Comeria hortícolas que não viessem da terra? Como Singapura está a redefinir a agricultura
Os filmes de ficção científica mostram cidades caóticas e repletas de altos prédios, completamente pintadas pela mão do ser humano. E a comida...? Em Singapura, que poderia ser uma cidade do futuro, há quem esteja a trabalhar para assegurar o abastecimento alimentar sem depender de terras agrícolas.
No coração de Singapura, a quinta de hidroponia de interior Artisan Green redefiniu a agricultura por via da tecnologia e da inovação.
Fornecendo supermercados, hotéis, restaurantes e cafés de Singapura, a empresa de agricultura moderna aproveitou a agricultura vertical para maximizar a produtividade, num país onde a terra é escassa e o espaço agrícola é altamente limitado.
🔎 A hidroponia é a técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva equilibrada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta.
Conforme uma reportagem da CNBC, a Artisan Green desenvolveu um avançado "Sistema de Gestão Agrícola", pensado para transformar a agricultura com automação e digitalização.
Singapura está a repensar a agricultura
Criado em parceria com a empresa global Siemens, que procura perceber até que ponto é que a sua tecnologia consegue contribuir para este desafio, o sistema gere com precisão:
- Fertilizantes;
- Água;
- Fases de crescimento.
Além disso, possibilita a monitorização remota e em tempo real do consumo de energia e água para aumentar a eficiência.
A colaboração com a Siemens pode ajudar Singapura a avançar no sentido de alcançar a visão "30 by 30", um objetivo de produzir localmente 30% das necessidades nutricionais da nação até 2030.
Nós somos bons naquilo que fazemos, que é a agricultura. Depois há a Siemens, boa em automação e digitalização.
Disse Ray Poh, fundador da Artisan Green, descrevendo uma parceria de sucesso.
Com a redefinição da agricultura em mente, a empresa está a preparar-se para expandir a sua atividade, construindo uma quinta 18 vezes maior do que as suas atuais instalações de 300 metros quadrados.
Com uma área de 5500 metros quadrados, a nova quinta produzirá 30 toneladas de folhas verdes por mês - o suficiente para mais de 134.000 refeições. Este crescimento aumentará a capacidade de produção em 30 vezes.
Considerando que esta pode vir a ser uma abordagem adotada noutros países, comeria hortícolas que não viessem da terra?
A China já tem alface, tomate, cebolas e peixe-zebra no palacete espacial Tiangong. Em breve montará um sistema de aquaponia muito superior à simples hidroponia da NASA, do século passado. Até irá lançar macacos ao espaço!
Gosto mais de filmes de “Fricção científica “… Quando tiver que morrer é com gosto…
Acho que isso já cá há muito ….
Vivi 8 meses em Singapura e é incrível como não cultivando nada por motivos logísticos eles conseguem abastecimento de tudo fresco no dia de todos os países à volta.
Sem dúvida a cidade mais avançada do mundo e de onde saem tendências globais.
hahaha
@Zé Fonseca A. e a que preços, eu estive lá em 2022 e por exemplo os morangos são vendidos a 1$ cada, não são vendidos ao Kl, coisa que até é muito comum na quele continente, tipo pernas de frango vendidas a unidade e não ao Kl, mas Singapura é de facto muito moderna e limpa com exempção a parte Indiana, mas também cara.
Por lá até o Aeroporto é digno de ser visitado é simplesmente fantástico.
@Zé Fonseca A. chegas-te a provar aquela coisa tipo courato adocicado muito popular por lá?
Diria que quase todos já comemos regularmente produtos que são cultivados fora do solo. Basta ver saladas (especialmente “saladas” baby e algumas folhas mais pequenas), tomate e as muitas bagas que vêm essencialmente do sul de Espanha para o mercado nacional e que já não sabem o que é solo.
Mas não só. Já os Países Baixos são dos maiores produtores de hortícolas em hidroponia há anos e anos. Se forem ver umas imagens no google earth é impressionante a área que as estufas ocupam.
Acho piada é que sempre que nos mostram imagens destas “inovações”, parece sempre um laboratório todo pipi, limpinho, cientistas que máscaras e toucas… nas verdade as verdadeiras estufas de produção não são exatamente assim. Mas pronto, assim parece mais high tech. Na verdade, podem por mais tecnologia na coisa, mas são métodos que já se usam há anos e anos. Perguntem à malta que cultiva folhinha verde que sabem tudo e mais alguma coisa.
Agora, também é preciso produzir bem. Lembro-me há uns valentes anos atrás que houve uma “vaga” de exportação de pera rocha para o mercado britânico. Mas a produção era fiscalizada pelos brits e a malta cá não achou muita piada. Tinham de ter casas de banho nas explorações com água e sabão para lavar as mãos, tinham de se certificar que os funcionários cortavam as unhas rente para não danificar as peras, entre outras coisas que já não me lembro. Mas às vezes coisitas pequenas fazem uma diferença enorme a ajudam a passar de um produto “barato” para um produto com outro estatuto.
Agora temos aqui uma pergunta: Os produtos crescem num banho e até são mais bonitos, mas terão as mesmas características nutricionais? Não só pela forma como são cultivados, mas também pelo “apuramento” da espécie. O objetivo é cultivar produtos bonitos para vender. Basta comparar um normal e grande “fresón” do sul de Espanha com um morango raquítico cultivado nos vasos lá de casa. O sabor é 1000 vezes melhor no de casa, apesar de ser muito menos apelativo aos olhos.
Mas, a verdade é que somos cada vez mais população, precisamos cada vez de mais comida e de mais área de cultivo. E as terras férteis não são assim tão abundantes como queremos, ou são “irregulares” ou em locais com clima desfavorável, o que torna a agricultura mais trabalhosa e cara. Também temos a competição pelas terras entre agricultura e habitação. Não é nenhum segredo. Mais gente = mais casas = mais comida necessária = mais área de agricultura. Uma das soluções é cultivar na vertical (estufas de vários andares), outra é cultivar em locais menos “bons” usando estufas e nutrientes “importados”. Na verdade, com nutrientes e estufas, até nos polos podemos cultivar (teoricamente pelo menos).
Olhem, a famosa “pocilga” de 26 andares da China é um exemplo. Coloca muitas questões de controlo animal e de doenças, mas se queremos produção em massa…