Cientistas descobriram uma nova criatura que “nem está viva, nem morta”
Num dos campos mais fascinantes da biologia moderna, os cientistas acabam de identificar um organismo que desafia as fronteiras clássicas entre o que é vivo e o que não é. Chamado Sukunaarchaeum mirabile, este ser microscópico parece habitar um limbo biológico: não é bem um vírus, mas também não é uma célula comum. Capaz de produzir os seus próprios ribossomas, mas totalmente dependente do seu hospedeiro para outras funções essenciais, este organismo abre um novo capítulo no debate sobre o que realmente significa estar “vivo”.
Como dependem dos hospedeiros para a maioria das funções, os vírus não são considerados vivos. Mas entidades como esta complicam a questão.
Eis o que vai aprender ao ler esta história
Os vírus normalmente não são considerados “vivos”, pois muitas das funções biológicas essenciais são delegadas aos seus hospedeiros. Mas um organismo recém-descoberto parece situar-se na fronteira entre vírus e célula.
Tal como um vírus, este novo organismo, Sukunaarchaeum mirabile, delega algumas funções no hospedeiro, mas consegue ainda assim produzir os seus próprios ribossomas e RNA.
O seu genoma é surpreendentemente pequeno: cerca de 238.000 pares de bases, metade do tamanho do menor genoma arqueano conhecido até agora.
À primeira vista, definir “vida” parece relativamente simples. Animais sencientes e organismos unicelulares capazes de se reproduzir cabem claramente na árvore-da-vida, mas há outros organismos que desafiam esta visão, como os vírus.
Como os vírus não crescem, não se reproduzem por si mesmos, nem produzem a sua própria energia, são normalmente excluídos das definições formais de vida. No entanto, quando infetam um hospedeiro, tornam-se altamente ativos e podem causar eventos de impacto global (ex: gripe espanhola, ébola, COVID-19, etc.).
A vida, porém, é complexa, e esta categorização controversa entre “vida” e “não vida” abre zonas cinzentas, onde certos organismos parecem desafiar ambas as definições. Recentemente, cientistas identificaram um novo membro deste grupo intrigante.
Num artigo publicado no servidor bioRxiv, investigadores do Canadá e do Japão descreveram a descoberta de uma nova entidade celular que parece oscilar entre os conceitos tradicionais de viralidade e vida celular.
Atualmente designada Sukunaarchaeum mirabile (inspirado numa divindade da mitologia japonesa, conhecida pela sua pequena estatura), esta entidade possui os genes necessários para criar os seus próprios ribossomas e RNA mensageiro, algo ausente nos vírus típicos.
Contudo, à semelhança dos vírus, delega certas funções biológicas ao seu hospedeiro e parece obcecada em replicar-se.
O seu genoma está profundamente simplificado, sem praticamente nenhuma via metabólica reconhecível, codificando sobretudo as máquinas do seu núcleo replicativo: replicação de DNA, transcrição e tradução.
Isto sugere um nível de dependência metabólica do hospedeiro sem precedentes, uma condição que desafia as distinções funcionais entre a vida celular mínima e os vírus.
Escreveram os autores.

Conheça o Sukunaarchaeum mirabile, um micróbio com um genoma minúsculo que desempenha algumas funções semelhantes às da vida (síntese de proteínas) mas que depende dos hospedeiros para obter energia. Este organismo da “zona cinzenta” poderá reformular as definições de vida e revelar pistas sobre a evolução inicial ou a biologia extraterrestre.
Encontraram uma criatura insólita
Liderada por Ryo Harada, biólogo molecular da Universidade de Dalhousie, em Halifax (Nova Escócia), a equipa encontrou esta criatura insólita enquanto estudava o genoma bacteriano do plâncton marinho Citharistes regius. No meio dos dados genómicos, Harada e a sua equipa encontraram um segmento de DNA que não correspondia a nenhuma espécie conhecida.
Determinaram finalmente que o organismo pertencia ao domínio Archaea — um grupo de células procarióticas do qual as células eucarióticas (como as humanas) evoluíram há cerca de dois mil milhões de anos.
O aspeto mais notável de Sukunaarchaeum é a sua redução genómica extrema, com apenas 238.000 pares de bases de DNA. Os vírus, como refere o Live Science, podem conter centenas de milhares a milhões de pares de bases.
Já entre os archaea, o menor genoma completo conhecido é de 490.000 pares de bases, ou seja, Sukunaarchaeum tem menos de metade.
A descoberta de Sukunaarchaeum empurra os limites convencionais da vida celular e destaca a vasta novidade biológica ainda por explorar nas interações microbianas.
A exploração futura de sistemas simbióticos poderá revelar formas de vida ainda mais extraordinárias, redefinindo a nossa compreensão da evolução celular.
Concluíram os autores.
nem bom, nem mau, antes pelo contrario
Conheço tantas
Isto foi um protótipo de vida que a evolução não deixou chegar ao beta test. 🙂
Abriram a caixa finalmente?
Miau Miau Miau Miau
É uma criatura quântica.
Só agora? Eu vejo-os a toda a hora: os zombies dos telemóveis. Eles andam aí .
xD
Ainda há dias, com sinal vermelho para peões uma chica a atravessar nas calmas a olhar para o telemóvel. Não quis nem saber. Eu que esperasse. Lol
Zombies?!
Portanto um LLM nano. Okay.