A DARPA criou “por acidente” um radar de foguetões
Um projeto de defesa dos EUA, destinado a monitorizar explosões subterrâneas, fez uma descoberta surpreendente: pode também detetar foguetões a cair do espaço. Durante o estudo das ondas de choque que se propagam pela atmosfera, os investigadores que trabalhavam no projeto AtmoSense da DARPA descobriram o que pode ser o primeiro radar de foguetes acidental do mundo.
O AtmoSense nunca foi concebido para rastrear foguetes. O programa foi lançado em 2020 e tinha como objetivo explorar como a energia acústica e eletromagnética de explosões, terramotos e outras perturbações viaja da superfície da Terra até a ionosfera.
O objetivo era perceber se seria possível usar a própria atmosfera como sensor para escutar eventos globais sem necessidade de linha de visão direta.
No entanto, durante um teste de campo em 2024, no Novo México, a DARPA obteve um resultado que não correspondia ao plano. A equipa tinha acabado de detonar vários explosivos de teste quando os instrumentos captaram uma queda repentina e inesperada no conteúdo total de eletrões da atmosfera, uma medida das partículas carregadas na atmosfera superior.
O mais surpreendente desta queda repentina foi que não correspondia a nenhuma das explosões agendadas pela equipa.

A DARPA anunciou recentemente o seu programa Atmosphere as a Sensor (AtmoSense), cujo objetivo é compreender os fundamentos da propagação de energia desde o solo até à ionosfera para determinar se a atmosfera pode ser utilizada como um sensor.
Falcon 9 da SpaceX permitiu uma descoberta "surpreendente"
Então, começaram a investigar. Descobriram que um foguete Falcon 9 da SpaceX tinha reentrado na atmosfera no mesmo dia, por volta da mesma hora. Assim, determinaram que a perturbação que detetaram provavelmente vinha da descida do foguete.
Ao analisarem dezenas de outros lançamentos, encontraram o mesmo padrão, claro, repetível e detetável à distância.
Por outras palavras, acabaram por criar um radar de foguetes funcional. Ao medir como um objeto que reentra na atmosfera atravessa a ionosfera e perturba os eletrões circundantes, as ferramentas da DARPA agora podem identificar reentradas de foguetes sem precisar de visão direta do céu.
Esta descoberta inesperada pode ter grandes implicações para os sistemas de defesa.

O projeto poderá permitir monitorizar também os mísseis hipersónicos HGV – Hypersonic Glide Vehicles). Estes são lançados por um foguetão, saem da atmosfera (atingem altitudes suborbitais, geralmente acima dos 100 km), e depois reentram, planando na alta atmosfera a velocidades superiores a Mach 5.
Projetos secretos podem agora ser monitorizados pelos EUA
Um sistema capaz de detetar qualquer objeto que reentra na atmosfera da Terra – seja um impulsionador comercial, um satélite desativado ou algo mais secreto – sem precisar de visão direta do objeto, pode mudar completamente a forma de proteger a superfície da Terra de detritos que caem.
Este tipo de consciência em tempo real é exatamente o que os programas de defesa procuram, e a DARPA criou-o acidentalmente. Além disso, as ferramentas de modelação da DARPA podem ser úteis para além da ciência atmosférica.
Estas ferramentas foram desenvolvidas para simular como pequenas explosões enviam ondas de energia a percorrer o céu.
Contudo, podem também ajudar a simular veículos hipersónicos, dinâmicas complexas de fluidos ou qualquer outro problema onde o poder de computação tenha atingido um limite.
Neste momento, a DARPA planeia manter o AtmoSense como um esforço científico. Mas, graças a uma descoberta não planeada, o projeto pode ajudar a inaugurar uma nova era de monitorização atmosférica, ajudando os investigadores a criar um radar de foguetes funcional capaz de detetar quase qualquer objeto que entre na atmosfera da Terra.
DARPA, Space X, Musk. Mudam os nomes mas a essência é a mesma. O sonho dos nazis e outros que os antecederam tornado realidade.