Reino Unido inspira-se no Japão para reformar o seu Serviço Nacional de Saúde. Porquê?
O secretário de Estado de Saúde do Reino Unido quer inspirar-se no Japão para conduzir uma tentativa de reformar o serviço nacional de saúde, ou National Health Service (NHS), do país. O que está o país a fazer bem?
Recentemente, Wes Streeting, secretário de Estado de Saúde do Reino Unido, afirmou estar a inspirar-se no Japão para mudar como os britânicos são tratados pelo serviço nacional de saúde do país.
O responsável britânico disse estar interessado na ideia de "exames médicos" para os cidadãos mais idosos do Reino Unido, referindo como a nação insular asiática se baseia em planos médicos personalizados para a sua população envelhecida, segundo a Sky News.
Atualmente, o Japão adota uma abordagem preventiva da saúde, combinando a genética e a aprendizagem automática da Inteligência Artificial para oferecer programas hiper-personalizados aos indivíduos. Desta forma, o país tenta a prever e prevenir doenças antes que elas se instalem.
Segundo a International Citizens Insurance, aliás, o sistema universal de saúde do Japão é conhecido por ser um dos melhores do mundo, ocupando o 13.º lugar a nível mundial no Índice de Cuidados de Saúde 2024 da CEOWORLD.
Na perspetiva do secretário de Estado de Saúde, uma abordagem deste tipo poderia ser um "fator de mudança", numa altura em que o Reino Unido se prepara para publicar o seu plano de 10 anos para o serviço de saúde, previsto para o final de 2025.
Aliás, Streeting tem falado repetidamente sobre a ambição de transferir mais trabalho do serviço nacional de saúde britânico dos hospitais para as comunidades locais, focando-se mais nos cuidados preventivos do que nos tratamentos de emergência, mais dispendiosos e invasivos.
O que faz do Japão uma referência?
Em declarações ao The Telegraph, Wes Streeting, que terá sido informado por um antigo funcionário japonês da saúde sobre a ação do país nesta matéria, disse que o Japão era um caso de estudo "interessante" a seguir, porque tem uma "sociedade envelhecida muito significativa".
De facto, a população japonesa tem diminuído e tem vindo a envelhecer há décadas, uma vez que os jovens adiam o casamento e o nascimento dos filhos, em grande parte devido a empregos instáveis e a dificuldades económicas.
Em 2023, um inquérito revelou que, pela primeira vez, mais de uma em cada dez pessoas no Japão tinha 80 anos ou mais.
Pela sua abordagem, o secretário britânico afirmou esperar que serviços personalizados como os do Japão possam vir a ser oferecidos a toda a gente no Reino Unido.
Vê potencial nesta abordagem preventiva para o sistema nacional de saúde, em Portugal?
Imagem: health.gaijinpot.com
Neste artigo: Japão, NHS, reino unido
Um exemplo para Portugal.
Ah não, para Portugal era pôr o pessoal a pagar as cirurgias, porque a maior parte acha que é de borla. Um familiar meu fez uma cirurgia há uns meses, e a estimativa do médico foi na casa dos 120 000€ cada uma.
Podiam-se inspirar no nosso SNS, porque não!!!
Tomara os britânicos terem um serviço nacional de saúde igual ao nosso.
O nosso SNS só é mau para os portugueses, mas é gabado em toda a Europa. Até os nossos imigrantes vêm a Portugal para o usar, e muitos deles vivem nos ditos países muito mais evoluídos que o nosso.
Mas infelizmente é uma característica do tuga, dizer mal do que tem e dizer bem do que é dos outros.
Depende muito do contexto e da área, mas falo com base na minha experiência: trabalho no NHS há 11 anos e, na minha opinião, o sistema é melhor. O NHS oferece cuidados de saúde gratuitos para todos, sem necessidade de seguros. Em Portugal, muitas vezes é preciso pagar ou ter seguro para ter acesso a certos cuidados.
Além disso, o NHS tem mais recursos e está muito mais ligado à investigação e inovação. Claro que não é perfeito, mas em Portugal a progressão na carreira é bastante limitada e o controlo de erro médico é praticamente inexistente . Muitos problemas acabam “debaixo do tapete”. No NHS existem normas claras para investigação de erros e responsabilização, o que contribui para mais transparência e melhoria contínua.
Diz-me que não sabes sobre o NHS sem dizeres que não sabes…
NHS é muito superior ao SNS português, já fui tratado em ambos, inclusive o NHS tem dentista (com rapidez, não é como no SNS que supostamente tem mas demora ou não se sabe muito bem em que hospital existe)
E já agora, um espanhol vem fazer tratamentos a Portugal? Que eu saiba foi o processo invertido, houve um político português que foi fazer tratamentos em Espanha de tão bom que o nosso SNS é (só que não)
Explica lá porque o SNS é bom! Eu devo viver num mundo paralelo. Até agora só vi o SNS a funcionar para doenças graves. Falo por mim estou há espera de uma consulta no hospital de Braga e já passou 3 anos e foi feito vários pedidos ao médico de família para acelerar. Contudo tive de ir a pagar ao privado para ter a dita consulta e resolver o problema. Casos como o meu é o pão nosso de cada dia.
SNS a unica coisa que tem de boa é o conceito, os serviços são pessimos, dos piores da europa, eu conheço imigrantes reformados que vão aos países onde trabalharam para ter simples consultas, por isso deves estar enganado no que dizes.
a minha mulher abandonou o SNS assim que obteve a especialidade e nunca voltaria a lá meter os pés
O problema é que confundem o SNS com urgências hospitalares, eu como doente crónico sou seguido e tratado no Hospital Santa Maria, nada a apontar, faço um tratamento que custa vários milhares de euros todos os meses, nunca na vida poderia pagar os meus tratamentos.
E por experiência própria os seguros de saúde não são solução, eu até digo em tom de brincadeira, se fossem solução chamavam-se seguros de doença e não de saúde, o que se acaba é o plafom não é a doença.
Por favor não confundir SNS com urgências hospitalares.
Eu tenho familiares e amigos emigrados em Inglaterra e todos ou quase todos optam por vir a Portugal fazer tratamentos e consultas, são poucos os que dizem bem do sistema de lá, e ao que parece existe sim zonas onde funciona muito bem mas segundo relatos deles são a exceção e não a regra.
devem andar a beber da torneira errada.. consultas de especialidade no publico são uma miragem..
medicina geral e familiar não chega para todos e só serve para as baixas e para passar receitas..
medicina interna então os tugas nem sabem o que é, só quando estão hospitalizados lhes calha um na rifa e nunca mais que 1h por semana
o partido socialista dobrou o orçamento do Min Saudo para o Dobro e este ficou pior servido. é de caras que o outsorcing de empresas nem sempre funciona.
é de caras má gestão
exacto…
Deviam era aprender com o modelo australiano, para quem anda pouco lá por fora não sabe mas Austrália tinha um sistema de saúde parecido com o tuga, uma nódoa, por acaso ainda funcionava mas mal, em 10 anos deram a volta e são actualmente o 3o melhor do mundo, apenas com mudança lideranças e estratégias de gestão
E Portugal estará em que lugar???
Estaremos no podium, como sempre, mas certamente será no do fim da lista… é que só pode
Aqui em Portugal queremos copiar o serviço de saúde da Venezuela.
disse que o Japão era um caso de estudo “interessante” a seguir, porque tem uma “sociedade envelhecida muito significativa”.
De facto, a população japonesa tem diminuído e tem vindo a envelhecer há décadas, uma vez que os jovens adiam o casamento e o nascimento dos filhos, em grande parte devido a empregos instáveis e a dificuldades económicas.
O segredo está nos empregos instáveis e dificuldades económicas é só melhorar o esforço para criar mais empregos precários e chegamos ao nível do Japão.
Deviam proibir as cativações na saúde na constituição, isso é que era!. Os governos sucedem-se a anunciar aos 7 ventos orçamentos fabulásticos no SNS para depois não os executarem…isto devia dar cadeia.
Não há cativações no SNS, há muitos anos.
E há muitos anos que os orçamentos que são anunciados e aprovados para o SNS são reforçados durante o ano. Os problemas do SNS não são de orçamento.
https://www.numbeo.com/health-care/rankings_by_country.jsp?title=2024
Portugal está em 19º lugar no ranking mundial. Não me parece assim tão mau…
À frente de países como Suiça, Alemanha, Canadá, Suécia, EUA, etc.
O pessoal que diz mal devem de ser aqueles que apenas vão as urgências hospitalares e depois juntam tudo no mesmo saco.
Mas fico muito contente que confundam é sinal que são saudáveis e não há nada melhor na vida que a saúde.
Eu sou seguido há anos no serviço nacional de saúde, há pessoal a vir dos EUA e não só para Portugal em busca de tratamentos e não é pelo preço, o México é muito mais barato mas por algum motivo vêm a Portugal.
escolhias ser tratado no mexico? eu não
os americanos que vêm para cá ou não têm seguros ou vêm ao engano
Exato, só reforças a qualidade do nosso serviço nacional de saúde.
Os seguros não são solução, um dos meus amigos também é contra tudo o que é publico, depois a esposa teve cancro da mama e foi tratada no privado, até o plafom acabar, depois lá teve de ir para o publico que tando desdenhava e rendeu-se a evidencia.
Para coisinhas da treta o privado serve, mas para doenças prolongadas, crónicas ou raras, esquece, só podes contar com o SNS.
Em Portugal os seguros de saúde não são o problema. São a consequência do falta de resposta do SNS. Um país onde existe um serviço universal tendencialmente gratuito, ter seguro de saúde não faz muito sentido. E digo eu que tenho seguro de saúde há mais de 20 anos. Tenho acima de tudo pela medicina dentária (inexistente no SNS) e na verdade quase não uso. Mas está lá para uma “eventualidade”.
Agora, há SNS e SNS. Há médicos e médicos. E há privados e privados. E os privados na verdade só fazem aquilo que lhes dá lucro. Agora parece que quer tudo ir a correr para fazer partos no privado. É tudo moderno, bonito, arranjadinho… alguma coisa correr menos bem, o hospital privado chama o inem para irem de urgência para o SNS porque não há cirurgião, não há anestesista, o bloco não está a funcionar (ou nem existe). Mas aí a culpa é da má gestão do SNS. Não podem aumentar os salários dos médicos, mas podem pagar 10x mais a empresas que “arranjam” médios para lá trabalhar. Chega-se ao ponto de haver médios a fazer serviço privado dentro do hospital. De atenderem doentes no público e encaminharem para o privado para “ser mais rápido”. De agendarem propositadamente as cirurgias todas para o fim de semana para receberem os prémios de “recuperação de listas de espera”. Há uma conivência demasiado grande entre público e privado, e não necessariamente com “grandes grupos económicos. Grande parte são os médicos individualmente que minam o sistema. Não é de agora. Tem anos e anos.
Agora também temos o SNS minado por maus utentes. Médicos que passam baixas e atestados por tudo e mais alguma coisa e muita má gestão local. Mudei de localidade há uns anos e não mudei de centro de saúde. O centro de saúde da minha área de residência fica a 500m de casa. E funciona miseravelmente. Os meus pais são utentes lá e é mau… muito mau. Onde morava (e onde continuo como utente) funciona que é uma maravilha. Tem atendimento “urgente” todos os dias e quando quis marcar consulta de “rotina”, consegui no prazo de 1 semana. Não há utentes sem médico de família nem sem enfermeira de família. Porque será?
E também já era tempo de alguém fiscalizar mesmo bem a ordem dos médicos. Não fazem parte da solução, mas do problema.
nota: a minha mulher fez cá a especialidade e esteve 10 anos a trabalhar nos EUA, voltámos em 2016 e está no privado desde aí, o meu sogro reformou-se do SNS em 2018, eterno defensor do SNS nunca quis fazer privado na vida, mas quando tem de ser honesto a comparação do SNS a medicina de guerra acontece..
cuidado, muito cuidado, aparecer com rankings é facil, mas convem saber do que se fala, esse health care index refere-se a acesso ao sistema de saúde por parte da população e não à qualidade do sistema de saúde..
pesquisa mais um pouco e depois aparece com o ranking correcto
A “qualidade” dos serviços de saúde não vale de nada se ninguém lá conseguir chegar. Que é o que acontece com muita gente nos USA. Quando um rebuçado para a tosse custa 8 dollars. Quando o acesso de uma pessoa à saúde está dependente de um contrato de trabalho e da maior ou menor boa vontade da entidade patronal. E num país onde (para o bem e para o mal) há pouca estabilidade no emprego, ficar desempregado implica muitas vezes ficar sem serviços de saúde. E mesmo quando se tem “seguro”, há muitas falhas, muitas formas das seguradores “fugirem”, de deixarem os cliente sem serviço, de alterarem as condições a meio do jogo.
Mesmo com acesso aos serviços de saúde, as coberturas muitas vezes não incluem coisas tão básicas como serviço de ambulância, levando a que muitas pessoas pensem várias vezes antes de irem aos serviços. E isto para não falar na autêntica selvajaria que são os preços não regulados no mercado americano.
Mas é também uma questão de mentalidade. Nós por cá sabemos que pagamos e que nem sempre é como queremos e que há falhas e abusos. Mas vai havendo SNS e não funciona tão mal como nos dizem. Às vezes é mais conversa para vender reportagens e esconder outras coisas. Os americanos preferem pagar um seguro de saúde privado que seja só deles a pagar 10x menos por um sistema onde outros que não paguem podem usar. Mas não pensam que se forem despedidos (o que por lá até acontece no próprio dia e por email) podem ficar sem acesso à saúde, sem reforma e sem qualquer tipo de apoio. São mentalidade que me fazem confusão, mas é assim porque eles querem. Aqui em Portugal paga-se, em média, uma ninharia para o SNS. Daquilo que pagamos de impostos a parcela que chega ao SNS é baixa. Mas uma das coisas que ninguém gosta de dizer é que o fim das taxas moderadoras além de retirar verbas (poucas) ao SNS, veio ajudar a desregular o sistema. Se antes, mesmo que fosse pouco tinham de pagar, o que obrigava as pessoas a pensar antes de ir ao hospital, hoje é à vontadinha. Há malta que em vez de ir trabalhar às 8 da manhã, vai ao centro de saúde às 10 dizer que lhe doi a barriga e apresentam aquilo como justificação para não trabalhar o dia todo. Agora até nem precisam de ir médico, podem passar baixa a si próprios… Enfim.
A questão aqui não é o modelo nem nunca será. É a mentalidade. O Japão tem uma cultura muito diferente da nossa. As pessoas e as instituições têm uma forma de ser diferente.
O nosso modelo de SNS é bom. É muitas vezes mal gerido por quem está no topo e pelo meio, é mal servido por quem lá trabalha e é mal usado (e abusado) pelos seus utilizadores. Há bons gestores, bons profissionais e bons utentes, mas parece-me que cada vez são menos.