Após uma análise exaustiva, um grupo de investigadores elaborou um plano para os sistemas de produção, armazenamento e distribuição de oxigénio. O objetivo passa por assegurar que todos quantos precisam têm acesso a este elemento básico.
Todos os anos, cerca de 374 milhões de crianças e adultos precisam de acesso a oxigénio medicinal para sobreviver. Com esta necessidade a aumentar, menos de uma em cada três pessoas pode obter o tratamento que salva vidas nos países menos ricos.
A oxigenoterapia, um tratamento baseado na administração de concentrações de oxigénio via nasal ou oronasal, com o intuito de colmatar a carência de oxigénio no sangue e melhorar as trocas gasosas, é fundamental para as pessoas em situação de emergência e vital para as pessoas sob anestesia e com insuficiência respiratória crónica.
Apesar de crucial para uma parte da população, fazer chegar o oxigénio a todas as pessoas que dele necessitam continua a ser um desafio global.
O oxigénio é necessário a todos os níveis do sistema de saúde para crianças e adultos com uma vasta gama de doenças agudas e crónicas.
Os esforços anteriores […] centraram-se em grande medida no fornecimento de equipamento para produzir mais oxigénio, negligenciando os sistemas de apoio e as pessoas necessárias para garantir a sua distribuição, manutenção e utilização segura e eficaz.
Afirma Hamish Graham, médico do Murdoch Children’s Research Institute, que faz parte da comissão encarregada de investigar a crise do oxigénio medicinal.
Conforme partilhado, os especialistas de hoje não querem que “as futuras gerações de médicos tenham de decidir quem vive e quem morre, porque foi isso que tivemos de fazer quando não havia oxigénio suficiente”.
Após uma análise exaustiva, mais de 30 investigadores elaboraram um plano para os sistemas de produção, armazenamento e distribuição de oxigénio. Este pode ser implementado mesmo nas nações menos ricas.
Cientistas fazem recomendações para combater crise de oxigénio
No plano, os investigadores propõem mais de 50 recomendações para os governos, a indústria do oxigénio, os defensores da saúde global, os académicos e os profissionais de saúde trabalharem.
Além da necessidade de aumentar os recursos e melhorar a cooperação entre os governos e a indústria, os investigadores identificaram que o acesso a oxímetros de pulso que funcionem corretamente – um pequeno dispositivo que mede os níveis de oxigénio no sangue – desempenha um papel fundamental na garantia de que o oxigénio medicinal chegue atempadamente onde é mais necessário.
Mais do que isso, os estudos revelam que muitos oxímetros de pulso não efetuam leituras precisas em pessoas com pele de cor mais escura.
Precisamos urgentemente de tornar os oxímetros de pulso de alta qualidade mais económicos e amplamente acessíveis.
Atualmente, nos países de baixo e médio rendimento, os oxímetros de pulso só estão disponíveis em 54% dos hospitais gerais e em 83% dos hospitais terciários. Mesmo assim, a escassez e as avarias são comuns.
Um médico da Serra Leoa partilhou que, “neste momento, a maioria dos nossos hospitais são cemitérios de equipamento médico avariado”.
Esta situação é agravada pela escassez de engenheiros biomédicos, trabalhadores essenciais, responsáveis por garantir que todo o equipamento que salva vidas está a funcionar quando necessário.
O número de engenheiros biomédicos disponíveis não era suficiente para dar resposta às necessidades de oxigénio e à manutenção do equipamento elétrico.
Disse um médico da Etiópia.
A educação da comunidade para a utilização do oxigénio medicinal é, também, uma peça-chave deste plano elaborado por mais de 30 investigadores.
Importa, também, promover medidas preventivas que reduzam a procura de oxigénio medicinal, incluindo manter as vacinas em dia, reduzir o tabagismo e a poluição, promover dietas saudáveis e mitigar as alterações climáticas.