 dias (365 dias e 6 horas). As 6h a cada 4 anos dão um dia que se acrescenta nesse ano (ano bissexto)
    – gregoriano (com início em 1582 d.c): 365,2425 dias (365 dias 5 horas 29 minutos e 12 segundos.
    O juliano tem em média mais 0,0075 dias, o que nos 1627 anos que se tinham passado desde a sua aprovação dava cerca de mais 12 dias.
    O ano solar gregoriano tem mais 12 segundos que o ano médio solar real, o que é uma muito boa aproximação (adianta-se um dia a cerca de 3.300 anos).
    Então, a regra completa do calendário gregoriano para saber quando é que um ano é bissexto é – se o número é divisível por 4 (em termos práticos, quando o número formado pelos 2 últimos algarismos for divisível por 4) exceto se for divisível por 100, a menos que seja também divisível por 400 (2100 não é bissexto, é um ano normal).

    • Max says:

      Mas Gregório XIII quis acertar o calendário civil com o calendário astronómico ou acertar a data da Páscoa? Ambos, mas acertar a data da Páscoa (e outras festividades religiosas) é consequência de acertar o calendário civil. Os factos:
      – Com o atual calendário, no atual século, o equinócio da primavera no hemisfério norte ocorre com mais frequência no dia 20 de março e, com menos frequência, a 19 e 21 de março.
      – O Concílio de Niceia (325 d.C.) fixou a Páscoa no primeiro domingo. depois da primeira lua cheia, depois do equinócio de verão no hemisfério norte.
      – O Concílio de Niceia não fixou o dia 21 de março para o equinócio da primavera – mas a tradição eclesiástica adotou essa data.
      – No calendário juliano, o ano médio tem a duração de 365,25 dias. O ano médio trópico (astronómico, real) é de aproximadamente 365,2422 dias (menos 0,0078 dias, aproximadamente 11 minutos – cerca de 1 dia a cada 128 anos).
      – O Concílio de Niceia tinha sido há 1257 anos, o que, a dividir por 128 anos dava 9,8 dias a mais – e por isso foram eliminados 10 dias no calendário. De facto, com 10 dias de desvio, deviam ser frequentes as trocas de “lua cheia pascal”.
      Com o acerto de Gregório XIII, a Páscoa, num conjunto alargado de anos recentes, tem andado entre 23 de março e 25 de abril (variação com grande impacto no calendário escolar, que foi, entretanto, atenuado).

  2. Filipe says:

    Pensei que um cientista maluco da época tinha feito uma experiência doida, e fez avançar o tempo 10 dias.

    • Zé Fonseca A. says:

      igreja, só falhaste na parte do cientista

    • Max says:

      Por acaso acho que houve grande ciência em astronomia, quer no calendário juliano (45 a.C.), quer no gregoriano (1582 d.C.).
      Basta comparar com o calendário lunisolar (que tem em conta quer calendário lunar para a duração dos meses, quer o calendário solar para a duração do ano) usado pelos romanos anteriormente. O desfasamento entre os dois era corrigido com a introdução periódica de dias, ou mesmo meses, “a martelo”.
      A China adotou calendário civil (gregoriano) em 1912. Mas para as festividades, como o “Ano Novo chinês” mantém o calendário chinês. também lunisolar. Mas os ajustes entre o calendário lunar e o solar têm regras precisas, não são a “martelo”, como o romano pré-juliano.
      Os países islâmicos também adotaram o calendário civil, mas mantêm um calendário para fins religiosos – que é um calendário lunar puro, ou seja, sem ajustes, sem anos bissextos ou outros ajustes ao calendário solar como na China. A inexistência de sincronização entre os dois calendários implica que o ramadão (o 9º mês) possa ser de verão ou de inverno. Caraterísticas do calendário (lunar) islâmico: ano de 354 ou 355 dias (menos 11 dias do que o ano solar, juliano e gregoriano), dividido em 12 meses, de 29 ou 30 dias, geralmente alternados (no 29º dia observa-se se há “hilal”, um fio de luz a iluminar a lua nascente – se se vir, o dia seguinte é o 1º dia do mês seguinte; se não se vir o dia seguinte passa a ser o dia 30 do mês corrente, iniciando-se o mês seguinte no dia a seguir ao 30). Como uns podem ver esse fio de luz e outros não, por exemplo se o tempo estiver encoberto, isso gerava trapalhada (e continua a gerar) por não haver uma entidade central que decida se o mês muda ou não muda).

      • Max says:

        Uma precisão. No calendário islâmico não há ajustes do calendário lunar para o calendário solar, mas há ajustes no calendário lunar para acertos com o ciclo lunar. Ou seja, em cada ciclo de 30 anos, nos “anos abundantes” é acrescentado um dia ao último mês do ano (ou seja, em vez de 29 dias passa ater 30), num total de 11 dias – os anos abundantes do ciclo são o 2, 5, 7, 10, 13, 16, 18, 21, 24, 26 e 29.
        Isto significa que, num ciclo de 30 anos, a duração média do ano islâmico é = [(19 anos x 354 dias + 11 anos x 355 dias)/30] = 354,37 dias.
        O que torna fácil saber em que ano estamos no calendário islâmico:
        – A Hégira foi no ano 622 d.C, já passaram 1403 anos no calendário gregoriano.
        – 1403 anos x 365,2425 (duração do ano no calendário gregoriano) = 512.435 dias
        – 512.435 dias / 354,37 (duração média do ano islâmico) = 1446 anos islâmicos
        – se já passaram 1446 anos do calendário islâmico, estamos no ano 1147. E efetivamente estamos – em 14/10/2025, estamos no dia 22 do mês Rabi’ al-Thani (4º mês) de 1147, como qualquer conversor de calendários pode confirmar.

  3. Zé Fonseca A. says:

    Como tudo na vida, foi um acto divino

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