Fabricante colocou paraquedas nos seus aviões. Esta “loucura” já salvou centenas de pessoas
Por que motivo os aviões comerciais não estão equipados com paraquedas? A pergunta parece ignorante... mas uma fabricante norte-americana decidiu transformá-la numa solução inovadora: integrou um sistema de paraquedas balístico de série nos seus aviões. E este sistema já salvou centenas de pessoas.
Paraquedas como parte integrante do avião
A Cirrus Aircraft, especializada há décadas no fabrico de aeronaves ligeiras, incorporou um paraquedas balístico diretamente na fuselagem de um avião, não como um acessório opcional, mas como um componente de série.
O sistema, denominado Cirrus Airframe Parachute System (CAPS), equipa todos os modelos da série SR e também o Vision Jet, um jato monomotor com capacidade para cinco passageiros e o piloto.
O objetivo do CAPS é salvar vidas quando todos os outros sistemas falham, e o seu funcionamento reflete essa simplicidade. Alojado numa cápsula selada na parte superior da fuselagem, logo atrás do cockpit, encontra-se um paraquedas de grandes dimensões.
Em caso de emergência crítica, o piloto apenas necessita de acionar uma alavanca em forma de "T" localizada no teto da cabine. Em segundos, um pequeno foguete propele o paraquedas para fora da estrutura, permitindo a sua abertura e abrandando a descida da aeronave até esta pousar em segurança no solo.
Contudo, existem condições para a sua utilização. A ativação do sistema não é recomendada abaixo dos 180 metros de altitude em relação ao solo, sendo a sua eficácia ótima entre os 180 e os 600 metros. Acima deste patamar, o piloto dispõe de mais tempo e altitude para tentar resolver a avaria, mas o CAPS continua a ser uma opção viável se a situação se revelar irrecuperável.
Uma ideia que redefiniu a segurança na aviação
O desenvolvimento do CAPS foi um processo gradual. Em meados da década de 90, a equipa de engenharia da Cirrus, sob a liderança de Paul Johnston, começou a trabalhar num conceito que muitos consideravam radical: adaptar um sistema de paraquedas a uma aeronave ligeira de produção em série.
A inspiração veio de protótipos anteriores da Ballistic Recovery Systems (BRS), uma empresa pioneira em paraquedas balísticos para aeronaves como o Cessna 150.
O momento decisivo ocorreu em 1998, no deserto da Califórnia, quando um piloto de testes ativou o sistema com sucesso pela primeira vez. Esta validação prática provou que o conceito era viável e levou a Cirrus a integrá-lo como um elemento estrutural fundamental no seu primeiro modelo de sucesso, o SR20.
Desde que foi certificado, o sistema CAPS já foi ativado em mais de uma centena de emergências reais. Segundo dados da Cirrus Owners and Pilots Association (COPA), já se registaram 136 acionamentos bem-sucedidos.
A própria Cirrus afirma que o sistema permitiu que mais de 250 pessoas regressassem a casa em segurança, muitas delas após enfrentarem falhas de motor, perda de controlo ou condições meteorológicas adversas.
Algumas destas histórias são particularmente marcantes, como a de Greg Huntley, um piloto e proprietário de um Cirrus. A 22 de outubro de 2014, durante um voo de rotina, o seu avião sofreu uma falha total de motor a 1520 metros de altitude. Com calma, Huntley tomou uma decisão: se aos 900 metros não conseguisse ver o solo, acionaria o paraquedas.
E assim fez. Ao ver que o céu continuava encoberto, comunicou via rádio a sua intenção e puxou a alavanca do CAPS. Em menos de um minuto, a aeronave pousou suavemente num campo, e Huntley saiu ileso.
Vision Jet e a aterragem autónoma
O auge desta filosofia de segurança foi alcançado com o Cirrus Vision Jet, um pequeno jato monomotor certificado em 2016, que se tornou o primeiro do mundo a ser equipado de série com um paraquedas balístico. Mas a Cirrus foi mais além, adicionando a funcionalidade "Safe Return".
Este sistema permite que, em caso de incapacidade do piloto, qualquer passageiro possa pressionar um único botão. A partir desse momento, o avião assume o controlo total: calcula a rota mais segura, comunica a emergência aos controladores de tráfego aéreo e executa uma aterragem totalmente autónoma no aeroporto mais próximo.
É importante sublinhar que o sistema de paraquedas da Cirrus não foi concebido para ser uma solução universal, aplicável a todos os tipos de aeronaves. A sua eficácia está diretamente ligada ao peso, estrutura e perfil de voo dos aviões ligeiros para os quais foi desenvolvido.
Ainda assim, o seu sucesso inegável abriu um precedente importante: existe sempre margem para repensar a segurança na aviação e introduzir tecnologias que, à primeira vista, poderiam parecer ignorantes.
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Felizmente ainda há quem resiste e continue a ser “maluco” sem medo.
A sociedade de hoje já não premeia a inovação e avanço. 99% das pessoas fazem todos os possíveis para não errar, e isso muitas vezes significa não fazer nada ou ir apenas por caminhos seguros. Avançar e inovar implica invariavelmente erros e tropeções, mas ainda há quem avance.
Há é o pormenor: O Cirrus SR custa 4 milhões de euros, quase 5 vezes, o que custava, a versão de 2015. O Vision então nunca fica abaixo dos 6 milhões de euros (depende dos extras). E a manutenção são 250000 euros, por ano, fora as revisões.
Preço é inferior aos Embraer mas, a manutenção, é bem superior. Adivinhem lá porquê?
Custa quanto ? deve estar a falar do preço em reais !
https://www.aeronavesavenda.com/cirrus-sr22t-g7-2025-a-venda/
Não é loucura nenhuma, os Russos usam esta tecnologia ha mais de 50 anos, nas naves deles.
Hoje em dia a spacex e a Dragon também já usam o sistema.
A primeira vez que vi isto foi num avião russo, que foi apresentado na altura, mas que com muitas voltas que o mundo deu desde então, só agora é que estão a preparar para produção em massa, que é o lms-901 Baikal.
Sim isto ajuda a salvar vidas e deveria ser obrigatório.
Outro projecto Russo que a AirBus estava muito interessada, separava ainda no ar o habitáculo do resto do avião, e abria um para-quedas gigante, para prevenir a morte dos passageiros.
Mas com as voltas que o mundo está a dar, não me parece que esse projecto vá ver a luz do dia, pelo menos não na Airbus, ou Boeing.
É impraticável, principalmente para a aviação comercial, um dispositivo destes iria aumentar o peso da aeronave, o seu efeito seria nulo na maioria das situações de emergência e poderia levar a um aumento de acidentes. Eu não tenho os números, mas as probabilidades de causar mortes seriam superiores às vidas potenciais que salvaria. Imaginem colocar nos automóveis um sistema que pesasse 20 a 30% do peso do carro, que prevenisse só acidentes em que a roda sai, que corresponde a 2% dos acidentes mas que tem o risco de inadvertidamente ser acionado causado logo a morte a todos os passageiros. Seria mais lógico fazer Airbags internos para poucos mais duros, mas mesmo isso não compensaria, ainda assim o risco de morrer gente por defeito no sistema seria menor.